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N.º 025, Kislev 5690 (Nov 1929)







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             HA-LAPID                     3
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hebreus viviem em _Portugal sómente num
regimen de tolerancia. A sua denominação
ofcial era "A Colonia, hebraica" e o proiecto
para a sinagoga de Lisboa, submetidoa apro-
vação da autoridade, foi devolvido para ser
modificado de forma a que não desse a im-
pressão de se tratar dum edificio destinado
ao culto!). Seja como for, terminada a guer-
ra, o sentimento hebraico de Barros Basto
tornou-se demasiado potente para poder ser
por mais tempo sufocado. Neste momento,
estava lá bem sciente da frieza da Comuni-
dade local para o encorajar. Dirigiu-se a
Tanger, entrou oficialmente a fazer a fazer
parte da grei hebraica e pouco tempo depois
pesposou uma graciosa senhora pertencente
a uma das mais distintas familias da Comu-
nidade de Lisboa, realizando assim a sua
aspiração de fundar uma verdadeira casa he-
braica.

Neste tempo foi colocado na guarnição do
Porto com o posto de capitão de infantaria.
Quando em 1497 os hebreus portugueses fo-
ram forçadamente convertidos, a principal
siuagoga desta cidade foi cedida aos benedi-
tinos, que a transformaram numa igreja da
qual ainda existe parte da estrutura primi-
tiva. Visínho dela, na antiga judiaria, foi
depois construido um mosteiro, moderna-
mente requisitado pelo Estado e transforma-
do em uma prisão militar. Deste estabeleci-
mento foi nomeado director o capitão Barros
Basto: mais curioso exemplo da ironia da
historia não se podia imaginar.

Mas no Porto, apesar de, em importan-
cia, ser a segunda cidade de Portugal, não
existia ainda uma comunidade hebraica ofi-
cialmente constituida, os poucos emigrantes
que ali chegavam nos ultimos tempos do se-
tentrião e do Oriente da Europa, eram des-
providos do espirito de iniciativa necessario
para organisarem a sua vida religiosa.

Com a sua caracteristica energia, o nosso
militante prosélito lança mao á obra infun-
dindo nos outros parte da sua actividade.
Em breve tempo foi organísada uma comu-
nidade, que tomou o nome significativo de
Mekor H'aim (Fonte de Vida) e foi instituída
uma sinagoga provisoria.

Mas isto era apenas o inicio. Como bom
combatente, Barros Basto achava-se resolvi-
do a conduzir os seus companheiros maranos
á mesma completa reconquista do hebreísmo
dos seus avós, da qual ele proprio gosava.
Poz-se em contacto no Porto com alguns

  

deles, que conduziu á sinagoga, conseguindo
fazer entrar alguns no hebraismo oficial. En-
tre estes ultimos, encontrou alguns dos seus
colaboradores mais entusiastas. Por aqui
não se tratava senão de individuos isolados.
O grosso nucleo dos maranos reside nas al-
deias e nas vilas da região montanhosa pro-
ximo da fronteira espanhola, donde vieram os
que actualmente habitam no Porto, isto é na
província da Beira, Traz-os-Montes. etc.

Era necessario ir ter alguem com essa
gente: e a tal fim Barros Barros Basto con-
sagrou a maior parte do escasso tempo que
lhe deixavrm livre as suas obrigações mili-
tares.

                 III

            Romance Vivido

O que aconteceu durante estas duas
excursões constitue talvez o episodio mais
romanesco de toda a historia contemporanea
Algumas destas localidades são ainda
excentricas onde se não pode ir là de cami-
nho de ferro, e os seus habitantes vivem
ainda completamente isolados de todo o
resto do mundo. E' tipica, entre outras, a
seguinte anedota. Uma deligencia ia rodando
por uma estrada poeírenta, enquanto os pas-
sageiros se punham a conversar entre si. A
um individuo de aspecto amavel que estava
nsentado a um canto, foi perguntado para
onde se dirigia. Quando ele disse. todos os
outros procuraram dissuadi-lo. "Tenha cui-
dado, lhe disseram, que essa terra está cheia
de hebreus? (Querendo dizer, naturalmente,
Maranos.)

-"Deveras? --respondeu o forasteiro-e
como isso é bastante interessante. porque
tambem eu son hebreu." Os outros ficaram
interditos, e manifestaram o seu desdem
com alguns murmurios. Por outro lado, na
primeira paragem, o proprietario da deligen-
cia tomou de parte o forasteiro, e the reve-
lou que tambem ele era hebreu e que tam-
bem ele era hebreu e que adorava o grande
Deus do Ceu "Adonai". (E' singular como
como sobreviveu entre os Maranos esta ex-
pressão, quasi unica da lingua hebraica, que
porem era tão familiar aos seus avós). E em
seguida foram-lhe fornecidos diversas uteis
informações relativas á composição da Co-
munidade marana do logar.

Chegado ao seu destino, o Mensageiro do


 
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