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Ha-Lapid הלפיד


N.º 060, Kislev 5694 (Dez 1933)







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                HA-LAPID               3
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Como disse, a figura marcante e heroica
do snr. Cap Barros Basto impô-se, tendo
só como norma e divisa: a verdade

Foi ele tambem que teve essa força de
vontade, foi êle que levantou do letargismo
em que jazia o Judaísmo que nem se sabia
onde existia.

Assim, Vemo-lo sempre incansavelmente
trabalhando tambem pela obra da purifica-
ção do Templo o da nova dedicação do
altar.

Vemo-lo sempre dar o melhor do seu
esforço à obra a que consagra a sua conti-
nua atenção.

Tem sido com o impulso dele que o Ju-
daismo em Portugal tem singrado atravez
do tormentoso mar da maldicencia, da opo-
sição e dos ódios a que tem sido sujeito.

Minhas Senhoras e meus Senhores, se
as figuras dos Macabeus se impõem à nos-
sa admiração e respeito nos causam assom-
bro, não menos se nos deve impôr o do snr.
Capitão, porque, se os Macabeus venceram,
em péssimas circunstancias, inimigos que,
todavia, os combatiam aberta e até lialmente,
o snr. Capitão tem de lutar contra inimigos
que não conhece e que nem sequer vê.
Apesar disso, a obra tem prosseguido sem-
pre e a atesta-lo está o estarmos aqui reuni-
dos na mais completa confraternização.

                 *
               *   *

Ainda aplaudindo o jovem, cujo trabalho
é já louvavel, passamos a outro andar, onde
duas grandes mesas mostravam cálices, cha-
venas, doces e vinho, parecendo indicar a
maneira como se passariam algumas horas.

De facto, os numerosos convidados, al-
guns dos quais nos honraram pela primeira
vez com a sua assistência, tomaram lugar á
volta delas, deixando transparecer a bôa
disposição por animadas conversas e cons-
tantes sorrisos.

Desta maneira as horas decorreram des-
percebidas; o sol desapareceu Saüdosamente
além detrás do mar e a noite caiu, ao con-
trário do que sucede no estio, rápida e iria.

                 *
               *   *

Falta ainda dizer uma outra causa desta
festa. Ligando o passado ao presente, lem-



brámo-nos que não só é aniversário dos
heroicos Macabeus de outrora, mas tambem
de alguem que, actualmente se tem dedicado
com tanto amor como êles á mesma obra:
resgate, consagração do templo e distribui-
ção da paz espiritual, para o que igualmente
teve de lutar contra erros, injustiças, ou
numa palavra, contra mil obstáculos que de
todos os lados surgiram.

Este alguem é S. Ex.cia o Snr. Capitão
Barros Basto, a quem, a pedido e em nome
de várias pessôas, aqui apresento as nossas
homenagens e as nossas felicitações por
mais uma primavera decorrida.

    Porto, 18 12-1933

               David Augusto Marino

             o o o

A fé dum Velho judeu

O Imperador Adriano passava um dia
pelas ruas de Tiberiades e ficou mui admi-
rado por ver um velho a plantar uma fi-
gueira.

Não se conteve, que não se aproximas-
se dele e lhe dissesse:

-Para que estás a plantar essa árvore:
Mesmo quando a plantasses na juventude
já só quando velho comerias os seus fru-
tos, os quais assim, podes estar bem segu-
ro de não ver.

Respondeu-lhe o ancião:

- Eu trabalhei na minha juventude.
mas não posso deixar de continuar
agora.

A minha vida está nas mãos de Deus,
e, so Ele quizer, poderei provar os frutos
desta figueira,

-Qua idade tens, preguntou-lhe o Im-
perador ?

-Cem anos, respondeu o velho.

-Cem anos!!! e com esperanças do
provar os frutos dúma tam pequenina fi-
gueíra.

-Assim é a vontade de Deus, diz o
ancião; mas, caso não venha eu a prova-
-los, come-los-á o meu filho, assim como
eu comi os frutos do trabalho de meu pai.

- Muito bem, torna o Imperador.

Se viveres até comer esses frutos, ro-
go-te que me vás avisar.

A figueira cresceu muito e deu figos.


 
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