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Ha-Lapid הלפיד


N.º 049, Elul 5692 (Set 1932)







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ler, participar da benção que Deus liberalmente con-
cedeu aos patriarcas e a seus filhos.

A segunda consiste numa longa vida que a
benção de que Deus encheu seus filhos e os observa-
dores da sua santa lei; como ele ameaça aqueles que
violarem os seus preceitos divinos de abreviar seus
dias para os punir de os terem infrigido. E' o que faz
dizer ao Profeta que o seu servidor viverá longo
tempo para prémio do que tiver sofrido: é o senti-
mento de Cipriano de Vasera assim como o de Arius
Montanos.

A terceira vantagem é que a vontade do Senhor
prosperará nas suas mãos; que tudo que o Senhor
deseja, tudo que lhe é agradavel no mundo se fará
por sua interferencia; e ainda que a vontade de Deus
seja independente e se execute por si mesma, o seu
servidar era o Ministro e o instrumento que fará agir
esta vontade pelo poder absoluto daquele que o esco-
lherá para a fazer actuar.

Eu querería saber como é que os cristãos podem
aplicar estes três atributos ao Messias que adoram e
se o mais habil dos seus doutores pode provar que
ele os possuiu. Um cristão seria acusado de blasfemia
a mais abominavel, os mais revoltante impíedade se
ousasse dizer que Jesus Cristo teve descendentes; é
todavia por este termo que Cipriano de Vasera expli-
ca a palavra semente. Dirão talvez que a sucessão foi
espiritual, e que é a igreja que a compõe: mas se se
puder provar-me que esteja ai a verdadeira geração
dum pai e não a de deixar filhos eu me ligarei á sua
opinião; referindo-me ao tento sagrado fortifico-me
na minha. O Senhor jamais pôs a palavra sucessão
para que esta palavra fosse aplicada a uma sucessão
espiritual, mas para exprimira propagação do género
humano, Os falsos vislumbres de que se servem os
cristãos, tem tão pouco de versomílhança para que
se possa deixar surpreender por eles. Não vejo ainda
que a felicidade de uma longa vida convenha bem a
este pretenso Messias: a sua morte na idade de 33
anos deve convencer-nos que não é déle que o Pro-
feta fala. Uma morte tão precipitada é um sinal evi-
dente da colera de Deus que quer expurgar o mundo
daqueles que o ofendem por um aspecto tão sensível,
que podem arrastar no mesmo crime pelo ser exem-
plo a nossa tendencia levando-nos mais fortemente
para o mal do que para o bem. Somente se nos pode
objectar que foi para gosar duma vida eterna que
Deus tão cedo o provou desta; mas não é necessário
ser o Messias para gosar duma prerrogativa que Deus
concede a todos aqueles que procuram merece-la pe-
las suas virtudes e pelas suas boas obras.

E' inteiramente incontestável que Jesus Cristo
jamais foi o Ministro da vontade de Deus, e que por
conseguinte ela não prosperou nas suas mãos. Todos
os Profetas nos asseguram que para executar a von-
tade de Deus deve o Messias reunir todo o seu povo
disderso nos quatro cantos do mundo: que todos os
povos adoraria o seu poder e reverenciarao as suas
suas divinas leis. Não haverá mais seitas diferentes;
todas as idolatrias serão destrvidas; todos os pecados
abatidos; todos os homens gosarão duma paz eterna;
e reinarão o amor e o repouss espiritual e temporal.
Tais são os sinais pelos quais o Messias deve fazer-se
reconhecer. Os Israelitas e os outros povos participa-
rão igualmente das vantagens deste advento segundo
a predição dos Profetas: e é desta maneira única que
a vontade de Deus deve prosperar nas suas maos.

Francamente Jesus Cristo possuiu algumas destas
qualidades requeridas? E podem os cristãos adora-lo e



persuadir-nos a prestar-lhe a mesma homenagem que
eles, se dica nos não podem convencer que a sua vin-
da produziu realmente efeitos capazes de o fazer reco-
nhecer pelo verdadeiro Messias? Ve-se reinar esta paz
e este repouso sobre. a terra? Não estão os Israelitas
mais dispersos que antes da sua vinda? O que ha de
surpreendente é que Deus promete um Messias ao seu
povo escolhido, e não exista senão éle em todo o
universo que o nao tenha podido reconhecer, e que
sofra pacientemente a indignação e o despreso de to-
dos os outros povos, para não cair no erro em que
esses teem caido a este respeito! Não é por pertinacia
nem por teimosia que ele não gosa da felicidade de
que a vinda deste Messias o devia cumular, ele aco-
modar-se ia bem melhor oos bons, tis grandezas e á
estima que gosam as nações que reconheceram Jesus
Cristo como verdadeiro Messias, do que aos oprobios
e as miserias que sofre, se não estivesse inviolavel-
mente ligado à promessa do Senhor anunciada pelos
Profetas com todos os atributos que deve ter, e se não
estivesse bem persuadido que sem o ofender não o
pode reconhecer doutra maneira.

O anjo, segundo o Evangelho, anuncia a José
que sua mulher deve dar á luz um filho que chama-
rão Jesus e que abulirá os pecados do genero huma-
no; e segundo Sam João este deve ser um cordeiro
divino que deve retirar todos os homens do abismo
onde os seis pecados e os seus crimes os precipita-
vam. Há algum Teólogo que possa provar que, digo
eu, que onse abançar que Jesus Cristo cumpriu o que
o Evangelho anuncia a este respeito? A sua doutrina
em vez de reformar os abusos que havia entre os Is-
raelitas no tocante á observação das leis pelo contrá-
rio causar um maior numero e bem mais considera-
veis. As diferentes opiniões dos Fariseus, dos Essénios
e dos Saducens não tinham a importancia da que Je-
sus Cristo trouxe ao mundo.

Todos os Israelitas convinham no mesmo princí-
pio da unidade de Deus, da perfeição da sua lei e da
sua duração eterna, Jesus Cristo inverteu uma e ou-
tra destas verdades; e por um dogma pernicioso e
oposto ao respeito devida ao soberano, ser, causou
desordens infinitas entre os cristãos, e precipítou as
suas almas por uma contínua idolatria no abismo do
inferno. Nada há mais evidente segundo os cristãos
do que o enorme pecado que os israelitas ronreteranr
fazendo-0 morrer como sacrílego e perturbador do
repouso público. E' mesmo um artigo de fé entre os
cristãos e é o que lhes inspira este horror invenci-
vel que teem pelos judeus. Esta verdade não pode
portanto sustentar-se senão confessando que foram
apenas os pecados do seu tempo que Jesus Cristo res-
gatou, Todo este povo numeroso o acusou a uma
voz e o conduziu ao suplício sem o menor arrepen-
dimento por uma acção queo colocava em pecado
mortal. Todos os israelitas ficaram ate ao presente
firmes na opinião de que ele não era o verdadeiro
Messias. Sofrem constantemente a morte antes do
que reconhecé-lo como tal e pecam actualmente sem
esperança de remissão. A sua morte pois não purifi-
cou mais os homens que vivem há desassete séculos
do que aqueles que tinham vivido até á sua vinda,
nem mesmo aqueles que seguiram a sua doutrina,
pois que os seus Teálogos os punem por crimes que
eles cometem todos os dias. O advento deste pretenso
Messias foi pois inutil e não serviu ao descanso dos
corpos nem das almas. As guerras que devastam tôda
a terra não provam, parece-me, que gosemos duma


 
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