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Ha-Lapid הלפיד


N.º 060, Kislev 5694 (Dez 1933)







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 6           HA-LAPID
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estudo da Thorah, na qual teve como mes-
tre o célebre Rabbi Joseph Ben Abraham
H'aim, mas dedicou-se tambem ao estudo
das linguas estrangeiras, cultivou a Filoso-
fia e a Historia e não descurou nenhuma
das ciências naturais".

"Apenas com vinte anos compoz o seu
primeiro trabalho, intitulado Atéret Zeke-
nim (o ornamento dos velhos) no qual
toca já grande parte da doutrina princi-
pal do judaismo, alguns dos problemas
que ele enfrentará dum modo mais com-
pleto nas suas numerosas obras, seguin-
tes.

De particular importância é uma obser-
vação de natureza autobiográfica, contida
na introdução ao Ateret Zekenim. O jó-
vem autor lamenta-se que outras ocupa-
ções o dístraiam dos estudos, que sabe-
mos ser o seu campo d'actividade prefe-
rido. E' um motivo que resalta frequen-
temente nos escritos de Abarbanel, mas
que adquire um significado e um valor
muito especial na sua primeira obra juve-
nil".

"Em 1473 êle inicia o seu comentário
ao Dauteronomio, obra que será muitas
vezes interrompida pelas ocupações poli-
ticas e que será terminada muitos anos
depois na terra do exilio".

"Bem depressa, segundo as previsões
feitas no Ateret Zekenim, êle foi distraido
dos seus estudos preferidos. De facto
Afonso V, soberano inteligente e culto,
que tinha notado a capacidade política e
financeira do jóvem Abarbanel, chamou-o
á Côrte, confiando-lhe, pouco depois o
cargo de tesoureiro regio ou, para usar
uma terminologia mais moderna, de Mi-
nistro das Finanças".

"No prefácio ao seu comentário ao
livro dos Reis, êle expressamente diz qual
foi o periodo mais feliz da sua vide: -Eu
vivia em paz na casa paterna, na muito
celebrada Lisboa, onde Deus me tinha
concedido largamente bençãos, riquezas e
honras. Eu tinha construido um palácio
e construído vastos salões. A minha casa
era grêmio de doutos e de sábios. Eu era
bemquisto na Côrte de Afonso, rei pode-
roso e justo, sob o qual ainda os hebreus
gosavam dias de liberdade e de prospe-
ridade. Eu era por êle estimado e em
mim punha a sua confiança. Com seu
agrado eu ia e andava no seu palácio".



Apesar de rico, poderoso e bem visto
pelos seus visinhos cristãos, Don Isac
Abarbanel, bem longe de se desinteressar
da sorte de seus irmãos, empregou sem-
pre a sua importancia e a sua influencia
politica ao levantamento dos hebreus. Com
razão seu filho Judah, mais conhecido pe-
lo nome de Leão Hebreu lhe chama "Es-
cudo e Fortaleza" do povo desterrado.

"Quando em 1472 com a conquista de
Arzila, cidade de Marrocos, foram feitos
prisioneiros e vendidos como escravos
250 hebreus, ele nada poupou para obter
o seu resgate, Constituíu em Lisboa uma
comissão de 12 membros com o encargo
de recolher dinheiro, para que por toda
a parte a solidariedade dos hebreus não
fosse insensível aos sofrimentos dos pro-
prios irmãos. Ele proprio percorreu todo
Portugal á procura dos escravos vendidos
e, não satisfeito de os haver resgatado,
providenciou para que lhes não faltassem
alimentos e vestidos, até que, aprendida a
lingua do pais, podessem bastar-se ao seu
proprio mantimento."

"Os nobres sentimentos, a sua religio-
sidade profunda e sincera, a sua sabedoria
aliada a uma grande modestia tinham-lhe
grangeado a benevolencia e a amisade de
muitos notaveis e doutos portugueses.

Ele tinha relações muito cordiais com
o Duque de Bragança, principe de san-
gue, senhor de vastas terras, que tinha ao
seu serviço um pequeno exercito e que
pouco era inferior em poderio ao proprio
rei.

As suas relações com a alta nobreza fo-
ram-lhe funestas. Joao II, sucedendo a seu
pai Afonso V, mal tolerava a manifesta po-
pularidade que gosava o Duque de Bra-
gança. Atraindo-o pérfidamente ao paço,
fê-lo decapitar, motivando a condenação
com supostas maquinações em seu dano.
Também Abarbanel, que todos sabiam unido
com laços de amisade ao duque justiçado,
foi acusado de haver sustentado a revolta.
com conselhos e com dinheiro Avisado a
tempo do perigo que corria, pode acolher-
-se na visinha Castela. Dali Don Isac Abar-
banel tentou em vão, convencer João II da
sua inocência, pois os seus protestos de
nada valeram e foi-lhe confiscado o seu pa-
trimónio. Todavia a sua família não foi
molestada -e pode ir juntar-se-lhe na sua
nova morada.


 
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