HA-LAPID 5 ========================================= VIDA COMUNAL PORTO Sinagoga Kadury Mekar Haim-Prosse- guem com actividade as obras de constru- ção deste templo, estando já concluidas as obras de pedreiro e a cobertura. Visitantes -Várias entidades portuguesas e estranjeiras teem visitado a nossa sinago- ga, entre elas o Ex.mo Snr. Doutor Moises Bensabat Amzalak, digno Presidente da Comunidade Israelita de Lisboa, acompa- nhado de sua Ex.ma Espôsa. Donativo- Por sua Eminêncía o Rabbi- -mór da Union of Sephardi Congretions, Rev.° Doutor David Sola Pool foi enviado um cheque de trinta dollars para o Instituto Teológico Israelita do Porto, resultado duma subscripção aberta entre os alunos de al- guns Talmud Thorah de Neve-York. Com êste donativo foram adquiridos alguns pa- péis de rendimento para o fundo Rabbi-mor Dr. de Sola Pool. o o o Tarsis na Tradição Bíblica (Subsidios para o estudo de Portugal proto-histórico) Muita gente tem por costume considerar a biblia apenas como um livro essencial- mente religioso, e por isso desprovido de interesse, debaixo do ponto de vista de fon- te histórica, para o estudo dos povos, que tiveram relações com os israelitas. A biblia hebraica, vulgarmente conhecida pelo nome de Velho Testamento, é um aglomerado de livros ou fragmentos de livros históricos, poéticos e moraes; foi a este mosaico literá- rio que fui buscar algumas identificações sôbre a situação de Tarsis e dos seus pro- dutos, e dessa investigação algumas indica- ções preciosas obtive. A palavra Tarsis encontra-se escrita na biblia com a forma Tharshish e Tharsis, representando eu aqui o Thav hebraico por Th, o shim por sh e o sim por s. Para os não hebraizantes direi que o shim era pro- nunciado por umas tríbus hebraicas, como o ch português na palavra chá, e outras tríbus pronunciavam-no como um s; infor- marei mais que no hebraico desprovido de pontos massoréticos não se distingue o shim do sim; e estes pontos massoréticos só foram inventadas alguns séculos depois da destruição do estado judaico. Vamos agora citar textos bíblicos refe- rentes a Tarsis, e comenta-los. No livro dos juises um canto épico cele- brando uma vitória dos israelitas sôbre os cananeus; esta poesia, conhecida pelo nome de Cântico de Deborah, indica quais as tríbus israelitas que tomaram parte na luta e as que faltaram, referindo o motivo dessa falta. As tríbus de Dan e de Asher são as- sim ditadas: ...Dam quem o retém junto aos navios? Asher, fixou-se no litoral, acantona-se junto dos seus portos;... Vizinhas da Fenícia, estas duas tríbus hebraícas eram também navegadoras. Não admira os hebreus não serem citados como navegadores pelos historiadores gregos, porque falando os israelitas e os fenicios a mesma lingua e sendo vizinhos, natural é que dessem o nome de fenicios a todos es- tes navegadores antigos. Ainda hoje, no sé- culo XX, vemos povos do Norte da Europa contundirem portugueses com espanhóis, designando-os todos por espanhóis. Êste cântico de Deborah é datado, com plena concordância de todos os exegetas biblicos, do ano 1250 antes da era vulgar. Daqui conclua a existência de navegadores hebraicos no seculo XIII antes da era vul- gar. No Livro I dos Réis, capítulo X, versí- culo 22, lêmos: -"De facto, o rei Salomão tinha uma frota com destino a Tarsis, navegando com um carregamento de ouro, prata, marfim, macacos e pavões." No Livro das Crónicas, capitulo IX, ve- mos idêntico relato. O rei Salomão subiu ao trono no ano 970 antes da era vulgar. Daqui conclua que navegadores fenícios e hebraicos iam a Tar- sis e com ela mantinham relações comerciais
N.º 063, Nisan 5694 (Mar 1934)
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