4 HA-LAPID ======================================= O FILÓSOFO (conto JUDEU) Samuel, filho de Menasseh, nascera em Alexandria: desde várias gerações, a sua familia vivia nesta cidade, entre os idolatras, helenos e egípcios. E se Menasseh continuava fiel ao Deus dos seus antepassados, não podia contudo evitar que seu filho frequentasse pagãos. Ora, Samuel tinha atingido a idade varomil quando se ligou por amizade com Mnesi- demo, o filósofo grego. Num dia de sábado, Menasseh chamou o seu filho para a refeição do meio-dia, e Samuel não respondeu, porque lia com uma tal atenção que estava surdo para tudo o que passava na casa. Menasseh foi ter com ele e preguntou-lhe que capitulo da Thorah o absorvia a este ponto. E Samuel confes- sou que não lia o livro sagrado, mas uma obra de filosofia que Mnesidemo lhe tinha emprestado. -Meu filho, disse Menasseh, como podes tu esquecer as leis de Adonai, a ponto de leres neste dia de sábado, um livro ímpio, que tu devias evitar em todo o tempo? Samuel baixou a cabeça e não respondeu. Na noite seguinte, Samuel, filho de Menasseh, teve um sonho, Sonhou que estava encadeado no fundo duma prisão por ter sido condenado à morte. Então exclamou:- "Meu Deus, tu que libertas os cativos e que reconduziste os nossos irmãos de Babilônia, socorre-me!"- E despertou. Samuel tornando a adormecer, teve outro sonho. Sonhou que se tinha perdido no deserto; torturado pela sêde, alquebrado pela fadiga, deixara-se cair na areia e espe- rava a morte. Então erguendo-se com muito custio e levantando as mãos para o céu, exclamou:- "Meu Deus, tu que deste a Moisés o poder de fazer jorrar uma fonte dum rochedo, socorre-me! E despertou. Tendo adormecido novamente, teve um terceiro sonho. Sonhou que estava só num barco abandonado que era agitado pelo mar embravecido. E como uma vaga, mais ter- rivel que as outras, ameaçava submergi-lo. exclamou: -"Deus de Israel, tu que salvaste da tempestade o navio de Jonas tem piedade de mim!" E despertou. Despertando, viu que o dia começava a nascer. Então Samuel, filho de Menasseh, levantou-se. Pegou no livro que lia na véspera e foi a casa de Mnesidemo, o ateu. E disse-lhe: -Toma lá o teu livro cheio de men- tiras, porque eu não quero mais ofender Adonai, meu Deus, o Deus dos meus ante- passados, que sabe reconduzir para Ele os seus filhos transviados pela falsa ciência dos teus semelhantes. (Do Unívers Israelita). ETIENNE TRÈVES --------------------------------------- Da caridade P.-O que é que a lei nos ordena de fazer aos nossos semelhantes? R.-De empregar todos os meios, de aproveitar todas as circunstâncias para nos tornarmos úteis ao nosso próximo, e de praticar para com todos obras de caridade. P.-O que é que se entende por obra de caridade? R.-Entende-se por obra de caridade tudo o que o homem fizer pelo próximo, pelo sentimento de amor fraternal e sem mira de algum interêsse. P.-Quais são obras de caridade? R.-1.° Visitar os enfermos; 2.° Prestar os últimos deveres aos mortos: 3.° Socorrer os pobres, ou seja empres- tando-lhes dinheiro ou seja fazendo-lhes esmola; 4.° Dar hospitalidade; 5-° Reconciliar os desavindos: 6.° Consolar os aflitos; 7.° Advogar a causa dos inocentes e defender o fraco a quem recusam justiça; 8.° Dar bons conselhos. P.-O que é que compreende por pró- ximo, irmão e semelhante? R.- A religião manda que chamemos assim a todos os homens sem distinção. Devemos cumprir os nossos deveres para com todos os homens, sem distinção de raça ou de religião.
N.º 115, Shevat-Adar 5703 (Jan-Fev 1943)
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