HA-LAPID 3 ================================================ Aniversário da Fundação da Comunidade do Porto Com numerosa assistencia, realizou-se neste ins- tituto, no passado Domingo, dia 13, um chá, come- morando o décimo aniversário da fundacão desta Co- munidade Israelita, no Porto. Foi sempre no meia da maior animação que ele decorreu. A alegria, via-se bem, estava estampada nos rostos de todos. Todos os israelisas presentes ti- raram, nestas horas em que estivemos reunidos, mo- mentos de viva comoção intima e de bem sentida ale- gria e satisfaçao, o que se traduziu nas palavras tão cheias de carinho, de incitamento e apoio que todos, unanimemente dirigirem ao Exm° S.r Barros Basto, alma e guia desta já muito florescente Instituição. Não me alongo em mais considerações, porque não foi isso o que me propuz, ao pegar na pena, mas sómente o fazer a descrição desta tão simples e pe- quenina mas tão significativa festa. Por isso, vou já faze-lo para que todos os israelitas que a ela não assis- tiram, possam, ao menos, saber como decorreu. Como não podia deixar de ser, fomos primeira- mente agradecer a Adonai, nosso Deus Unico Pro- tector, a protecção que ele tão pródiga e carinhosa- mente tem dispensado a esta Santa Casa e a todos os seus dirigentes. Foi celebrada a Minegah pelo Moisés de Brito Abrantes que nos deixou a todos muito bem impres- sionados pela maneira clara e devota com que o fez mostrando assim, a boa preparação que teve por parte do corpo docente deste Instituto. Depois de terminada a oração o sr. Samuel Ro- drigues, que tambem Já completou com bons resulta- dos o seu curso, fez-nos uma pequena homilia, termi- nando-a agradecendo ao Ex.mo Sr. Cap. Barros Basto tudo o que tem feito por esta Cass e pela causa Judaica. A seguir, sobe à tribuna o Ex.mo Sr. Capitão que mais uma vez dos cativou e teve como que suspensos da sua palavra sempre tão fluente e cheia de fé. Des- creveu-nos pormemorisadamente a história desta Co- munidade, fazendo sempre salientar o amor, a protec- ção que o Deus forte de Israel sempre tem dispensado nesta Causa: A Obra do Resgate. Fez ver-nos os obstáculos, as dificuldades que Ele, sempre com auxilio Divino, teve de superar. Agradeceu a todos os israelittas presentes fazendo, porém, especial referencia ao Ex.mo Sr. Menasseh Bendob que tambem, como seu fundador, muito con- tribuiu, quer com o seu apoio moral, quer com o au- xilio monetário, para o desenvolvimento espiritual e temporal desta Comunidade. Continuando a fazer a história da Comunidade, Sua Ex.a, com o que nos disse, fez compreender-nos, (não porque falasse Pessoalmente de Si, porque alia ao grande amor que consagra a Esta Obra, uma grande modéstia, quo mais faz realçar o seu profícuo trabalho) que o respeito e a veneração que por Ele já temos, pouco é com o que devemos ter e de que é merecedor. Terminou incitando-nos sempre ao traba- lho e ao cumprimento do dever para que assim pos- samos ser verdadeiros israelitas. Dirigimo-nos, depois, conversando e rindo sem- pre com as frazes tão cheia de graça com que um ou outro Senhor nos brindava, para a sala onde um esplendido servico de chá estava patente, como que a convidar-nos que dele nos servissemos. Começou a servir-se o chá às numerosas Senho- ras que à nossa Festa, deram uma nota muito agrada- vel, e o vinho do Porto aos cavalheiros presentes de que participamos tambem. Durante o chá, pedida a divina vénia fez ouvir-se o seguinte discurso por Jonathan Rebordão: Ex.mo Sr. Capitão Barros Bastos, Minhas Senho- ras, Meus Senhores e Caros Companheiros : Ao orgadisarmos esta pequenina festa tivemos em vista, além de comemorarmos o décimo aniversá- rio da fundação desta comunidade, patentearmos todo o nosso carinho, todo o nosso mais vivo reconheci- mento a V. Ex.a, como seu fundador e digno Reitor. Sim, V. Ex.a, sr. Capitão, é digno do maior reconhe- cimento de todos os Judeus, especialmente dos Judeus Maranos Portugueses. Se hoje o judaismo em Portugal é um facto, se a religião israelita actualmente é praticada já por mui- tos Maranos, tudo é devido ao formidavel esforço e titanico trabalho de V. Ex.a. Mas V. Ex.a não se tem cingidiu sómente ao levantamento moral e espiritual dos Maranos Portugueses. Quiz tambem que tives- sem um templo, uma casa nossa, onde, nós, reconh- cidos a Deus e a V. Ex.a, poderemos fervorasamente fazer as nossas orações, E. assim, vimo-lo trabalha- sempre incansavelmente por mais este grande bene- fício: A construção duma Sé Sinagogal Portuguesa. Não deviam ter deixado de o assaltar desanimos e até desilusões, não deviam ter-lhe faltado abstaculos que tinham de ser vencidos, mas V. Ex.a não se dei- xa invadir pelo desanimo, não se deixa assoberbar pelo trabalho e a tudo opunha uma vontade ferrea e indomita. Com certeza que devia ter sempre em mente a divina: "Querer é vencer", porque não sendo assim V. Ex.a não venceria e o sr. Capitão ven- ceu mais esta batalha. Enfim, não me alongo mais, porque acho inutil estar a falar num assunto que está tão patente aos olhos de todos. Por isso, termino, fazendo os maiores votos defe- licidade para V. EX.a e para toda a Sua Ex.ma Fami- lia, pedindo, ao mesmo tempo, aa bom Deus que lhe de sempre a paz e alegria a que tem direito e que Ele, infinitamente justiceiro misericordioso para os da sua causa, não deixará de conceder-lhe, para assim poder ver os frutos da sua obra, assim po- demos dizer, e se alegar em nós, Tambem não quero deixar de agradecer em meu nome e na de todos os Talmidim e todas as Ex.mas Senhoras aqui presentes pelo apoio moral e monetá- rio que sempre tem dispensado a esta comunidade. A todos muito obrigados, E nós, Talmidim, trabalhadores tambem, estu- dando sempre muito, para que assim possamos coope- rar e continuar a "Obra de Regate" tão brilhante- mente encetada pelo nosso Dignissimo Reitor e, assim, vendo Ele os belos frutos que nós faremos sázonar, se possa alegar em nós e connosco. Tenho dito. Foi tambem aplaudido. Todos os Ta1midim cantaram depois varias can- ções regionais que sempre Foram aplaudidas.
N.º 058, Ab 5693 (Ago 1933)
> P03