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Ha-Lapid הלפיד


N.º 065, Sivan 5694 (Mai 1934)







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             HA-LAPID                3
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um homem como êle, que ignora a lin-
guagem da corte, não saberia falar ao co-
ração do rei Sim, mas primeiramente irá
para o seu povo, reunirá os anciãos de
Israel.

O primeiro passo estava dado. Pharaó
e os seus exércitos, são afogados no mar,
e Moisés põe-se á testa do seu povo para
o conduzir ao pais do seus antepassados.

Então Moisés entôa um cantico ao
Eterno. O seu coração transborda de ale-
gria, exulta...

Mas o profeta ignora que não está
ainda senão no começo da sua carreira,
que a sua missão mal acaba de começar
venceu Pharaó mas a sua obra subsiste.
O senhor acaba de ser senhor, mas o es-
cravo continua a ser escravo. Quando
um povo viveu sob o jugo durante várias
gerações, não se pode com um golpe ar-
rancar do seu coração os sentimentos in-
timos que o dominam e tirá-lo do seu
aviltamento para o tornar inteiramente
livre.

Mas o profeta crê no seu ideal.

E o profeta reune o povo ao pé da
montanha: "Não é verdade, como acredi-
tastes até hoje. vós e os outros povos, que
cada Estado, cada província, tem os seus
deuses que exercem o seu poder sobre
toda a vastidão do seu território, que se
fazem guerra, tudo como os povos que
lhe estão sujeitos. Não é assim! Não há
no universo um deus para Israel e um
outro para Mitzraim (Egipto), não há se-
não um Deus. Ele é, êle foi e êle será! E'
o senhor da terra e reina sobre todas as
nações. Este Deus, que é eterno, é o
Deus de vossos pais. O mundo é a sua
obra; o género humano foi creado por
êle á sua imagem.

Ora, ele escolheu-nos, a nós, filhos de
Abraham, seu preferido, para que sejais
o seu povo "um reino de pastores e uma
nação santa", para que santifiqueis o seu
nome sobre a terra. A vossa vida indivi-
dual muda-la-eis completamente num es-
pirito de verdade e de justiça.

Que povo ouviu jamais a vóz divina
anunciar no meio dos relampagos palavras
tão sublimes? Assim falou o profeta, e o
povo, no seu entusiasmo gritou a uma voz:
"Tudo o que o Eterno diz, nós o obser-
varemos"!


 
E é com o coração tranquile que o
profeta deixa o campo para subir á mon-
tanha e concluir a Lei. Mas na alma do
povo, o escravo egípcio revela-se brus-
camente e tomba o "castelo de cartas"
que o profeta tinha construido na sua fé,
na elevação do seu ideal.

A dôr do profeta não tem limites. Toda
a sua obra, a alta missão em que tinha so-
nhado para o seu povo, a esperança que o
tinha tantas vezes alimentado no curso da
sua longa carreira, tudo isso se derrobaria.
O desespero apodera-se da alma do profeta,
os seus membros se flexionam, as suas
mãos largam as Tábuas da Lei, que se par-
tem.

Ah! Como é dificil dar uma forma a um
povo de argila tão vil!

Mas o profeta não cede facilmente dian-
te das dificuldades da vida. Volta depressa
ao seu ideal e decide triunfar. Compreende.
perfeitamente, a tarefa que lhe reserva o fu-
turo. Arma-se de paciencia.

Assim os primeiros tempos. O profeta
prega, sofre, paciente, consola-se com o
pensamento de que não está longe e dia
em que o seu ensinamente produzirá os seus
frutos. Vé já o seu povo chegado ao termo
das suas peregrinações e realizando o seu
ideal na terra prometida.

Então brilha o trabalho dos emissários...

Um povo ia à conquista dum país para
aí se constituírem em nação que devia fazer
a admiração do mundo, e bastou uma desa-
gradavel noticia para o desencorajar e fazer-
-lhe voltar as costas ao seu brilhante fu-
turo!

Moisés compreende que a sua ultima
esperança não repousa sobre nada sólido,
que os seus ensinamentos não aproveitam
a este povo que não foi capaz de tornar
digno da sua missão e, imediatamente,
decreta a morte da sua geração; está de-
cidido a sustenta-la durante quarenta anos
no deserto, até que uma nova geração
cresça, uma geração em fim livre, engran-
decida, por assim dizer, sob a tutela da
sublime Lei...

O profeta permanece no deserto, enter-
rando a velha geração e fazendo a educa-
ção da nova. Uns após outros, os anos
passam, e o profeta não se fatiga de ensi-
nar à mocidade as leis do justo e do in-


 
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