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Ha-Lapid הלפיד


N.º 038, Nissan 5691 (Mar-Abr 1931)







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                   HA-LAPID                  7
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Os nomes dos dias das semanas em hebraico ain-
da hoje säo:

Yom chad  Dia 1.°
 "  Xeni   "  2.°
 "  Xelixi "  3.°
 "  Rebihi "  4.°
 "  Hamixi "  5.°
Xabbath (Descanço)-Sabado

Em Arabe:

al'badi-dia 1.°
al'ithnaini-dia 2.°
al'thalathai-dia 3.°
al'arbakai-dia 4.°
al'obamsi -dia 5.°
al'djumkafi-dia do congresso-dia 6.°
assabti-sabado.

Ocorre naturalmente uma pergunta: e porque na
Hespanha onde houve muitos judeus e arabes não
prevaleceu esse systems?

Isso è apenas apparente. Se na Hespanha não es-
tá esse uso generalizado, é pelo menos tolerada tal
nomenclatura, além do que é corrente em certos cen-
tros. O proprio diccionario da Academia o registra
como tal.

Quanto aos outros povos, elles são a prova evi-
dente de que na Peninsula o phenomeno é de origem
judeu-arabe, e mais judeu do que arabe, pois nos ou-
tros elles os judeus nunca exerceram tão grande in-
fluencla como ali.

E' bom lembrar o facto bem significativo da
criação das feiras commerciaes em Portugal no tem-
po de Affonso III, isto é, entre 1248 e 1279, e portan-
to, num periodo em que a lingua portuguêsa procu-
rava fixar-se.

Ninguem desconhece a acção civilizadora, com-
municativa e divulgadora do commercio e é de pre-
ver que o habito de arabes e judeus (e particularmen-
te o destes, em cujas mãos se achava o commercio)
se transmittisse ao ambiente designando os dias de
negocio das feiras pelos da semana.

Os negocios feitos nas feiras (nos mercados) no
dia immediato ao domingo, seriam negocios de se-
gundá-feira que vinha ao encontro da nomenclatura
Judaica; a 2.a feira corresponde ao segundo dia da se-
mana hiblica. E assim, os negocios da terça-feira, da
quarta-feira, etc. Esta ordem prova com os recursos
o raciocinio, e é saciedade a sua origem judaica

Todos os povos que seguiram os ordinaes nos dias
da semana, mantiveram-nos conforme a tradicção da
Genesis. O Sr. Candido de Figueiredo affirma que o
Domingo é a feira por excellencia, e por isso é a pri-
meira feira. Tratando-se de feria pode muito bem ser,
Mas se attendermos ao facto de que a semana é antes
uma divisão de tempo, determinando um periodo de
trabalho, devemos concordar que não se principia es-
Se periodo pelo descanço.

Ora, Arabes, (Mahometanos) Gregos e Portugue-
ses (Christãrs) não tem 0 seu dia de descanço no
Sabado-(descanço). Os christãos guardam o domin-
go e os Mahometanos, a sexta-feira; entretanto desi-
gnam os dias ordinariamente pela ordem instituída no
calendario judeu.

Houve, pois, um syncretismo, se assim nos po-
demos expressar, combinando ou adaptando a pala
vra feira de origem ecclesiaslica ao mesmo termo de
origem commercial e, como é neste meio que o povo
tem o seu maior contacto, acceitou essa nomenclatura
como já havia adoptado muitas outras denominações
da utilidade commercial o ce interesse economico e
iudusirial.
                                   David Pérez

                o o o

Portugal na Holanda

Um novo curso na Sinagoga de
Amsterdam

Inaugurou-se em Amsterdam um novo
"curso de lingua portuguesa" no Seminario
da historica Sinagoga Portugueza tendo
comparecido grande numero de membros
da Comunidade Israelita e os Consules Ge-
raes de Portugal e do Brasil que se faziam
acompanhar pelo consul honorario de Por-
tugal o dedicado e desinteressado lusofilo
sr. Johan Voctelink.

O acto foi presidido pelo Consul Geral
de Portugal, sr. Borges dos Santos que,
com o sr. Voetelink e o bibliotecario do
Seminario, sr. Jacob da Silva Rosa, foi
quem tomára a iniciativa do novo curso
reavivando, dessa maneira, as gloriosas tra-
dições portuguezas e o culto pela Patria
distante. Os judeus portuguezes que tinham
esquecido a lingua dos seus maiores vol-
tam, agora, a pratical-a tendo como profes-
sor o sr. Voetelink, proficuamente auxiliado
pelo distinto bibliotecario sr. Silva Rosa.
O "curso" abrange a propaganda co-
mercial, colonial e turística, afóra as pre-
lecções de literatura e de historia portu-
guesa e assim, criar-se-hão fundas raizes
na numerosa Comunidade israelita, cuja
influencia no comercio e na industria de
Amsterdam é muito importante.

Devido aos esforços do sr. Voetelink,
já diversos individuos de nacionalidade ho-
landeza falam o portuguez, encontrando-se
espalhados pelos Paizes Baixos alguns dos
seus antigos alunos e os quais manteem
relações comerciais com Portugal e suas
Colonias. Deve-se frisar que o novo pro-
fessor da escola portugueza anexa ao Se-
minario é desde ha muito tempo professor


 
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