8 HA-LAPID ============================================ Tinha este uma má mulher, que se apaixonou por Joseph tentando várias vezes levá-lo a praticar com ela uma acção cri- minosa. Porém ele, fiel a Deus, resistiu-lhe e numa vez, que ela chegara a ponto de lhe pegar no manto, fugiu deixando-o na sua mão. Não se pode descrever o seu furor e foi acusá-lo a seu marido Putiphar dizendo: -"O escravo Judeu que trouxes-te para casa veio ter comigo para me fazer mal, e, como eu gritasse fugiu deixando o manto". Putiphar, crendo que as palavras da mulher eram verdadeiras, lançon o inocente Joseph numa prisão. Estavam também nela padeiro e o copei- ro-mór, do rei. Um dia, vendo-os Joseph mais tristes do que de costume, preguntou-lhes a causa. -~Tivemos um sonho, responderam eles, cuja significação não sabemos, e é ele que nos entristece. -Contai-mos vós e Deus explicar-vo- -los-hâ pela minha boca, diz-lhes Joseph, -Eis o meu sonho, começou o copeiro- -mór: "Parecia-me que via diante de mim três pés de videira dos quais sairam três varas, que creceram, reverdeceram, floresceram e deram cachos. Eu tomava as uvas, espre- mia-as na Taça do Pharaó e dava lha a beber". - Respondeu-lhe Joseph: -"Os três pés e os três ramos de videira são três dias, passados os quais voltarás para o teu antigo cargo. Lembra-te então de mim". Depois diz o padeiro: - "Levava eu á cabeça três cestos de farinha; no que ia em cima havia toda a espécie de pasteis delicados mas as áves os comiam". -"0s três cestos, explica-lhe Joseph com tristeza, significam três dias, passados os quais o rei te mandará cortar a cabeça, e o teu corpo, ligado a uma cruz, será de- vorado pelas áves". Passados os três dias aconteceu o que Joseph dissera. O copeiro-mór voltou para o palácio, emquanto que o padeiro-mór era enforcado. Deve-se talves dizer que o primeiro, ro- deado de riquezas, não mais se lembrou do jovem Joseph, que continuou na prisão. CAPITULO XIII Joseph ministro do Pharaó Mais dois anos Joseph passou na prisão. Teve então o Pharaó dois sonhos que ne- nhum sábio nem adívinho lhe pôde expli- car. Só então o copeiro-mor se lembrou do moço Judeu, que foi tirado da prisão e apre- sentado ao rei, que lhe disse: "-Parecia-me que eu estava à beira do rio e vi sair dêle sete vacas gordas e de- pois sete magras que devoraram as primei- ras. Vi também sete espigas muito cheias e depois outras sete vazias que igualmente devoraram as primeiras. Respondeu-lhe Joseph: -"As sete vacas gordas e as sete espi- gas cheias significam sete anos de abun- dância e as vacas magras e as espigas vazias são sete anos de miséria e fome". Mais acrescentou Joseph: -E' Deus que mostra a Pharaó o que vai fazer. Escolhei pois um homem que acumule cereais nos celeiros riais durante o primeiro período, para que o povo não morra de fome no segundo. Vendo o rei que o espírito divino estava com Joseph, pois só assim lhe poderia explicar os so- nhos, confiou-lhe a administração do reino, encheu-o de honras e mudou o seu nome em um nome egípcio que significava Sal- vador da mundo. Como previra Joseph vieram sete anos de abundância, seguidos de sete anos da maior miséria, que graças a êle, não se sen- tiram porque o povo podia vir comprar tudo o que necessitava. E assim o joven Judeu Joseph salvou não só o Egipto, mas tambem os povos da mais orrível das mortes--a fome. CAPITULO XIV Viagem dos irmãos de Joseph ao Egipto Todos os habitantes das povoações vizi- nhas do Egipto vinham ali buscar os cereais que o espirito previdente de Joseph havia guardado. Começou tambem Jacob, no Cá- naan a sentir a falta de mantimentos, e, como soubesse que no Egipto se vendiam aí mandou todos os seus filhos excepto Benjamim que agora era o mais querido do pai. (Continua)
N.º 057, Tamuz 5693 (Jun-Jul 1933)
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