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N.º 058, Ab 5693 (Ago 1933)







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N.° 58                                PORTO - Ab de 5693 (Agosto de 1933)                             ANO VII
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Tudo se ilumina                     _______  ___  _______ |=|____  _______                    ...alumia-vos e
para aquele que                    |____   ||_  ||  ___  ||____  ||_____  |                   aponta-vos o ca-
busca a luz.                            | |   |_| \_\  | |    / /   _   | |                   minho.
                                        | |       _____| |   / /   | |  | |
       BEN-ROSH                         |_|      |_______|  /_/    |_|  |_|                          BEN-ROSH

                                                  (HA-LAPID)

                                      Órgão da Comunidade Israelita do Porto

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DIRECTOR E EDITOR: -A. C. os BARROS BASTO (BEN-ROSH)   || COMPOSTO E IMPRESSO NA Empresa DIARIO DO PORTO, Lda
REDACÇÃO-Rua Guerra Junqueiro, 340-Porto               ||           Rua de S. Bento da Victoria, 10
(Toda a correspondencia deve ser dirigida ao director) ||   ---------------- P O R T O ----------------
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A agonia do Judaismo na Alemanha

Há mais de três meses acolhemos e
auxilíamos os que as perseguições privam
de toda a esperança; familias inteiras cujo
pai se encontra de hora á vante na impos-
sibilidade de ganhar o pão de cada dia, fun-
cionarios, professores, médicos, advogados
prescritos sem piedade, industriais e comer-
ciantes perseguidos nas suas proprias em-
presas, jovens sem nenhuma possibilidade
de criar uma situação. por modesta que seja,
creanças que os seus pais recusam deixar
nas escolas, onde nada as protege contra a
severidade inhumana dos mestres ou os
ataques dos camaradas, nas cidades em
que o numero de clausus ainda não conde-
nou a uma ignorancia que nenhum espirito
livre admitiria-sem contar a lamentavel
teoria destes caminheiros das marchas
orientais da Europa, destas familias russas
antes de ontem polacas ontem, sem patria
hoje, que ficam como um simbolo vivo da
herança de Israel, familias numerosas que a
civilização ocidental não pode ainda afinar
mais que, quando elas encontraram o solo
onde se enraizar, revelaram energias novas
e vontades imprevistas. E' assim que nós
lemos em Paris mais de 5.000 refugiados
judeus da Alemanha.

Quando o governo decidiu, para ficar
fiel á mais humana das tradições, abrir a
fronteira aos que fugiam das torturas dos
campos de concentração e o esolamento
moral quási sempre mais terrivel ainda que
os sofrimentos fisicos, o judaísmo francês
não esitou deante do seu dever. Não recuou
deante do mais pesado dos sacrifícios, ape-



sar da crise, apesar de certas lembranças, é
preciso bendize-lo, que teria podido tornar
a assistencia menos espontanea. Mas a am-
ptidão do cataclismo, as horas trágicas que
o inverno, nos prepara devem desviar to-
dos os escrupulos e nos ordenam conforme
a bela expressão do presidente Painlevé,
de colocar todas as nossas preocupações
"sobre o plano da humanidade".

Todos os refugiados alemães que vieram
procurar asilo na França, encontraram pão
e um teto.

Podem-nos censurar por não ter ainda
procurado a solução construtiva do proble-
ma. Mas os esforços do Comité Nacional
vão tentar de hoje em diante, pela organiza-
ção internacional da emigração e a coloca-
ção em toda a França, para livrar a comu-
nidade parisiense duma carga que passa
acima dos seus meios. O apoio que o go-
verno nos quer prestar vai facilitar a nossa
tarefa.

Entretanto será pueril crer que um tra-
balho de auxilio de alguns meses pode re-
solver um problema cuja opinião interna-
cional deveria ser atacada. 0 silencio ina-
dmissivel da imprensa não deve prestar-se
á confusão. O judaismo encontra-se em ves-
peras das horas mais tragicas que conheceu
desde as perseguições da idade media.

A ditadura hitleriana, com uma obstína-
ção sem piedade, prossegue a sua politica
de aniquilamento das forças judaicas da
Alemanha.

As medidas legais multiplicam-se contra
os judeus em todos os dominios. Amanhã


 
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