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Ha-Lapid הלפיד


N.º 058, Ab 5693 (Ago 1933)







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                HA-LAPID                      3
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Aniversário da Fundação da
Comunidade do Porto

Com numerosa assistencia, realizou-se neste ins-
tituto, no passado Domingo, dia 13, um chá, come-
morando o décimo aniversário da fundacão desta Co-
munidade Israelita, no Porto.

Foi sempre no meia da maior animação que ele
decorreu. A alegria, via-se bem, estava estampada
nos rostos de todos. Todos os israelisas presentes ti-
raram, nestas horas em que estivemos reunidos, mo-
mentos de viva comoção intima e de bem sentida ale-
gria e satisfaçao, o que se traduziu nas palavras tão
cheias de carinho, de incitamento e apoio que todos,
unanimemente dirigirem ao Exm° S.r Barros Basto,
alma e guia desta já muito florescente Instituição.

Não me alongo em mais considerações, porque
não foi isso o que me propuz, ao pegar na pena, mas
sómente o fazer a descrição desta tão simples e pe-
quenina mas tão significativa festa. Por isso, vou já
faze-lo para que todos os israelitas que a ela não assis-
tiram, possam, ao menos, saber como decorreu.

Como não podia deixar de ser, fomos primeira-
mente agradecer a Adonai, nosso Deus Unico Pro-
tector, a protecção que ele tão pródiga e carinhosa-
mente tem dispensado a esta Santa Casa e a todos os
seus dirigentes.

Foi celebrada a Minegah pelo Moisés de Brito
Abrantes que nos deixou a todos muito bem impres-
sionados pela maneira clara e devota com que o fez
mostrando assim, a boa preparação que teve por parte
do corpo docente deste Instituto.

Depois de terminada a oração o sr. Samuel Ro-
drigues, que tambem Já completou com bons resulta-
dos o seu curso, fez-nos uma pequena homilia, termi-
nando-a agradecendo ao Ex.mo Sr. Cap. Barros Basto
tudo o que tem feito por esta Cass e pela causa
Judaica.

A seguir, sobe à tribuna o Ex.mo Sr. Capitão que
mais uma vez dos cativou e teve como que suspensos
da sua palavra sempre tão fluente e cheia de fé. Des-
creveu-nos pormemorisadamente a história desta Co-
munidade, fazendo sempre salientar o amor, a protec-
ção que o Deus forte de Israel sempre tem dispensado
nesta Causa: A Obra do Resgate.

Fez ver-nos os obstáculos, as dificuldades que
Ele, sempre com auxilio Divino, teve de superar.
Agradeceu a todos os israelittas presentes fazendo,
porém, especial referencia ao Ex.mo Sr. Menasseh
Bendob que tambem, como seu fundador, muito con-
tribuiu, quer com o seu apoio moral, quer com o au-
xilio monetário, para o desenvolvimento espiritual e
temporal desta Comunidade.

Continuando a fazer a história da Comunidade,
Sua Ex.a, com o que nos disse, fez compreender-nos,
(não porque falasse Pessoalmente de Si, porque alia
ao grande amor que consagra a Esta Obra, uma
grande modéstia, quo mais faz realçar o seu profícuo
trabalho) que o respeito e a veneração que por Ele já
temos, pouco é com o que devemos ter e de que é
merecedor. Terminou incitando-nos sempre ao traba-
lho e ao cumprimento do dever para que assim pos-
samos ser verdadeiros israelitas.

Dirigimo-nos, depois, conversando e rindo sem-
pre com as frazes tão cheia de graça com que um ou



outro Senhor nos brindava, para a sala onde um
esplendido servico de chá estava patente, como que a
convidar-nos que dele nos servissemos.

Começou a servir-se o chá às numerosas Senho-
ras que à nossa Festa, deram uma nota muito agrada-
vel, e o vinho do Porto aos cavalheiros presentes de
que participamos tambem.

Durante o chá, pedida a divina vénia fez ouvir-se
o seguinte discurso por Jonathan Rebordão:

Ex.mo Sr. Capitão Barros Bastos, Minhas Senho-
ras, Meus Senhores e Caros Companheiros :

Ao orgadisarmos esta pequenina festa tivemos
em vista, além de comemorarmos o décimo aniversá-
rio da fundação desta comunidade, patentearmos todo
o nosso carinho, todo o nosso mais vivo reconheci-
mento a V. Ex.a, como seu fundador e digno Reitor.
Sim, V. Ex.a, sr. Capitão, é digno do maior reconhe-
cimento de todos os Judeus, especialmente dos Judeus
Maranos Portugueses.

Se hoje o judaismo em Portugal é um facto, se a
religião israelita actualmente é praticada já por mui-
tos Maranos, tudo é devido ao formidavel esforço e
titanico trabalho de V. Ex.a. Mas V. Ex.a não se tem
cingidiu sómente ao levantamento moral e espiritual
dos Maranos Portugueses. Quiz tambem que tives-
sem um templo, uma casa nossa, onde, nós, reconh-
cidos a Deus e a V. Ex.a, poderemos fervorasamente
fazer as nossas orações, E. assim, vimo-lo trabalha-
sempre incansavelmente por mais este grande bene-
fício: A construção duma Sé Sinagogal Portuguesa.

Não deviam ter deixado de o assaltar desanimos
e até desilusões, não deviam ter-lhe faltado abstaculos
que tinham de ser vencidos, mas V. Ex.a não se dei-
xa invadir pelo desanimo, não se deixa assoberbar
pelo trabalho e a tudo opunha uma vontade ferrea e
indomita. Com certeza que devia ter sempre em
mente a divina: "Querer é vencer", porque não
sendo assim V. Ex.a não venceria e o sr. Capitão ven-
ceu mais esta batalha.

Enfim, não me alongo mais, porque acho inutil
estar a falar num assunto que está tão patente aos
olhos de todos.

Por isso, termino, fazendo os maiores votos defe-
licidade para V. EX.a e para toda a Sua Ex.ma Fami-
lia, pedindo, ao mesmo tempo, aa bom Deus que
lhe de sempre a paz e alegria a que tem direito e
que Ele, infinitamente justiceiro misericordioso para
os da sua causa, não deixará de conceder-lhe,
para assim poder ver os frutos da sua obra, assim po-
demos dizer, e se alegar em nós,

Tambem não quero deixar de agradecer em meu
nome e na de todos os Talmidim e todas as Ex.mas
Senhoras aqui presentes pelo apoio moral e monetá-
rio que sempre tem dispensado a esta comunidade.
A todos muito obrigados,

E nós, Talmidim, trabalhadores tambem, estu-
dando sempre muito, para que assim possamos coope-
rar e continuar a "Obra de Regate" tão brilhante-
mente encetada pelo nosso Dignissimo Reitor e, assim,
vendo Ele os belos frutos que nós faremos sázonar, se
possa alegar em nós e connosco.

Tenho dito.

Foi tambem aplaudido.

Todos os Ta1midim cantaram depois varias can-
ções regionais que sempre Foram aplaudidas.


 
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