HA-LAPID 7 ======================================= Deve-se dizer que ficava Semeão na pri- são, até que os irmãos lhe levassem Ben- jamim pelo que o pai muito se lamentou ao sabe-lo: "Não tenho Josef, Simeão está preso e ainda me quereis levar Benjamin! dizia ele. Não, meu filho não irá convosco, por- que qualquer coisa que lhe acontecesse seria a causa da minha morte". Contudo, tendo-se acabado o trigo man- dava Jacob outra vez os filhos ao Egito. Mas Judá disse: - "Aquele homem que lá governa nos ordenou expressamente que não vollassemos á sua presença sem o nosso irmão menor"-Vendo Jacob que por forma alguma poderia deixar de man- dar Benjamim, confiou-o a Judá, que pro- meteu trazé-lo são e salvo. "Levai o dobro do dinheiro ao Governador e dai-lhe o que achastes nos sacos, não fosse ali posto por engano. Entretanto, continuou ele, ficarei eu só e triste como um homem que perdeu todos os filhos". - Chegavam os irmãos ao Egito e apenas Josef viu que entre eles estava Benjamim ordenou que os fizessem entrar no palácio e lhes fosse servido o jantar. Entretanto eles amedrontados come- çaram logo a falar do dinheiro que haviam encontrado nos sacos. Acalmou-os o mor- domo e trouxe-lhes Simeão e mandou dar rações aos animais. Veio Josef e saudando-os com afabili- bilidade preguntou-lhes -"Vive ainda, vosso pai, está de saúde?" - "Nosso pai, vosso servo, ainda vive e está de saúde". -"E' este vosso irmão mais novo? Deus te abençoe filho meu !" - E saiu depressa para ocultar lágrimas de alegria. Lavou o rosto para fazer desa- parecer os sinais das lágrimas e voltando mandou pôr o jantar. Pôz porém a Ben- jamim um quinhão cinco vezes maior do que os outros e todos comeram e beberam alegremente. CAPÍTULO XV A taça do prata de Josef e o seu reconhe- cimento pelos Irmãos Como Josef quizesse experimentar se os irmãos tratavam a Benjamim com tanta in- veja e ódio como a ele ordenou ao mor- domo depoís de jantar que lhes enchesse os sacos e pozesse no cimo de cada um o dinheiro mas no saco do mais moço que escondesse a sua taça de prata. Feito isso partiram, mas mal eles sairam dava Josef esta ordem: - "Ide ao alcance daqueles homens e detendo-os dizendo: porque pagasteis o bem com o mal, roubando a taça de meu amo ?" Quando o mordomo lhes disse isso exclamaram assustados: - "Aquele que de dentre nós tiver consigo a taça morra e todos nós seremos vossos escravos". Revistando os sacos foi o objecto que procuravam encontrando no de Benjamim. Cheios de espanto rasgaram os vestidos e foram conduzidos para a cidade á presença de Josef, que, com fingida severidade lhe preguntou o motivo porque assim haviam procedido. Responde ]udá: "Que diremos para nos justiticar? Deus nos castiga pelo nosso pecado. Seremos todos teus escravos". Tornou Josef: - "Deus me defenda de tal fazer. Aquele que roubou a taça fica meu escravo, mas vós outros voltai em paz para casa de vosso pai". Contou-lhe Judá o sacrifício feito pelo pai para deixar partir Benjamim e depois acrescentou : -"Se eu voltar agora sem o menino, ah! que nosso pai morreria de mágua. Meu Senhor, responsabilizei-me por ele e ficarei eu, pois de boa vontade serei teu escravo, mas deixai-o voltar com os seus irmãos". Não se pôde mais conter Josef, e, man- dando retirar os estranhos que ali se en- contravam disse: - "Eu sou Josef". Não é possivel des- crever o estado de terror em que ele fica- ram. Então continuou ele: - "Eu sou vosso irmão que vendestes para o Egito. Mas não tenhais medo. Foi pela vontade de Deus que vós me mandas- tes para aquí, e não pela vosssa. Apressai- -vos, ide ter com o meu pai e dizei-lhe: - "Eis o que teu filho te mandou di- zer: Deus me tornou Senhor de todo o Egito; vem para junto de mim; habitarás a mais formosa parte destes reinos e tudo terás em abundancia, pois ainda restam cinco anos de fome".
N.º 058, Ab 5693 (Ago 1933)
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