2 HA-LAPID ======================================== O barão Edmond de Rothshild O barão Edmond de Rothschild expirou docemente a 2 de novembro no seu castelo de Bolonha, rodeado de todos os seus. Esta noticia admirou e comoveu o judaismo francês e suscitou no mundo in- teiro irma indisivel emoção. Ele fazia parte do número das pessoas que souberam fazer o bem, ao mesmo tempo com arte e com método e também com modéstia e com des- cernimento. Aparecia já como um profeta da história, tanto o seu nome era venerado nas comunidades mais longínquas, mas era um profeta de França, que soubera ornar tôda a sua actividade com delicadeza, regra e com aquela harmonia classica que êle gostava de encontrar até nas velhas gravu- ras. Nascido em Paris a 19 de Agosto de 1845. Edmond de Rothschild era filho de ba- rão James e manifestou desde a sua moci- dade, um gosto profundo pelos estudos e pelas artes plásticas. A sua educação reli- giosa fo¡ dirigida por Albert Cohn. Depois da morte de seu pai, em 1968, tomou a di- recção do banco em companhia de seus ir- mãos, o barão Alphonse e o barão Gustave, com os quais colaborou tôda a sua vida na mais afectuosa intimidade. Casou com Ade- laide de Rothschild, da qual teve três filhos, a baroneza Myriam, o barão James e o ba- rão Maurice, senador dos Hautes-Alpes. Não nos propomos descrever qual o pa- pel que o barão Edmond desempenhou no banco, fundado pelo seu pai, cuja divisa ficou: Concordia, industria, integritas; qual a influência que teve no mundo da indús- tria na qualidade de administrador dos ca- minhos de ferro de Este, qual a estima que encontrou na sociedade parisiense na qual ocupou um lugar de primeiro lugar. Bas- tar-nos-á precisar os titulos eminentes do mecenas e do filantropo. Pertencendo à Academia das Belas Ar- tes desde 1906, na secção dos membros li- vres tornou-se o decano de eleição. Soube reunir numa colecção de estampas e de gravuras que se apresentava como uma das mais preciosas da Europa. Membro do Con- selho dos Museus, ofereceu à França um tesouro de prata greco-romana que foi des- coberto no Basco-Real, perto de Pompei. Em 1919, creou em Londres a "Maison de l'institut de Frances, para facilitar os estudos dos sábios franceses na inglaterra. Mas os artistas não eram os únicos que aproveita- vam as suas liberalidades. No momento em que lamentava a miséria dos nossos labora- tórios, teve a ideia de criar para os sábios uma obra durável. Foi assim que fundou, em 1927, este magnifico Instituto de Biolo- gia físico-quimica, dirigido pelo snr. Jean Perrin, laureado com o prémio Nobel, onde êle próprio gostava de ir, há algumas sema- nas, parando perto do ascensor para assis- tir às pesquizas e aplaudir às menores des- cobertas que enchiam de alegria a sua imaginação sempre viva. Presidente do Consistoire de Paris no qual sucedera a seu irmão, o barão Gus- tave, interessou-se por tôdas as obras da Comunidade, em particular pela fundação de Rothschild do qual foi igualmente Presi- dente. Desde o comêço das perseguições hitlerianas, tomou a direcção do primeiro Comitê de Acolhimento, tornando a fazer depois de cincoenta e três anos de intervalo o gesto que fez em 1880, com os seus ir- mãos, para defender e socorrer os Judeus de Rússia. Interessou-se especialmente pela sorte dos professores privados da sua ca- deira e dirigiu em julho de 1933, um como- vente apêlo ao judaismo francês invocando a solidariedade necessária e "todos os de- veres que esta palavra significa". Nesta obra de solidariedade via um tarefa patríó- tica, porque não estava completamente con- vencido da missão de França, "terra ben- dita de liberalismo e dos nobres sentimen- tos". Foi para obedecer a convicções ana- logas que tomou parte notável na guerra de 1870, da qual trazia arrogantemente a me- dalha comemorativa e que, de 1914 a 1918, poz à disposição da autoridade militar de acordo com o barão Edward e o barão Ro- bert de Rothschild, e creou, nas suas pro- priedades três ambulâncias cuja manutenção assegurou. A sua beneficência não se limitava às organisações oficiais, insistia muitas vezes para que não aparecesse nunca o seu nome.
N.º 068, Kislev 5695 (Nov 1934)
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