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Ha-Lapid הלפיד


N.º 049, Elul 5692 (Set 1932)







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                   HA-LAPID                     3
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da Profecia são espirituais ou corporais, se Jesus
Cristo libertou israel das utiscrias e das calamidades
que sofreu, ou se são almas desta povo escolhido por
Deus que são purificados pela sua morte.

Os filhos de Israel bem longe de ser libertos dos
seus males e das suas aflições foram dispersos por
todo o mundo, e são-nos ainda ao presente mais do
que se estivessem a a 600 anos da vinda do pretenso
Messias dos cristãos; é-hes pois impossivel reconhe-
ce-lo e não se poderia dizer senão que Tito queimou
o seu templo, saqueou a sua cidade, passou a fio de
espada seus filhos deante desta miraculosa redenção.
Este segundo cativeiro foi bem mais duro que o pri-
meiro. Os oprobios de que eles foram a cumulados des-
de o tempo da destruição de Jerusalem, devem con-
vencer os mais increduios, da falsa explicação que se
da a estes Versiculos. Os cristãos por si mesmo con-
fessam que os judeus se tornaram o oprobrio de todas
as nações por causa da sentença que pronunciaram
contra Jesus Cristo, sem fazer uma reflexão necessá-
ria que lhes autorise a sua opinião; é que devia neces-
sariamente morrer para estabelecer a sua religião e a
sua doutrina, Eles devem pois uma obrigação infini-
ta aos israelitas em lhes ter procurado a salvação por
esta morte,e por este pretendido deicidio, pois que
neo querem compreender que Deus não poderia es-
tar um momento sem possuir todos os atributos da
Divindade, o que o impede de estar sugeito à morte,
e visto que querem esquecer que antes de vír ao
mundo para resgatar os israelitas de preferência u
tôdas as outras nações, se eles fossem privados desta
graça, unicamente porque ele não lhes permitiu re-
conhecé-lo. E' por conseguinte impossivel aplicar
este versículo ao seu redentor; mas eis aqui o troca-
dilho que os padres da igreja empregam para ofuscar
ns espiritos crédulos; a-fim de persuadir os filhos de
israel que estão transviados, dizem que esta dôr e
esta cura sao espirituais, que Jesus Cristo expiou os
nossos pecados, que por eles sofreu o castigo, e que
por este meio Israel e as outras nacões estao libertas
do pecado original, e bem assim de todos os que co-
metem voluntariamente. Isaminemos sobre que é
fundada esta asserçño arriscada, e se as nações expe-
rimentam e aproveitam esta vantagem espiritual pela
morte do seu Messias.

Em primeiro lugar o pecado de Adão ficou no
mundo da mesma maneira como o foi desde que foi
cometido. O sangria de Jesus Cristo não lavou esta
mancha do género humano, pois que êles mesmo
confessam que tôda a gente està ainda infectada do
pecado original: que ao nascer se é inimigo de Deus
e escravo do Demónio e que a morte do seu salvador
não pôde lava-los tão bem deste pecado, que eles es-
tejam inteiramente ahsolviios. Esta opinião é tão
claramente estabelecida entre os católicos que sus-
tentam que as crianças que morrem sem batismo fi-
cam privadas da glória e são condenadas aos limbos
pelo pecado de Adão, Com respeito aos protestantes
elas afirmam que se não são nascidos de pais cristãos
são condenados ao inferno pelo pecado original que
não cometeram, donde se conclue que nem a vinda
do Messias nem a sua morte puderam garanti-la
deste pecado e que a naturesa humana está ainda
exposta presentemente ás mesmas dôres e às mesmas
aflições que sofria antes da vida de Jesus Cristo, o
que prova que não é déle que fala o Profeta, A res-
posta que dão os cristãos para reputar este argumen-
to é divertida. Dizem que Jesus Cristo curou pela sua
morte o género humano, mas que é necessário que


 
a isto se Junte fé e uma fé completa, porque por
pouco que se ponha em dúvida está-se mais doente
do que se era antes desta miraculosa cura; o que a
faz absolutamente defender da fé do doente e não do
efeito essencial. Uma criança que morre antes de ter
atingido uma idade que possa dar-lhe este conheci-
mento, um homem louco não tem parte alguma nes-
ta cura, porque são incapases um e outro de ter a fé
necessaria num remedio que lhes e' desconhecido. E'
necessario que sejam condenados a pagar o fruto
que não comeram; a não ser que seus pais, seus pa-
rentes ou qualquer outra pessoa caridosa se não
aproprie desta fé que eles não tiveram podido ter
para os tornar dignos da glória eterna. Mas esta opi-
nião não poderia subsistir a não ser que se convenha
em duas coisas.

A primeira é que todos os homens teem o mes-
mo poder de salvar o género humano, que teve Jesus
Cristo: o que deve ter tornado inútil a sua vinda.

A segunda, que os filhos de israel ao nascer,
segundo a opinião dos próprios católicos, podem sal-
var-se tam facilmente como os dos cristuos; não sen-
do uns circuncisos e não sendo outros batisados de-
pende apenas do primeiro que passe lhes aproveitar
esta fé que Eles não puderam ter para os conduzir
á glória. Há porventura alguma coisa mais piedosa
que este raciocinio, E' portanto infalível segundo os
principios da religiao dos cristãos. Mas poderiamos
persuadirmo-nos que os cristãos, os maometanos e
os pagãos ouvem sustentar que os pecados que os
homens cometem actualmente e de sua livre vonta-
de possam ser curados por este remédio espiritual?
Todos os povos do mundo teem as mesmas fraque-
sas, abandonam-se ao vicio da mesma maneira que
antes da morte de Jesus Cristo, o seu apetite serve-
lhes igualmente de regra, e é apenas com uma es-
pécie de constrangimento que seguem a virtude. São
as dores e a doença que o pecado de Adão lhes cau-
sara. Não há homem que esteja disso exento, e so-
frem lojas as mesmas penas, depois da morte do seu
salvador com a diferença de que antes da introdução
deste dogma os israelitas seguiam mais exactamente
a lei de Moisés e ofendiam menos o Senhor; que bas-
tava aos pagãos para se salvarem, observar as leis
da naturesa, e que desde a vinda de Jesus Cristo irão
mais se pode esperar a salvação se não se acreditar
que ele é Deus. E' necessário ter uma fé cega para
todos os mistérios estabelecidos pelo cristianismo e
pelos pontifices desta religião. Se na Igreja romana
um pecador morre sem ter obtido a absolvição dum
confessar, é condenado para sempre ainda que tenha
um arrependimento sincero. Assim Deus criou tan-
tos: milhões de almas que estão neste vasto universo.
para não salvar mais que aquelas que teem obtido a
absolvição de um confessor. Sam Bernardo numa
das suas revelaçõas sustenta abertamente esta impia
opinião; quando diz que de muitos milhares de pes-
soas mortas num só dia nao se haviam salvo senao
uma velha mulher e um monge da sua ordem, sem
dúvida, pelo prodigioso efeito da absolvição.

Como nos podemos persuadir que a vinda de
Jesus Cristo, a sua morte e paixão tenham resgatado
o gênero humano se pela doutrina que o Evangelho
ensina os meios de salvação se tornaram mais difí-
ceis? De que maneira é pois feita esta redençao? Em
que consiste a cura dos nossos males? De que peca-
dos estamos nós libertos? Onde está o reino de Deus
que o Evangelho nos prega tanta vez? Como se pro-


 
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