HA-LAPID 3 ======================================== processos-verbais da polícia dão um tris- te testemunho. O ensino da religiao nas classes supe- riores serve para a orientação historica ou profetica dos sêres desesperados, cujo tresloucamento é tristemente testemunha- do pelas cartas dos qne se suicidaram. Os governos que expulsaram a reli- gião das escolas, devam refletir que vale mais o veneno embriagante da religião que vos faz regressar á vida, do que o vene- no do suicídio, que foge para fora da vida. Eis porque Moisés, o fundador das religiões disse da sua Lei (A Thorah): E' a arvore da vida para aqueles que a obser- vam. Joseph Lazarus. ----------------------------------- O Apostolo dos Maranos (Recordações de viagem em Portugal) VI O Recebimento de Shabbath à noite fui convidado para assistir á oração. O local que serve atualmente como cen- tro da Comunidade consiste em dois ultimos andares duma velha casa no centro da cidade. São duas estancias adaptadas a biblioteca e a sala de reunião modesta e sem pretenções, mas suficiente para o fim. Os livros por ora são poucos, mas faz-se esforço para aumentar o numero. Barros Bastos apresentou-me a alguns dos seus adeptos que estavam juntos antes de começar a oração. Os seus nomes atravessaram-me o cerebro como um relam- pago; parecia-me ouvir o elenco dos funda- dores da Comunidade de Londres, Nova York, Amsterdam e Livorno. A actual sinagoga é uma dupla estancia, no segundo andar, mobilada com um pulpito. alguns bancos e a Arca da Lei. O pequeno ambiente é duma austera simplicidade, mas cheio de grande significação. Cada um dos seus pequenos tesouros tem a sua historia. Mantas para sefarim (livros da lei oferecidos por piedosos simpatisantes da comunidade de Lisboa. As velas oferecidas por uma se- nhora marana duma longinqua comunidade, orgulhosa por contribuir para esta santa obra, da mesma factura das que usamos habitual- mente como luzes sabaticas. O docel nupcial obra duma menina marana com 14 anos apenas. Um dos rolos da Lei tem uma historia particularmente interessante. Foi escrito em Amsterdam por um hebreu português ha um par de secuios on mais, usado depois pela Comunidade portugués da longinqua ilha de Barbados, e após, a desorganisação desta ultima, voltou para a Europa consignado á Comunidade Portuguêsa de Londres, e final- mente, por meio do "Maranos Committee" desta cidade, oferecido á primeira Comuni- dade reconstituída em Portugal. O pequeno local estava quasi cheio á hora da entrada do Sabado, e mais de me- tade dos presentes eram Maranos que poucos anos antes ignoravam o judaismo oficial. Ofi- ciava o proprio capitão, parte em hebraico e parte em português. Em vez do seu costu- mado discurso, pronunciou poucas palavras de boas-vindas directamente para mim, ás quais respondi em lingua hebraica. Lembro- me que nenhuns dos presentes me podia compreender, mas apezar disso o efeito foi surpreendente. E' superfluo advertir que toda a propa- ganda de Barros Bastos e' baseada na estri- cta observancia do hebraismo tradicional. Quaesquer que sejam as opiniões individuaes a este proposito, forçoso é reconhecer que assim se deve fazer necessariamente. A reli- gião dos Maranos, tal como a teem conser- vado até hoje, contem muitos elementos puramente tradicionaes, que são deligente- mente cultivados. Tudo o movimento actual se funda na ideia de reconduzir o hebraismo português ás condições em que se encontrava
N.º 026, Tebet 5690 (Dez 1929)
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