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Ha-Lapid הלפיד


N.º 058, Ab 5693 (Ago 1933)







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 2              HA-LAPÍD
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os Judeus alemães não serão mais cidadãos.

Entretanto, as perseguições individuais
continuam continuam com uma verdadeira
paixão guerreira. Será necessário publicar
algum dia o livro preto de todas as atroci-
dades e o mundo civilizado deverá reconhe-
cer que o seculo XX terá sido, dezanove
anos depois da mais atroz das guerras, in-
capaz de impedir uma segunda volta á bar-
baria.

Há todos os dias execuções sumarias
nos campos de concentração e, quando as
familias podem receber os corpos das viti-
mas são as orações dos martires, como no
tempo da Inquisição, que os rabbis da Ale-
manha pronunciam, á noite, nos cemiterios,
que nada pode melhor defender contra as
profanações.

Hitler ficará muito tempo no poder para
desgraça da Alemanha. Mais nenhuma força
se pode levantar contra ele, no pais onde
nenhum dos seus adversários politicos teve
a honra de morrer numa barricada.

A ditadura desencadeou as paixões ele-
mentares que é dificil conter. O primeiro
entusiasmo passou, será necessario no lugar
das marchas ao flambeau das manifestações
teatrais e os discursos pela T. S. F., dar
pão puderam tomar o lugar dos Judeus nas
administrações, nas profissões liberais ou
nos trabalhos. A catastrofe economica então
será inevitavel, mesmo que se procure ins-
taurar um novo regimen seguindo o exem-
plo de Lénine. O terceiro Reich, sem
duvida, sossobrará na anarquia e nós
desejamos em primeiro lugar que uma ma-
nifestação desesperada venha perturbar a
ordem nas fronteiras. Com efeito, o voto
que não esitam em formular certos demo-
cratas, que um acordo internacional impu-
nha a Hitler uma camisa de força, parece-
me doloroso para os proprios judeus que o
ditador conserve o desígnio como refens.

Os judeus da Alemanha são apenas os
primeiros no seu calvário. E' o fim da sua
liberdade, a impossibilidade para eles de
ganhar a sua vida, de encarar o dia de
amanhã a medo perpetuo para a sua segu-
rança na rua e mesmo em casa.

Nós assistimos em alguns meses a um
exodo em globo; pedir-nos-há para acolher
milhares de creanças para salvar pelo me-
nos o futuro. Nós estaremos então sem po-
der para encontrar, sosinhos, os remédios
para a catastrote.



Como na idade média, os judeus na
Alemanha não poderão mais sofrer sem es-
perança ou desaparecer.

Não haverá mais lugares na anarquia
dum povo em loucura que por duas espé-
cies de judeus: os Hoffuden, de côrte pe-
quena minoria que, a preço de dinheiro,
comprou dada dia uma aparente liberdade,
negligenciando os escrupulos da conscien-
cia e os Ghetto juden, judeus em cativeiro,
preferindo sofrer no esolamento social, num
solo que os seus pais enriqueceram, con-
tentando-se com pouco, com a tenaz espe-
ranca dum futuro melhor.

Para que esta esperança duma ressur-
reição seja somente possivel, é preciso de-
sejar que, apesar dos sofrimentos e provas
do futuro, nós mantenhamos intactas em
nós mesmas, como no coração daqueles que
nós temos o dever de auxiliar, todas as
forças espirituais que nós tenhamos dos
nossos pais.

Estejamos mais do que sempre atentos
aos ensinamentos dos nossos guias. Estu-
demos com mais obstinação os textos dos
nossos livros sagrados.

Fiquemos mais profundamente judeus
pelo nosso pensamento e pelos nossos
actos.

Desde que temos o direito de ser fieis,
de pertencer á familia francesa á qual esta-
mos defenitivameme ligados por uma soli-
dariedade fisica e moral, podemos, nestas
horas de angustia, alegrar-nos um pouco:
como em 1791, como em 1848, como em
1914 O ideal de solidariedade dos nossos
profetas se confunde com o principio da
fraternidade de que o nosso pais aceitou
defenitivamente os pesados deveres.

A unidade de israel não é uma vã for-
mula nem uma visão delorosa, se se consi-
dera como uma regra de acção humana e
um mandamento inelutavel de caridade.

Raymond-Raoul Lambert.

                De "L'Univers Israelite.

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Visado pela Comissão
de Censura


 
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