4 HA-LAPID ===================================================== va que o do Demonio está exterminado? Vé-se evi- dentemente o contrário: jamais foi tão poderoso: os homens todos os dias se aguardam mais no vicio, e é um artigo de fé entre os cristãos que aqueles que não seguem a sua religião são para sempre privados do reino da glória. O que Deus promete aos Israelitas na vinda do Messias e no tempo da redenção é bem diferente: então Deus será um, assim como o seu santo nome,- a unidade e a união reinarão entre as criaturas; a idolatria será abolida e os idolos destrui- dos: a guerra, a inveja, o ódio, a discórdia serão pa- ro sempre confundidos. Tudo viverá em paz: o amor de Deus e a observância da sua santa Iei farão a única ocupação dos homens. Eis a medicina e o re- medio especifico que o Senhor promete a Israel. A sua bondade infinita comunicar-se-á até aos outros povos, a-fim-de que todo o universo gose desta su- prema felicidade. Os cristãos poderiam com justiça censurar-nos pela nossa obstinação, poderiam separar-nos a nossa incredulidade e o nosso endurecimento se tivessemos qualquer prova evidente de que a vinda de Jesus Cristo tivesse realmente produzido os efeitos que de- vem suceder infalivelmente com a vinda do verda- deiro Messias; mas como todos estes bens inefaveis que Deus nos promete dependem unicamente da sua divina vontade e não há ninguem mais do que ele que tenha o poder de punir e de recompensar, é só- mente dêle que devemos esperar a nossa salvação e e nossa redenção. O Messias que deve escolher para nos governar segundo as predições dos Profetas con- duzir-nos á no verdadeiro caminho e far-nos á seguir exactamente a santa lei ditada a Moisés na Montanha do Sinai; punirá aqueles que se afastarem, e bem longe de observar uma doutrina qne lhe é inteira- mente oposta, obrigar-nos á a seguir a sua em tôda a sua puresa. Todos conveem que Jesus Cristo nasceu judeu, que tôda a sua familia era da mesma nação, e que querendo fazer-se passar pelo Messias prometido as israelitas, ele não e podia ser pregando uma lei no- va, ou fazendo qualquer alteração nos mandamentos e nas ordens que Deus lhes tinha prescrito para se- guirem perpétuamente. Vemos na história da sua vida que profanava com seus discípulos o santo dia sábado, que êle colhia as ervas dos campos para se nutrir sem se recordar da ordem expressa do Senhor aos israelitas de colherem o maná na sexta-feira em dupla quantidade para a sua alimentação de sabado. O texto sagrado nos ensina que um Israelita foi lapi- dado no deserto por ter cortado lenha em dia de sa- bado. Que diferença pode haver entre arrancar ervas e cortar lenha. Encontram-se nesta mesma vida ou- tras explicações da lei de Deus tão pouco respeitosas e tão extraordinárias. Jesus Cristo absolve uma mu- lher do crime enorme de adultera, porque pretende que não se encontram duas testemunhas que estejam sem pecado. Se esta rasão subsiste, o mandamento de Deus torna-se inútil; porque não há homens que o não tenham cometido durante a vida. Basta que o facto seja verificado por duas testemunhas sem man- cha para o punir segundo a vontade do Senhor, e tudo que e proibido no decálogo deveria ficar im- pune pela mesma rasão: o que inverteria inteiramen- te todas as leis divinas e produziria uma desordem no mundo que impossivel seria remediar. Declara sem nenhuma reserva inocente esta mulher aduitera, dizem do que aquele de entre vós que não tenha co- metido pecado lhe lance a primeira pedra. Ninguem é bastante ousado para apresentar uma mentira tão provada, e se alguem o fizesse pecaria nesse mesmo momento, porque ninguem poderia negar que se comete um pecado mentindo. Não permitiu ele co- mer carnes proibidas pela lei assegurando que não é o que entra no corpo que suja a alma? Deus diz con- tudo proibindo corner carnes imundas como ele lhes chama não conspurqueis as vossas almas. Os seus discípulos são muito mais moderados e Sam Paulo diz muito bem que a maçã do paraiso terrestre não só manchou o primeiro homem como todo o género humano, porque o Senhor lhe tinha proibido comê-la. O mesmo Jesus Cristo não cometeu uma blasfémia afirmando que tinha um poder absoluto no céu e na terra posto que Deus dissesse expressamente que não dava a sua glória a ninguem. Numa palavra, é im- possível confirmar seja o que fôr do que ele disse porque o Senhor prevendo que um dia se ergueria um homem entre o seu povo para conseguir sedu- zi-io, bem quiz adverti-lo no texto sagrado a conser- var-se na sua guarda e proibiu-lhe tudo o que Jesus Cristo quiz introduzir para o revoltar contra as ordens sagradas que Moisés lhe tinha prescrito. Um dia os seus discípulos disseram-lhe para reunir as doze Tribus segundo a predição dos Profe- tas: era um sinal essencial e evidente para se fazer reconhecer imediatamente pelo verdadeiro Messias; mas respondeu-lhe que não lhes dado saber a hora e o dia em que esta predição devia cumprir-se mas que lhes assegurava que viria um dia dos seus para este efeito, antes que a geração dos homens que viviam então, fosse extreminada. Confessemos que esta pro- messa tão necessaria para curar os Israelitas dos seus erros ainda não foi cumprida. A igreja primitiva esperou-o com tanta fé como impaciencia durante cem anos depois, mas em vão. Vimos no tempo de Tertulíano grandes procissões nos campos: faziam-se preces continuas para conseguir obter o efeito duma promessa tão positiva e tão necessaria para conven- cer todo o universo da verdade que o cristianismo ti- nha abraçado; mas sete seculos depois subsistiam ainda restos da geração dos homens que viveram no tempo de Jesus Cristo. Donde se pode inferir que este vil impostor julgou que os seus Discípulos não dei- xariam á posteridade um testemunho tão autentico da sua falta de poder. VERSICULO VI Sa ele dá a sua alma para expiar os seus pecados ele verá sua descenden- cia, os seus dias serão prolongados e a vontade do senhor prosperará nas suas mãos. Cipriano de Vazera que traduziu a biblia em es- panhol explica a palavra semente por sucessão, isto à, descendencia ou posteridade. Vejamos se podem apli- car-se estas palavras do Profeta ao Messias que os cristãos adotam. Diz que o servidor de Deus deve três qualidades: são mesmo sob a condição expressa que deve expor a sua alma para expiação do pecado e a sua vida para correcção dns suas faltas; preferindo á sua vida e á sua alma o amor do seu Deus para gosar das três vantagens seguintes: poder ver a sua família, a sua geração e a sua feliz posteridade, ou para melhor di-
N.º 049, Elul 5692 (Set 1932)
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