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Ha-Lapid הלפיד


N.º 073, Kislev 5696 (Nov 1935)







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 4             HA-LAPÍD
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invadiram-na por completo; chorava, chorava
e eu participava tambem da mesma tristeza.
Não pude reter as lágrimas e, tentando
consola-la, ia-lhe dando livre curso.

Ela continuem-Eu nunca me quiz
confessar nem ir à egreja porque, os
meus pais assim faziam também, chama-
vam-lhe judeus e a mim também me cha-
mam e, por isso, tôda a gente me quer
mal.

-Irmã, o seu arrependimento sincero
é o suficiente para obter o perdão. Deus
é justo; se neste mundo castiga. dá no
outro a paz eterna.

E' uma verdadeira crente e a fe' basta
à vossa salvação.

E a sua querida filha gosa dessa paz
oferecida aos que padeceram neste mundo
e encontrá-la-há quando Deus a chamar a
si.

Entretanto, devo dizer-lhe que não
sou eu que me considero habilitado a
perdoar o s pecados. Nenhum mortal
pode faze-lo. Só Deus. E' directa-
mente a Ele que devemos dirigir-nos. A
Ele pois confie todos os seus pecados e
uma vez que o arrependimento é sincero
não duvide do perdão.

A nossa conversa durou mais algumas
horas ainda. Por fim despedi-me e ela
tomando-me as mãos, beijou-as e cobriu-
-as de lágrimas.

A alegria que exprimentei por poder
ser útil aos que sofrem foi a máxima das
recompensas.

Compreendi melhor quam doces são
os benefícios que o Divino proporciona
aos que se dedicam a espalhar a sua
palavra.

O trovão continuava a ribombar cada
vez mais horrível e miudas gotas de água
caiam espalhando tristeza e benção aos
campos sedentos.

     25 de Agosto, de 1934

                o o o

         Um judeu trovador

A Crónica d'El-Rei D. João I por Gomes
Eanes d'Azurara (cap. 29-Vol. I) referin-
do à organisação da expedição contra
Ceuta, diz ter houvido muitos boatos, e narra



o seguíntez--outros falavam outras muitas
coisas tão desvairadas, que seriam longas de
escrever, porque é determinado na Santa
Escritura que onde verdade se esconde, ali
se multiplicam muitas más palavras, e como
quer que assim estes desvairos e outros
muitos havia entre êles, não era porém algum
que podesse certamente nem assim apalpando
falar na cidade de Ceuta, sómente quanto
achamos que um judeu servidor da rainha
D. Filipa, que chamavam Judá Negro, que
era grande trovador segundo as trovas daquele
tempo, em uma trova que enviou a um escu-
deiro do Infante D. Pedro, que chamavam
Martim Afonso d'Atouguia, contando-lhe as
novas da côrte, disse tôdas estas coisas que
dissemos e outras muitas, entre as quais no
derradeiro pe' da quarta trova disse que os
mais sizudos entendiam que el-rei ia sôbre a
cidade de Ceuta, mas isto entendiam que êle
não o soubera tanto por nenhum sinal certo
que visse, quanto por juizo de astrolomia de
que êle era mui sábio e muito usava".

                o o o

O TALMUD

                (Continuação do
                   número 70)

guia de tôda a sua existência. Cheios de
admiração por esta obra concluída, os rabbis
declararão: Se Moisés o não tivesse precedido,
Esdras seria digno de trazer nas suas pró-
prias mãos a Torah a Israel. "(Sanh., 21 b).
-"Como então Israel tinha a torah, Esdras
chegou de Babilônia e restabeleceu-a." (Suk.
20 a).

O autor deste livro caracterizou noutra
parte a linha de conduta de Esdras, escreveu
do; "Zangwil declara: "A história que consiste
numa grande parte em registar a fusão das
minorias nas maiorias, não relata nunca a
persistência dum grupo não delimitado no
espaço ou não possuindo uma fé ardente que
lhe taça uma fronteira de fôgo", Esdras dis-
cernira evidentemente esta lição da história.
Compreendem que os judeus não podiam de
forma alguma dispôr para êles sós dum es-
paço delimitado. Não sómente era preciso
levar em conta os ramos que a árvore da sua
nação tinha no Egipto, na Babilônia e na
Persia, mas entre os Judeus da Judea e seus
vizinhos o contacto era fatal. Se pois a nação
judaica podia manter-se, era-lhe preciso
rodear-se "duma fé ardente que lhe taça uma


 
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