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N.º 025, Kislev 5690 (Nov 1929)







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N.° 25                               PORTO - Kislev de 5690 (Nov 1929 e.v.)                           ANO IV
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Tudo se ilumina                     _______  ___  _______ |=|____  _______                    ...alumia-vos e
para aquele que                    |____   ||_  ||  ___  ||____  ||_____  |                   aponta-vos o ca-
busca a luz.                            | |   |_| \_\  | |    / /   _   | |                   minho.
                                        | |       _____| |   / /   | |  | |
       BEN-ROSH                         |_|      |_______|  /_/    |_|  |_|                          BEN-ROSH

                                                  (HA-LAPID)

                                      Órgão da Comunidade Israelita do Porto

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DIRECTOR E EDITOR: -A. C. os BARROS BASTO (BEN-ROSH)   || COMPOSTO E IMPRESSO NA Empresa DIARIO DO PORTO, Lda
            Avenida da Boavista, 854-PORTO             ||           Rua.de S. Bento da Victoria, 10
(Toda a correspondencia deve ser dirigida ao director) ||   ---------------- P O R T O  ----------------
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      O Apostolo dos Maranos

(Recordações de viagem em Portugal)

                I

O Sud-Expresso alinhou-se ao longo do
caes da esfumada estação do Porto, com
injustificada solenidade.

Descemos e olhamos em redor. Tinha-
mos escrito ao Apostolo dos Maranos anun-
ciando-lhe a nossa provavel chegada, e jul-
gavamos encontrar esperando-nos no caes
qualquer tipo fanatico de olhar duro. Em
disto a unica pessoa que ali se encontrava,
aparentemente para o caso, era um individuo
bronzeado pelo sol, de aspecto jovial, cheio,
mas de estatura um pouco inferior á media:
em suma um perfeito exemplar daquilo que
em todo o mundo se costuma apresentar
como o tipo do oficial inglês de Marinha.

Finalmente, quando se convenceu de que
não podia haver duvida alguma, aproximou-se
e dirigiu-me a palavrm-"Vous êtes Mou-
síeur le Docteur Cecil Roth de Londres?"
perguntou-se em tom de certa surpresa, em
bom frances. Confessei essa minha culpa,
e ele tirou o Chapeu com um gesto digno
duma côrte, e apresentou-se cerimonosiosa-
mente: "Le capítaine Artur Carlos de Barros
Basto". Puzemo-nos a rir ambos os dois; ele
com a maior razão de mim, porque tinha
calculado vir encontrar uma imponente per-
sonagem de barba grisalha. Disse-lhe que
me sentia honrado por fazer o seu conheci-
mento.

Por esta vez, isto não era uma frase con-
vencional. O homem com o qual me encon-

trava pela primeira vez, é sem duvida uma
das mais marcantes personalidades hebraica
do nosso tempo.

Artur Carlos de Barros Basto nascera
em 1887 em Amarante, uma pequena locali-
dade proxima do Porto.

Pertence a uma familia de Maranos, des-
cendente daqueles hebreus, que foram cons-
trangidos pela forca a abraçarem o Cristia-
nismo, ha cerca de 400 anos, mas que ti-
nham continuado, a despeito das persegui-
ções seculares, a manterem os seus corações
fieis aos ideais religiosos dos seus avôs.

Nesta fidelidade foi dum modo tenaz o
seu avosinho. Foi ele que inspirou ao neto
o seu entusiasmo hebraico. O que porém de-
via ser necessariamente compreendido na
sua manifestação.

Em 1497 todos os hebreus de Portugal
foram brutalmente convertidos à viva força
ao crístanismo por ordem do rei D. Manuel
I. Diferentemente do que se passou em ou-
tros paizes, não lhes toi concedida a facul-
dade de preferirem a emigração ao martírio.
Quasi todos os hebreus do paiz: homens,
mulheres, creanças, submeteram-se, contra
sua vontade, á beatice real.

Sucessivamente, por um periodo de quasi
3 seculos, em Portugal dominou em tudo a
Inquisição. As praticas do Hebraismo foram
totalmente prescritas. Mais de quatro mil
pessoas foram processadas pelo Santo Oficio,


 
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