HA-LAPID 7 ======================================= de casinhas brancas, o Monte Crasto co- meça-sa a avistar. E' para ali que nos dirigimos. Vamo-nos aproximando. Estamos chegados. Da base, contemplamos o cume. E' um pouco alto, mas ninguém pensa em deistir da subida. Uns, seguem a es- trada que a êle conduz, outros, os mais novos, os mais corajosos. sobem através de perigosos escarpados, entre espessa ve- getação. Alguns param, e, entre estes eu, a-fim-de dirigirmos o olhar para o Porto. Entre as névoas que o cobrem, vemos uma infinidade de casas, das quais se des- tacam os monumentos mais elevados, a começar, bem entendido, pela Tôrre dos Clérigos. Os raios solares começam a dissipar os vapores que cobrem o universo e veem aquecer-nos e obrigar-nos a aliviar de uma parte do nosso vestuário. Continuamos a subir. Algumas barra- cas, um café, uma gruta artificial, mas digna de alguns momentos de atenção e eis-nos no cimo dum largo, em cujo cen- tro uma branca ermida se eleva a alguns metros de altura. Baixamos uma escada . Crianças em baloiços, cantam alegre- mento. Altas árvores e, à sua sombra, mesas de granito com os respectivos ban- cos, tudo de maneira muito simples con- vidam a tomar ali uma refeição. Visto que é já quasi meio dia, nós, com bastante apetite despertado, sobre- tudo, pela ascensão ao monte, dispomos sôbre elas os nossos almoços. Ao sentarmo-nos, lembro-me bem, estava tao distraido na contemplação da paisa- gem que não reparei que os bancos de pedra, eram fixos, e tento aproximar o meu da mesa. O local e vistas são quási o único assunto da nossa conversação. Acabamos a refeição. Num pequeno vale, dá se começo a um baile. O salão não é encarado mas sim coberto de relva, contudo, sei que al- guns nem notaram tal. Pala minha parte subo de novo ao cu- mo para mais demoradamente e ainda uma vez, espraiar a vista pelo panorama. Na encosta crianças rapazes e homens, tudo misturado, jogam a bola. Num lugar canta-se, noutro baila-se, e num terceiro, canta-se e baila-se ao mes- mo tempo. O som das vozes mistura-se. tornando-as todas imperceptiveis. Tudo está alegre. No céu, há pouco límpido, começam novamente a aparecer nuvens. Entretanto, as horas vão decorrendo uma após outras. E as nuvens continuam a acumular-se no firmamento e a tornar a côr escura. Mas já são seis horas. Retomamos o nosso lugar á mesa para lanchar. A seguir contemplo o largo cimeiro, a que já me referi. Com paredes de cons- trução simples, rodeado duma espécie de ameias, dá o aspecto dum castelo um pou- co mudado, que tanto pode ser de cons- trução moderna como pode ter séculos de existencia. Mas, o mais possivel, é que houvesse sido uma fortaleza indigena, talvez do tempo dos mouros. Estes tinham o costume de denominar as tais fortalezas com o nome de Castro (latim Castrum) e eram quasi todas cons- truidas sobre montes. Os indigenas adop- taram talvez esta designação e o nome que hoje tem, de Crasto, deve ser uma corrupção do antigo nome Crasto. Todos os montes com nomes semelhantes foram velhas tortalezas indígenas. Mesmo o,local não podia ser mais bem recolhido. E um ponto dominante das redondezas, incluin- do o próprio Pôrto. ........................................ As nuvens toldam agora quási por completo o universo. Estão aumentando de peso e ameaçam despenhar-se là do alto. Voltamos. Pôrto 14-VI-934 David Norberto Augusto Moreno o o o Dos 4 cantos da Terra Inglaterra-O Princípe de Gales visitou recentemente a Albergaria judaica de Whi- techapel de Londres. Romania -O Rei Carol concedeu a or- dem de merito a dois comerciantes israelitas de Czernovitz, Gustavo Gadar e Jonas Li- chtenstein.
N.º 065, Sivan 5694 (Mai 1934)
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