6 HA-LAPID ======================================= no Ocidente. E' para dizer: com os meus pensamentos, os meus sentimentos e as pa- lavras que emanam da minha boca-servirei sempre o Eterno. Deste costume deriva a cerimonia cristã de fazer o sinal da cruz. Hoje ainda, os judeus híspanicos (Sephar- dim) poem a mão sobre os olhos, pronun- ciando o Shemá-uso que não é conhecido na Alemanha. E' uso na Sinagoga hispanica de Florença, aparecer perante a Thorah na oração da tarde nos dias de festa com os tefilín na fronte e no braço-o que parece estranho para o serviço da tarde nos outros paizes do mundo. , Em Veneza, passa-se o xófar na Sinagoga hispaníca, na meia-festa de Sucot de homem --uso religioso que se não faz noutra parte. Os judeus Bachares do caucaso, e os ju- deus H'assidim da Russia fazem gesticula- ções exaltadas no fervôr das suas orações que se regeitam na Europa Ocidental. 0 costume duma nova seita de judeus americanos e inglêses, que se dizem refor- mados, de transferir a santificação do Sabado para o domingo e de nele fazerem oração ao som de sinos e orgãos-é regeitado pelos outros judeus do mundo, porque estas refor- mas quebram todas as tradições. Os costumes religiosos contradizem-se; resta-nos examinar o que é essencial ao ju- daismo? O que é preciso fazer para ser con- siderado como bom judeu? A ortodoxia judaica não considera como judeu aquele que come carne de porco e que viaja ao. Sabado, mêsmo que ele seja filho paes judeus e inscripto desde a infan- cia nos registos duma Sinagoga. Por outro lado, os sionistas não reconhe- cem os ortodoxos como bons judeus-porque eles se opoem á colonisaçao da Terra Santa com elementos judaicos que não são piedo- sos. Vejamos agora! E' bom judeu o judeu neólago da Alemanha, que, viaja ao Sabado e que vem á Sinagoga apenas três vezes por ano, por meia hora, nas grandes festas? E que nao observa nenhum mandamento prescrito pela Thorah? Se todos estes elementos assim eteroge- nios tivessem o direito de se considerarem bons judeus-então o judaismo não seria já uma Comunidade religiosa. Que é pois o judaismo? Os descendentes dos Maranos de Por tugal e de Espanha, sentem-se ainda per- tencendo ao Santa Povo da Biblia, orgulho- sos de serem os filhos destes heroes, que preferiam ser queimados vivos, do que fale tar á fidelidade á crença de seus paes. E tudo isto-sendo cristãos ha seculos. Certos cristãos da Abissinia, orgulhosos de descender da sua rainha de Saba e do rei Salomão, sentem-se atraídos para as Comunidades judaicas. O judaismo será então sómente uma Comunidade de raça? Mas o negro judeu, membro destas pie» dosas Comunidades israelitas da Africa, ju- deus fervorosos não teem a mesma raça que o judeu branco da Europa e da Asia, e comtudo ha alguma coisa muito poderosa, que os liga todos. O que é pois? Lord Byron, cujo busto acaba de ser coroado pela juventude de Atenas, era um melhor Helenista, que o ignorante pastor de Carneiros, das faldas do Olimpo, apezar de ser de nacionalidade grega. Cyro, rei da Persia, que á sua custa fez reconstruir o Templo de Salomão, e Dario, seu quarto sucessor, que enviava oferendas ao Templo e encarajava o seu acabamento, e finalmente o sexto sucessor de Cyro: Ar- taxerxes que enviou ao povo de Israel o profeta Esra para ensinar a Thorah (A Escritura Sagrada) estiveram mais perto do judaismo, que diversas Pessoas de nossos dias, ignorando a Lei de Moisés, apesar de terem nascido de paes judeus e terem logar marcado na Sinagoga. Alexandre, o grande, admirando a Lei de Moisés, agraciando os sábios judeus com tógas de purpura e cadeias de ouro; Crowell dando hositalidade aos judeus para alojar o povo da Biblia na Inglaterra; Na- poleão I que queria reconstituir o antigo Synhedrion em França para julgamentos bi- blicos; o Cardeal Czernoch, de Budapeste, que não cessou de louvar a piedade dos ju- deus observantes da sua religião, o bispo Hechler, da Embaixada Inglesa de Viena. que cheio de admiração pela Religião-mãe da sua Igreja, e da Thorah, origem dos seus evangelhos, seguiu o primeiro congresso dos sionistas em Bale; todos estes estavam mais perto do da quintessencia do judaismo, que um judeu ignorante da sua Thorah. Leroy-Beaulien na sua obra~primaz Les juifs parmi les nations descreve como os
N.º 025, Kislev 5690 (Nov 1929)
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