HA-LAPID 3 ========================================= Como disse, a figura marcante e heroica do snr. Cap Barros Basto impô-se, tendo só como norma e divisa: a verdade Foi ele tambem que teve essa força de vontade, foi êle que levantou do letargismo em que jazia o Judaísmo que nem se sabia onde existia. Assim, Vemo-lo sempre incansavelmente trabalhando tambem pela obra da purifica- ção do Templo o da nova dedicação do altar. Vemo-lo sempre dar o melhor do seu esforço à obra a que consagra a sua conti- nua atenção. Tem sido com o impulso dele que o Ju- daismo em Portugal tem singrado atravez do tormentoso mar da maldicencia, da opo- sição e dos ódios a que tem sido sujeito. Minhas Senhoras e meus Senhores, se as figuras dos Macabeus se impõem à nos- sa admiração e respeito nos causam assom- bro, não menos se nos deve impôr o do snr. Capitão, porque, se os Macabeus venceram, em péssimas circunstancias, inimigos que, todavia, os combatiam aberta e até lialmente, o snr. Capitão tem de lutar contra inimigos que não conhece e que nem sequer vê. Apesar disso, a obra tem prosseguido sem- pre e a atesta-lo está o estarmos aqui reuni- dos na mais completa confraternização. * * * Ainda aplaudindo o jovem, cujo trabalho é já louvavel, passamos a outro andar, onde duas grandes mesas mostravam cálices, cha- venas, doces e vinho, parecendo indicar a maneira como se passariam algumas horas. De facto, os numerosos convidados, al- guns dos quais nos honraram pela primeira vez com a sua assistência, tomaram lugar á volta delas, deixando transparecer a bôa disposição por animadas conversas e cons- tantes sorrisos. Desta maneira as horas decorreram des- percebidas; o sol desapareceu Saüdosamente além detrás do mar e a noite caiu, ao con- trário do que sucede no estio, rápida e iria. * * * Falta ainda dizer uma outra causa desta festa. Ligando o passado ao presente, lem- brámo-nos que não só é aniversário dos heroicos Macabeus de outrora, mas tambem de alguem que, actualmente se tem dedicado com tanto amor como êles á mesma obra: resgate, consagração do templo e distribui- ção da paz espiritual, para o que igualmente teve de lutar contra erros, injustiças, ou numa palavra, contra mil obstáculos que de todos os lados surgiram. Este alguem é S. Ex.cia o Snr. Capitão Barros Basto, a quem, a pedido e em nome de várias pessôas, aqui apresento as nossas homenagens e as nossas felicitações por mais uma primavera decorrida. Porto, 18 12-1933 David Augusto Marino o o o A fé dum Velho judeu O Imperador Adriano passava um dia pelas ruas de Tiberiades e ficou mui admi- rado por ver um velho a plantar uma fi- gueira. Não se conteve, que não se aproximas- se dele e lhe dissesse: -Para que estás a plantar essa árvore: Mesmo quando a plantasses na juventude já só quando velho comerias os seus fru- tos, os quais assim, podes estar bem segu- ro de não ver. Respondeu-lhe o ancião: - Eu trabalhei na minha juventude. mas não posso deixar de continuar agora. A minha vida está nas mãos de Deus, e, so Ele quizer, poderei provar os frutos desta figueira, -Qua idade tens, preguntou-lhe o Im- perador ? -Cem anos, respondeu o velho. -Cem anos!!! e com esperanças do provar os frutos dúma tam pequenina fi- gueíra. -Assim é a vontade de Deus, diz o ancião; mas, caso não venha eu a prova- -los, come-los-á o meu filho, assim como eu comi os frutos do trabalho de meu pai. - Muito bem, torna o Imperador. Se viveres até comer esses frutos, ro- go-te que me vás avisar. A figueira cresceu muito e deu figos.
N.º 060, Kislev 5694 (Dez 1933)
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