N.° 57 PORTO - Tamuz de 5693 (Junho-Julho de 1933 e. v.) ANO VII ============================================================================================================= Tudo se ilumina _______ ___ _______ |=|____ _______ ...alumia-vos e para aquele que |____ ||_ || ___ ||____ ||_____ | aponta-vos o ca- busca a luz. | | |_| \_\ | | / / _ | | minho. | | _____| | / / | | | | BEN-ROSH |_| |_______| /_/ |_| |_| BEN-ROSH (HA-LAPID) Órgão da Comunidade Israelita do Porto ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- DIRECTOR E EDITOR: -A. C. os BARROS BASTO (BEN-ROSH) || COMPOSTO E IMPRESSO NA Empresa DIARIO DO PORTO, Lda REDACÇÃO-Rua Guerra Junqueiro, 340-Porto || Rua de S. Bento da Victoria, 10 (Toda a correspondencia deve ser dirigida ao director) || ---------------- P O R T O ---------------- ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- A situação dos Judeus convertidos na Alemanha de Hitler por J. Ben-Abraham Os nacionais-socialistas gostam de dar aos seus decretos brutais uma aparencia de doçura e de benevolência. A lei que exclui os judeus das profissões liberais chama-se inocentemente "Gesetz zur Wiederher- stellung des Berfusbeamtentums", lei para a reconstituição do funcionarismo. Esta lei é dirigida contra "todos os ho- mens de origem não alemã". O que tem a infelicidade de ter um avô israelita é expulso sem piedade do seu lugar, mesmo que a sua mulher seja uma "Ariana pura", mesmo que a sua familia esteja hà muitas gerações, completamente afastada do judaísmo. Estas disposições criam situaçoes que, frequente- mente se aproximam do cómico. A grande conversão dos judeus ao cris- tianismo começou apenas em meados do sé- culo XVIII. O número dos renegados era par- ticularmente grande na primeira metade do século XIX, porque nesta época o facto de pertencer á religião judaica constituía geral- mente o único obstáculo que impedia o ca- minho a muitos dos judeus. O "certificado de batismo" representava o "bilhete de en- trada na sociedade europêa". O que se fa- zia batisar julgava escapar para sempre, êle e os seus descendentes, a tôdos os desgôs- tos da existência judaica. Sabe-se que até a guerra, muitos judeus alemães preferiram essa saida verdadeiramente cómoda. São assim sobretudo os pais e os avós, da ge- ração actual que deram este passo deci- sivo. Encontravam-se judeus convertidos como juizes, oficiais, altos funcionários; viam-se mesmo nas fileiras do clero. Estas famílias julgavam-se ter ponto final ao seu destino judeu. Mudavam frequentemente o seu nôme para apagar completamente o que podla re- cordar a sua origem, de maneira que o nôme bem judeu de "Abraham" se trans- formou em "Bransen" de consonâncias aria- nas de "Levysohn" tornou-se "Lensen". E para provar aos seus novos correligio- nários que não tinham verdadeiramente mais nada de comum com os judeus muitos de entre eles tomavam uma parte activa no movimento antisemita. Um judeu tendo por chefe um convertido podia esperar as pio- res humilhações. O 1.° de Abril de 1933 soou como um despertar terrível para estes "evadidos do ghetto". Os armazens cujos proprietários tinham há muitas gerações acabado de ser judeus foram boycottados. Os médicos, advogados, professores e juízes, pertencentes há muito
N.º 057, Tamuz 5693 (Jun-Jul 1933)
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