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N.º 065, Sivan 5694 (Mai 1934)







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 2             HALAPID
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MOISES
por Ahad-Haam

Quando Moisés deixa a escola para
entrar na vida, a primeira coisa que vê
foi uma ofensa feita à justiça. Não dá
tempo a reflexão, mas pune a afronta
imediatamente: a eterna luta entre o pro-
feta e a vida está declarada.

Um Egípcio maltrata um hebreu, o
forte esmaga o fraco. Tal é o primeiro
espectáculo que lhe mostra a vida. Moi-
sés fica indignado - e coloca-se do lado
do fraco. Mas um outro espectáculo mais
aflitivo o comove: "Dois Hebreus estavam
em briga", Ambos seus irmãos; ambos
fracos, ambos escravos de Pharaó e ba-
tem-se entre si! Esta vez ainda, um sen-
timento de justiça se apodera do coração
do profeta-e intervem.

Mas é forçado a reconhecer que não
há coisa própria senão tomar sempre o
partido do direito e que interpondo-se
entre homens mais fortes põe a sua pró-
pria vida em perigo. Mas esta comprovação
não o torna mais "sábio".

Expulso do seu país, da sua pátria,
vai estabelecer-se noutra parte. Chegado
a um pais desconhecido assenta-se á beira
dum poço. E lá, mais uma vez ouve a voz
da justiça oprimida e vôa em seu socor-
ro. Esta vez não são hebreus que dispu-
tam, são homens dum outro povo, dum
povo que não conhece. Mas que importa!
O profeta não faz distinção entre homens.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Durante tôda a sua vida de nomada,
não cessa de combater pela causa do di-
reito. E tornar-se-á o libertador do seu
povo e ensinará a justiça não sómente aos
homens do seu tempo, mas a todas as ge-
rações futuras.

A revelação desta missão tem por qua-
dro o grande e silencioso deserto. O pro-
feta já cançado de dominar a eterna luta,
aspira a uma vida calma. E' por isso, que
êle deixa os homens o se faz pastor. Com
o seu rebanho, chega ao deserto. Mas o
repouso foge-lhe tambem lá. Sente que
não substituiu a sua missão. Uma voz in-
terior pareceu dizer-lhe: "Que fazes tu ai?
Vai retomar a luta para que foste creado!"

Procura subtrair-se a esta voz, mas



não o consegue. A voz do Divino, a seu
pezar, fala à sua consciência.

Um fogo queima os seus ossos. Na sua
mocidade, havia feito tudo que estava em
seu poder para impôr o reino da justiça
no mundo, mas o fogo não se havia mo-
derado. A luta tinha consumido os melho-
res anos da sua vida, a sua fôrça e o seu
vigor sem que tivesse triunfado. Agora
estava ás portas da velhice. Ainda um
pouco e as suas forças abandoná-lo-ão
tornar-se-à como uma árvore seca que
não dá mais frutos.

Poderá, agora, encontrar novos cami-
nhos para chegar ao seu fim?

Poderá ser bem sucedido lá, onde ti-
nha encalhado na sua juventude? Que
pode fazer quo não tenha já feito? Por-
que o fogo continua a arder no seu cora-
ção e a perturbar a sua tranquilidade?

De repente, o profeta ouve a voz di-
vina: "Eu sou o Deus de teu pai, o Deus
dos teus antepassados!". Como Moisés
pode esqueçer isso? Deus, tinha-o servido
com todo o ardor da sua fé, tinha-se ba-
tido pela ideia da justiça. Em Madian, em
toda a parte onde o haviam conduzido os
seus passos, se tinha esforçado por salvar
o oprimido das mãos do opressor.

Tinha pregado a verdade, a paz e o
direito. Mas o Deus dos seus pais tinha-o
esquecido! Do seu povo não se lembrava
mais...

A esperança renasce no seu coração,
enfortalece-se de instante a instante; o
profeta sente crescer as suas forças e re-
novar-se os dias da sua mocidade. Sabe
de hoje em diante a vida que deve seguir.
Assim pois, não tinha perdido todo o seu
vigor demorando-se no meio dos outros
povos que o consideravam como um es-
tranjeiro e que não queriam os seus ensi-
namentos...

Irá agora para o seu povo, para os
seus irmãos- e lhes falará em nome de
Deus de seus pais.

Eles escutá-lo-ão, porão uma orelha
atenta a tudo o que lhes disser, obecerão
à sua voz, e fundará o reino da justiça
com o auxilio do povo que fará sair do
Egipto, da casa onde é escravo.

A ideia é tão grande, tão bela que es-
quece por um momento os obstáculos er-
guidos sobre o seu caminho. Não se apre-
sentarà só diante do Pharaó. Sabe que


 
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