HA-LAPID 5 ======================================= que aqui é substituída por um esplêndido relvado á beira do rio sombreado por vi- deiras ou seja o símbolo da creação. Não me sendo possivel descrever a agradável maneira como aquele dia se pas- sou, direi apenas que enquanto os mais jóvens se divertiam dançando, jogando a cabra-cega, etc, etc, os outros sentados em sofás naturais, conversavam em várias lín- guas, principalmente português, frances e alemão. A cada momento uma palavra hebraica, que fazia voltar a cabeça dos que brinca- vam, era introduzida entre as frases. Embora aí, nos conservassemos quási todo o dia, eu peço-lhes para voltar, a fim de melhor examinar o mosteiro que deixa- mos, pois creio não será das partes menos interessantes. Em todo o caso, contra o que desejaria não disponho de suficiente espaço para re latar a sua história, mas contentar-me-hei com algumas indicações. A noticia da sua fundação é ignorada, mas sabe-se que a fábrica primitiva já exis- tia no século X, composta de uma pequena egreja e dum mosteiro que nos fins do sé- culo XI foi reedificada, visto ameaçar ruína. Sendo admitida pouco depois no reino da Ordem de Malta, foi-lhe concedido o mosteiro de Lessa que lhe ficou sempre pertencendo, vindo a ser a cabeça da Ordem em Portugal. Nesse mosteiro se hospedaram D Afon- so Henriques e sua mulher D. Mafalda, o condestável Nuno Alvares Pereira, a infanta D. Filipa, neta de D. João I, e muitos ou- tros. Foi tambem ali que D. Fernando casou com D. Leonor Teles, receando quaisquer protextos do povo no Porto ou Lisboa. A casa do Lessa foi reformada por D. Sancho I em 1212 e foi D. Manuel que lhe deu foral em 1519 A fronteira do Templo dá sôbre um pequeno adro, junto do qual fica o cemi- tério da freguesia cuja porta principal é de góticas ogivas. Todo o edifício é coroado de ameias, manifestando claramente o des- tino de templo-fortaleza, A peça mais notável é a explêndida pia batismal, de pedra ançã, rendilhada de es- culturas e arabescos, soberbo exemplar de estilo gótico floretado. E' de forma oita- vada e tem na parte superior de cada uma das quatro faces alternadas o escudo de armas do fundador. A inscrição que rodeia as quatro faces diz que - O Prior de Crato, D. Frei João Coelho a mandou fazer-provávelmente em 1514, data existente no formoso cruzeiro que fica perto do templo, de estilo gótico, que foi introduzido em Portugal no tempo de D. Diniz. Enfim, reconhecendo que este não é um lugar próprio para desenvolver este assunto termino juntando o meu voto ao de todos que no fim se dirígiram ao sr. presidente do Grupo Sionista e sr. Reitor do instituto Teológico lsraelita dizendo: -Teriamos muito prazer em ser convi- dados a amiudados piqueniques. David A. Marêno o o o Dos 4 cantos da terra. França - A assembleia geral dos antigos combatentes da Divisão marroquina teve lu- gar no sabado, 27 de Maio. no Hotel Luté- tia em Paris. Ao almoço, que reunia cêrca de 200 convivas, entre os quais os generais Gou- raud, Lagard, Midelhauser, Sehuller e La- grue, o general Daugan, presidente da As- sociação, recordou, no seu discurso os efei~ tos inqualificáveis de que os judeus alemães são actualmente as vitimas. Ele rendeu uma emocionante homenagem aos voluntários judeus da Divisão mortos em Maio de 1915, na batalha de Carencia. Inglaterra-O Daily Herald denuncia o govêrno nazi, que acusa de prosseguir si- lênciosamente a sua política de perseguições contra os "não Arianos". Nos primeiros dias do terror, nazi, es- creve o orgão trabalhista, Sr. Hitler encon- trou em todos os países gentes para tolerar os seus procedimentos sob pretexto de que estes não estavam empregados senão tem- porariamente. Mas o terror continua. Faz parte da filosofia nazi. Para o governo dum país que se encon- tra na situação actual da Alemanha, não de- veria existir senão uma tarefa: a reconstru- ção económica. Certos, há no programa nazi elementos rectos e traços dum desejo de atingir os
N.º 057, Tamuz 5693 (Jun-Jul 1933)
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