6 HA-LAPÍD ========================================= pelo menos no século X antes da era vul- gar. No livro de Tehelim (Salmos), recopila- ção de cânticos de várias épocas, encontrei o salmo LXXII que faz o elogio de Salo- mão. O autor dessa poesia dirige-se a Sa- lomão, cantando a sua grandeza, em riqueza- bondade e sabedoria, e deseja-lhe mais prosperidades. Pela forma como está redi- gido e pelas citações de povos tributários, parece ter sido composto durante o reinado daquele monarca e quando êle tinha atingi- do o explendor. Este salmo, diz-nos: "...os réis de Tarsis e das ilhas trazem-lhe oferendas; os réis de Chebá e de Sebá dão-lhe presen- tes". Daqui concluo que Tarsís era uma re- gião que tinha, pelo menos, um réi e que estes réis tinham conhecimento da existên- cia do réi dos israelitas, a quem presentea- vam; facto idêntico se dava no tempo dos descobrimentos marítimos dos portugueses: os réis dos paises africanos e asiáticos, onde os portugueses estabeleciam as suas feito- rias, também mandavam presentes ao réi de Portugal. No Livro II das Crónicas, capitulo XXI, vemos: "...Finalmente, Josaphat, rei de Judá, aliou-se com Achazia, rei de Israel, cuja conduta foi ímpia. Josaphat põe-se de acôr- do com êle para construir uma frota que se devia dirigir a Tarsís. Esta frota construi- ram-na em Ecion-Gheber. Então, Elieser, filho de Dodavahu, de Marekhá, dirigiu uma profecia a josaphat, nestes termos: - "Por te aliares com Achazia, o Senhor arruina o teu empreendimento". Os navios naufragu- ram e não chegaram a Tarsis." Daqui concluo que a navegação e co- mércio dos hebreus com Tarsis, continuou mesmo depois do cisma das dez tríbus, não só o reino de Israel, no qual se continham as tríbus marítimas de Dan e Asher, mas também o reino de Judá se dedicavam à na- vegação e comercio com Tarsís. No Salmo XLVIII: "...porque os réis se tinham ligado, mas Juntamente desapareceram. E' que eles viram: imediatamente foram tamados de es- panto, o pavor os alcançou; perdidos, fugi- ram. Ali um tremor se apoderou dêies, uma angústia como de mulher parturiente: com o vento Leste, tu (Deus), quebraste os navios de Tarsís." Ignoro a que se refere êste salmo, mas é muito provável que se retira à grande em- prêsa marítima a que se refere o texto ante- rior; êste texto mostra-nos que o vento Les- te foi prejudicial aos navios de Tarsis, o que parece indicar que essa terra ficava para Oeste. Em Isaías, capítulo II versículo 12 a 17, lêmos: --Sim, Adonai Sebaoth fixará um dia contra o orgulhoso e soberbo, contra aque- le que se eleva: êles serão humilhados; contra os cedros altivos e majestosos do Libano e os robles de Basan; contra tôdas as altas montanhas e colinas altaneiras; contra as tôrres elevadas e potentes mura- lhas; e contra os navios de Tarsis e os edi- ficios sumptuosos. O orgulho dos homens será humilhado. a sua arrogância será aba- tida; só Adonai será grande nesse dia." Isaias, era ministro do rei de Judá no ano 740 antes da era vulgar. Pelo trecho que apresento nota-se que os navios de Tarsis eram grandes e importantes; não quere po- rém isto dizer que os navios fôssem mesmo de Tarsis, julgo que a designação é seme- llrante à usada pelos portugueses "As naus da Índia", isto é, os navios que faziam o tráfico com a Índia. Em Isaias-capítulo XXIII, lêmos: "Visão contra Tyro:~Lamentai-vas, na- vios de Tarshish. porque ela (Tyro) é devas- tada; nada de casas, nada de pôrto de acesso! A notícia foi-lhes anunciada de Kittim (Chypre). Habitantes da costa, sêde mudos de espanto, vós que enchieis de ri- quezas os mercadores de Sidon, estes ou- sados navegadores. Através das vastas ondas. os grãos do chilor, as messes do Ni- lo vinham aprovisioná-la; ela era o mercado das nações. Sidon, ruboriza-te de vergonha, porque assim fala o mar, a cidadela do mar: Eu não senti dores, não dei à luz, não alimen- tei rapazes, nem eduquei raparigas. Assim
N.º 063, Nisan 5694 (Mar 1934)
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