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N.º 054, Adar 5693 (Mar 1933)







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N.° 54                              PORTO - Adar de 5693 (Março 1933 e. v.)                           ANO VII
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Tudo se ilumina                     _______  ___  _______ |=|____  _______                    ...alumia-vos e
para aquele que                    |____   ||_  ||  ___  ||____  ||_____  |                   aponta-vos o ca-
busca a luz.                            | |   |_| \_\  | |    / /   _   | |                   minho.
                                        | |       _____| |   / /   | |  | |
       BEN-ROSH                         |_|      |_______|  /_/    |_|  |_|                          BEN-ROSH

                                                  (HA-LAPID)

                                      Órgão da Comunidade Israelita do Porto

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DIRECTOR E EDITOR: -A. C. os BARROS BASTO (BEN-ROSH)   || COMPOSTO E IMPRESSO NA Empresa DIARIO DO PORTO, Lda
REDACÇÃO-Rua Guerra Junqueiro, 340-Porto               ||           Rua de S. Bento da Victoria, 10
(Toda a correspondencia deve ser dirigida ao director) ||   ---------------- P O R T O ----------------
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         Cecil Roth e as suas obras
              sobre os Maranos

Muitos e variados escritores estrangeiros
teem produzido livros sobre os maranos por-
tuguêses, uns fixando alguns detalhes sobre
a vida dos cripto-judeus lusitanos, bordando
varias considerações sobre a sua psicologia,
e dando indicações sobre a melhor forma de
os conduzir ao judaismo oficial; outros limi-
tam-se a fixar o resultado da sua observa-
ção, coada atravez a sua sensibilidade pes-
soal, em narrações um tanto fantasistas,
romanticas ou poeticas.

Varias roiabilidades judaicas vieram a
Portugal estudar o problema dos maranos e
me deram o prazer e honra da sua visita.

Todas fizeram a sua critica ao meu tra-
balho na Obra do Resgate, e apresentaram
a sua formula para resolução do problema.
Essa crítica, umas vezes apresentada por
uma forma extremamente gentil e delicada,
outras vezes de forma tal, que, apezar do
emprego de frases de bom tom usadas em
sociedade, não podiam deixar de manifestar
certa censura ao meu modo de actuar. Todas
estas pessoas conhecendo meios judaicos
muito diferentes do meio marano julgavam
que era possivel aplicar aqui os meios uteis
para essas velhas. Comunidades israelitas,
mas que de nenhum efeito são no problema
marano.

Um Rabbí distinto, Dr. Sola Pool, Rabbi-
-mor das congregações luso-espanicas da
Norte America, por ocasião da sua visita ao



Porto, onde falou com varios maranos pro-
feriu a seguinte opinião:- "a questão dos
maranos não é uma questão de dinim,
preceitos, mas uma questão de psicologia".

Boa sentença baseada numa boa obser-
vação. E assim é. Todo o marano que se
sente judeu por atavismo, mas que ignora o
judaismo oficial, quer que lhe falem á sua
alma, que o convençam da grandeza espiri-
tual da sua crença ancestral e que lhe for-
neçam elementos de defeza da sua fé pe-
rante o cristianismo que o assedia.

Em vez disso o que fazem alguns salva-
dores de maranos? Pretendem resolver o
problema com individuos que sabem de
Shehitah (Degoladura de Animais), coisa
essencial numa velha Comunidade onde pro-
blemas importantes dessa ordem são trata-
dos, mas que numa comunidade marana
esses problemas não teem aplicação, porque
tendo esses judeus de raça vivido durante
séculos afastados do formalismo judeu ofi-
cial não sentem esses problemas complica-
dos. A formula ritual é indispensável para
crear unidade religiosa, tambem para a fixa-
ção material da espiritualidade da sua fé.
Falar a almas sedentas de pão de espírito
apenas do modo como se deve comer dá o
triste resultado de haver familias cripto-ju-
daicas, cujo idealismo israelita foi apunha-
lado pela desilusão causada pelo ensino
dum shohet judeu, que se entitulava Rabbi.


 
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