HA-LAPID 3 ================================================== da Profecia são espirituais ou corporais, se Jesus Cristo libertou israel das utiscrias e das calamidades que sofreu, ou se são almas desta povo escolhido por Deus que são purificados pela sua morte. Os filhos de Israel bem longe de ser libertos dos seus males e das suas aflições foram dispersos por todo o mundo, e são-nos ainda ao presente mais do que se estivessem a a 600 anos da vinda do pretenso Messias dos cristãos; é-hes pois impossivel reconhe- ce-lo e não se poderia dizer senão que Tito queimou o seu templo, saqueou a sua cidade, passou a fio de espada seus filhos deante desta miraculosa redenção. Este segundo cativeiro foi bem mais duro que o pri- meiro. Os oprobios de que eles foram a cumulados des- de o tempo da destruição de Jerusalem, devem con- vencer os mais increduios, da falsa explicação que se da a estes Versiculos. Os cristãos por si mesmo con- fessam que os judeus se tornaram o oprobrio de todas as nações por causa da sentença que pronunciaram contra Jesus Cristo, sem fazer uma reflexão necessá- ria que lhes autorise a sua opinião; é que devia neces- sariamente morrer para estabelecer a sua religião e a sua doutrina, Eles devem pois uma obrigação infini- ta aos israelitas em lhes ter procurado a salvação por esta morte,e por este pretendido deicidio, pois que neo querem compreender que Deus não poderia es- tar um momento sem possuir todos os atributos da Divindade, o que o impede de estar sugeito à morte, e visto que querem esquecer que antes de vír ao mundo para resgatar os israelitas de preferência u tôdas as outras nações, se eles fossem privados desta graça, unicamente porque ele não lhes permitiu re- conhecé-lo. E' por conseguinte impossivel aplicar este versículo ao seu redentor; mas eis aqui o troca- dilho que os padres da igreja empregam para ofuscar ns espiritos crédulos; a-fim de persuadir os filhos de israel que estão transviados, dizem que esta dôr e esta cura sao espirituais, que Jesus Cristo expiou os nossos pecados, que por eles sofreu o castigo, e que por este meio Israel e as outras nacões estao libertas do pecado original, e bem assim de todos os que co- metem voluntariamente. Isaminemos sobre que é fundada esta asserçño arriscada, e se as nações expe- rimentam e aproveitam esta vantagem espiritual pela morte do seu Messias. Em primeiro lugar o pecado de Adão ficou no mundo da mesma maneira como o foi desde que foi cometido. O sangria de Jesus Cristo não lavou esta mancha do género humano, pois que êles mesmo confessam que tôda a gente està ainda infectada do pecado original: que ao nascer se é inimigo de Deus e escravo do Demónio e que a morte do seu salvador não pôde lava-los tão bem deste pecado, que eles es- tejam inteiramente ahsolviios. Esta opinião é tão claramente estabelecida entre os católicos que sus- tentam que as crianças que morrem sem batismo fi- cam privadas da glória e são condenadas aos limbos pelo pecado de Adão, Com respeito aos protestantes elas afirmam que se não são nascidos de pais cristãos são condenados ao inferno pelo pecado original que não cometeram, donde se conclue que nem a vinda do Messias nem a sua morte puderam garanti-la deste pecado e que a naturesa humana está ainda exposta presentemente ás mesmas dôres e às mesmas aflições que sofria antes da vida de Jesus Cristo, o que prova que não é déle que fala o Profeta, A res- posta que dão os cristãos para reputar este argumen- to é divertida. Dizem que Jesus Cristo curou pela sua morte o género humano, mas que é necessário que a isto se Junte fé e uma fé completa, porque por pouco que se ponha em dúvida está-se mais doente do que se era antes desta miraculosa cura; o que a faz absolutamente defender da fé do doente e não do efeito essencial. Uma criança que morre antes de ter atingido uma idade que possa dar-lhe este conheci- mento, um homem louco não tem parte alguma nes- ta cura, porque são incapases um e outro de ter a fé necessaria num remedio que lhes e' desconhecido. E' necessario que sejam condenados a pagar o fruto que não comeram; a não ser que seus pais, seus pa- rentes ou qualquer outra pessoa caridosa se não aproprie desta fé que eles não tiveram podido ter para os tornar dignos da glória eterna. Mas esta opi- nião não poderia subsistir a não ser que se convenha em duas coisas. A primeira é que todos os homens teem o mes- mo poder de salvar o género humano, que teve Jesus Cristo: o que deve ter tornado inútil a sua vinda. A segunda, que os filhos de israel ao nascer, segundo a opinião dos próprios católicos, podem sal- var-se tam facilmente como os dos cristuos; não sen- do uns circuncisos e não sendo outros batisados de- pende apenas do primeiro que passe lhes aproveitar esta fé que Eles não puderam ter para os conduzir á glória. Há porventura alguma coisa mais piedosa que este raciocinio, E' portanto infalível segundo os principios da religiao dos cristãos. Mas poderiamos persuadirmo-nos que os cristãos, os maometanos e os pagãos ouvem sustentar que os pecados que os homens cometem actualmente e de sua livre vonta- de possam ser curados por este remédio espiritual? Todos os povos do mundo teem as mesmas fraque- sas, abandonam-se ao vicio da mesma maneira que antes da morte de Jesus Cristo, o seu apetite serve- lhes igualmente de regra, e é apenas com uma es- pécie de constrangimento que seguem a virtude. São as dores e a doença que o pecado de Adão lhes cau- sara. Não há homem que esteja disso exento, e so- frem lojas as mesmas penas, depois da morte do seu salvador com a diferença de que antes da introdução deste dogma os israelitas seguiam mais exactamente a lei de Moisés e ofendiam menos o Senhor; que bas- tava aos pagãos para se salvarem, observar as leis da naturesa, e que desde a vinda de Jesus Cristo irão mais se pode esperar a salvação se não se acreditar que ele é Deus. E' necessário ter uma fé cega para todos os mistérios estabelecidos pelo cristianismo e pelos pontifices desta religião. Se na Igreja romana um pecador morre sem ter obtido a absolvição dum confessar, é condenado para sempre ainda que tenha um arrependimento sincero. Assim Deus criou tan- tos: milhões de almas que estão neste vasto universo. para não salvar mais que aquelas que teem obtido a absolvição de um confessor. Sam Bernardo numa das suas revelaçõas sustenta abertamente esta impia opinião; quando diz que de muitos milhares de pes- soas mortas num só dia nao se haviam salvo senao uma velha mulher e um monge da sua ordem, sem dúvida, pelo prodigioso efeito da absolvição. Como nos podemos persuadir que a vinda de Jesus Cristo, a sua morte e paixão tenham resgatado o gênero humano se pela doutrina que o Evangelho ensina os meios de salvação se tornaram mais difí- ceis? De que maneira é pois feita esta redençao? Em que consiste a cura dos nossos males? De que peca- dos estamos nós libertos? Onde está o reino de Deus que o Evangelho nos prega tanta vez? Como se pro-
N.º 049, Elul 5692 (Set 1932)
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