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Ha-Lapid הלפיד


N.º 063, Nisan 5694 (Mar 1934)







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               HA-LAPID                5
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            VIDA COMUNAL

                PORTO

Sinagoga Kadury Mekar Haim-Prosse-
guem com actividade as obras de constru-
ção deste templo, estando já concluidas as
obras de pedreiro e a cobertura.

Visitantes -Várias entidades portuguesas
e estranjeiras teem visitado a nossa sinago-
ga, entre elas o Ex.mo Snr. Doutor Moises
Bensabat Amzalak, digno Presidente da
Comunidade Israelita de Lisboa, acompa-
nhado de sua Ex.ma Espôsa.

Donativo- Por sua Eminêncía o Rabbi-
-mór da Union of Sephardi Congretions,
Rev.° Doutor David Sola Pool foi enviado
um cheque de trinta dollars para o Instituto
Teológico Israelita do Porto, resultado duma
subscripção aberta entre os alunos de al-
guns Talmud Thorah de Neve-York. Com
êste donativo foram adquiridos alguns pa-
péis de rendimento para o fundo Rabbi-mor
Dr. de Sola Pool.

               o o o

Tarsis na Tradição Bíblica

(Subsidios para o estudo de
Portugal proto-histórico)

Muita gente tem por costume considerar
a biblia apenas como um livro essencial-
mente religioso, e por isso desprovido de
interesse, debaixo do ponto de vista de fon-
te histórica, para o estudo dos povos, que
tiveram relações com os israelitas. A biblia
hebraica, vulgarmente conhecida pelo nome
de Velho Testamento, é um aglomerado de
livros ou fragmentos de livros históricos,
poéticos e moraes; foi a este mosaico literá-
rio que fui buscar algumas identificações
sôbre a situação de Tarsis e dos seus pro-
dutos, e dessa investigação algumas indica-
ções preciosas obtive.

A palavra Tarsis encontra-se escrita na
biblia com a forma Tharshish e Tharsis,
representando eu aqui o Thav hebraico por
Th, o shim por sh e o sim por s. Para os
não hebraizantes direi que o shim era pro-



nunciado por umas tríbus hebraicas, como
o ch português na palavra chá, e outras
tríbus pronunciavam-no como um s; infor-
marei mais que no hebraico desprovido de
pontos massoréticos não se distingue o
shim do sim; e estes pontos massoréticos
só foram inventadas alguns séculos depois
da destruição do estado judaico.

Vamos agora citar textos bíblicos refe-
rentes a Tarsis, e comenta-los.

No livro dos juises um canto épico cele-
brando uma vitória dos israelitas sôbre os
cananeus; esta poesia, conhecida pelo nome
de Cântico de Deborah, indica quais as
tríbus israelitas que tomaram parte na luta
e as que faltaram, referindo o motivo dessa
falta. As tríbus de Dan e de Asher são as-
sim ditadas:

...Dam quem o retém junto aos navios?
Asher, fixou-se no litoral, acantona-se junto dos
                             seus portos;...

Vizinhas da Fenícia, estas duas tríbus
hebraícas eram também navegadoras. Não
admira os hebreus não serem citados como
navegadores pelos historiadores gregos,
porque falando os israelitas e os fenicios a
mesma lingua e sendo vizinhos, natural é
que dessem o nome de fenicios a todos es-
tes navegadores antigos. Ainda hoje, no sé-
culo XX, vemos povos do Norte da Europa
contundirem portugueses com espanhóis,
designando-os todos por espanhóis.

Êste cântico de Deborah é datado, com
plena concordância de todos os exegetas
biblicos, do ano 1250 antes da era vulgar.
Daqui conclua a existência de navegadores
hebraicos no seculo XIII antes da era vul-
gar.

No Livro I dos Réis, capítulo X, versí-
culo 22, lêmos:

-"De facto, o rei Salomão tinha uma
frota com destino a Tarsis, navegando com
um carregamento de ouro, prata, marfim,
macacos e pavões."

No Livro das Crónicas, capitulo IX, ve-
mos idêntico relato.

O rei Salomão subiu ao trono no ano
970 antes da era vulgar. Daqui conclua que
navegadores fenícios e hebraicos iam a Tar-
sis e com ela mantinham relações comerciais


 
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