4 HA-LAPÍD ========================================== invadiram-na por completo; chorava, chorava e eu participava tambem da mesma tristeza. Não pude reter as lágrimas e, tentando consola-la, ia-lhe dando livre curso. Ela continuem-Eu nunca me quiz confessar nem ir à egreja porque, os meus pais assim faziam também, chama- vam-lhe judeus e a mim também me cha- mam e, por isso, tôda a gente me quer mal. -Irmã, o seu arrependimento sincero é o suficiente para obter o perdão. Deus é justo; se neste mundo castiga. dá no outro a paz eterna. E' uma verdadeira crente e a fe' basta à vossa salvação. E a sua querida filha gosa dessa paz oferecida aos que padeceram neste mundo e encontrá-la-há quando Deus a chamar a si. Entretanto, devo dizer-lhe que não sou eu que me considero habilitado a perdoar o s pecados. Nenhum mortal pode faze-lo. Só Deus. E' directa- mente a Ele que devemos dirigir-nos. A Ele pois confie todos os seus pecados e uma vez que o arrependimento é sincero não duvide do perdão. A nossa conversa durou mais algumas horas ainda. Por fim despedi-me e ela tomando-me as mãos, beijou-as e cobriu- -as de lágrimas. A alegria que exprimentei por poder ser útil aos que sofrem foi a máxima das recompensas. Compreendi melhor quam doces são os benefícios que o Divino proporciona aos que se dedicam a espalhar a sua palavra. O trovão continuava a ribombar cada vez mais horrível e miudas gotas de água caiam espalhando tristeza e benção aos campos sedentos. 25 de Agosto, de 1934 o o o Um judeu trovador A Crónica d'El-Rei D. João I por Gomes Eanes d'Azurara (cap. 29-Vol. I) referin- do à organisação da expedição contra Ceuta, diz ter houvido muitos boatos, e narra o seguíntez--outros falavam outras muitas coisas tão desvairadas, que seriam longas de escrever, porque é determinado na Santa Escritura que onde verdade se esconde, ali se multiplicam muitas más palavras, e como quer que assim estes desvairos e outros muitos havia entre êles, não era porém algum que podesse certamente nem assim apalpando falar na cidade de Ceuta, sómente quanto achamos que um judeu servidor da rainha D. Filipa, que chamavam Judá Negro, que era grande trovador segundo as trovas daquele tempo, em uma trova que enviou a um escu- deiro do Infante D. Pedro, que chamavam Martim Afonso d'Atouguia, contando-lhe as novas da côrte, disse tôdas estas coisas que dissemos e outras muitas, entre as quais no derradeiro pe' da quarta trova disse que os mais sizudos entendiam que el-rei ia sôbre a cidade de Ceuta, mas isto entendiam que êle não o soubera tanto por nenhum sinal certo que visse, quanto por juizo de astrolomia de que êle era mui sábio e muito usava". o o o O TALMUD (Continuação do número 70) guia de tôda a sua existência. Cheios de admiração por esta obra concluída, os rabbis declararão: Se Moisés o não tivesse precedido, Esdras seria digno de trazer nas suas pró- prias mãos a Torah a Israel. "(Sanh., 21 b). -"Como então Israel tinha a torah, Esdras chegou de Babilônia e restabeleceu-a." (Suk. 20 a). O autor deste livro caracterizou noutra parte a linha de conduta de Esdras, escreveu do; "Zangwil declara: "A história que consiste numa grande parte em registar a fusão das minorias nas maiorias, não relata nunca a persistência dum grupo não delimitado no espaço ou não possuindo uma fé ardente que lhe taça uma fronteira de fôgo", Esdras dis- cernira evidentemente esta lição da história. Compreendem que os judeus não podiam de forma alguma dispôr para êles sós dum es- paço delimitado. Não sómente era preciso levar em conta os ramos que a árvore da sua nação tinha no Egipto, na Babilônia e na Persia, mas entre os Judeus da Judea e seus vizinhos o contacto era fatal. Se pois a nação judaica podia manter-se, era-lhe preciso rodear-se "duma fé ardente que lhe taça uma
N.º 073, Kislev 5696 (Nov 1935)
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