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Ha-Lapid הלפיד


N.º 024, Heshvan 5690 (Out 1929)







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              HA-LAPID                5
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mais unida e mais firme na observancia da
fé judaica.

Pelo menos trezentos mil judeus deixa-
ram Espanha no prazo de 3 meses prescrito
pelo edito dos reis catolicos, e muitos, dos
que tinham abraçado a religião catolica
para poderem ficar no paiz, tiveram egual-
mente que fugir do inferno inquisitorial, no
decurso de seculos posteriores, para reto-
morem livremente na Holanda, Italia. In-
glaterra ou Turquia a sua antiga fé judaica.

Assim, os que ficaram em Espanha sob
a capa do seu catolicismo, vigiados, perse-
guidos e maltrados pela Inquisição, podem
ser considerados como sendo a parte mais
assimilada do judaismo sefardi, tendo aca-
bado por desaparecer completamente na
massa dos seus concidadãos cristãos.

Não aconteceu assim em Portugal. onde
praticamente nenhum exodo de judeus se
seguiu ao édito de expulsão de 1496, edito
que, de resto, só foi promulgado pelo rei
don Manuel contra sua vontade, por condi-
ção sine qua non imposta e obrigada pela
côrte espanhola para o casamento de sua
filha Izabel com o jovem rei de Portugal.

O rei don Manoel de Portugal, tendo
dado conta do desastre economico que cau-
sou a Espanha a expulsão dos judeus, não
hesitou em opor-se com todas as suas for-
ças ao exodo de judeus do seu paiz, tendo
para isso recorrido a leis iníquas-como o
rapto de todos os filhos menores a seus
paes judeus para os submeter ao batismo
forçado-á astucia, ás boas promessas e
por fim á mais repugnante barbaria para
obrigar todos os realcitrantes judeus ao
batismo e arrasta-los como animaes ferozes
para as pias batismais...

Foi assim, que a quasi totalidade do
grande judaismo português ficou no paiz e
constituiu a massa judeomarana, fortemente
ligada á fé dos seus antepassados, dos
quais os cripto-judeus portugueses actuais
são os directos e fieis descendentes.

Durante perto de três seculos a Inquisi-
ção (de triste memoria) massacrou, desvas-
tou, as massas indomaveis dos maranos
portuguêses, a maior parte dos quais foi
completamente exterminada, enquanto uma
pequena parte conseguiu evadír-se das san-
grentas garras da Inquisição fugindo para a
Holanda, França e outros paizes mais libe-
rais e os ultimos subreviventes escapados

 

dos brazeiros dos autos de fé ficaram no
paíz, Sobrevivendo á Inquisição que desa-
pareceu em 1821, enquanto os cripto-ju-
deus portugueses se conservaram fieis e
orgulhosos do seu judaísmo até aos nossos
dias...

A Inquisição, apesar de oficialmente
abolida em Portugal pelas Constituintes de
1821, tinha já sido reduzida á impotencia
ainda em 1750, pela mão de ferro do emi-
nente homem de estado português, o grande
ministro liberal Marquez de Pombal, ao
qual Portugal deve tambem a reconstrução
de Lisboa, depois do terremoto de 1755,
e a expulsão dos jesuítas...

Foi este eminente ditador liberal portu-
guês que aboliu todas as leis de excepção
promulgadas contra os chamados cristãos
novos (maranos), tirou á Inquisição o direito
de fazer autos de fé e transformou-a em
simples tribunal do Estado contra a heresia.

E' a esta epoca, e antes da abolição
oficial da Inquisição, que deve remontar o
começo do restabelecimento dos judeus em
Portugal; sendo a primeira inscripção tumu-
lar judaica dos tempos modernos, que se
cohece em Lisboa, de Joseph Amzalaga de
1804 (no cemiterio inglez de Lisboa).

Nesta epoca o cripto-judaismo florecia
em Lisboa, e baseando-nos na discripção
dada por um viajante judeu inglez, Israel
Salomon, que viveu em Lisboa em 1819
(Records of my family por Israel Salomon,
New York 1878 e An Unfamiliar Aspect of
Anglo-Jewish Aritory de Frank I. Schechter,
A. M. LL. B., publication de the Ameri-
can jewish Aristorical Society, n.° 25, pag.
63 a 74)

Mr. Solomon cita o caso curioso dum
judeu polaco Mr. Philip Samuel de Varso-
via que encontrou nesta epoca em Lisboa
e que merece ser reproduzido:

"Mr. Phillip Samuel, filho do secretario da
Sinagoga de Varsovia, era um homem muito
erudito em hebreu e um rico comerciante.
Habitando Vilna, ocupou-se do comercio de
seda, que importou de Dantzig. Para ir de
Vilna a Dantzig pelos seus negocios, como
na viagem gastava mais que um dia, ele
fazia-se acompanhar dum Shohet (Dego1a-
dor) e dum minian para poder lazer as três
orações diarias durante a viagem.
...................................
Mr. Samuel, belo tipo judaico, usava


 
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