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Ha-Lapid הלפיד


N.º 083, Shebat 5698 (Dez 1938)







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               HA-LAPID              3
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ção judia que a-pesar-da sua composição
heterogénica, tem o aspecto duma comuni-
dade estavel e a recente chegada de Judeus
do Galuth Askenaz constitue um elemento
apreciavel para a difusão dos conhecimen-
tos e práticas judaicas.

A alma desta obra de redenção é o
apóstolo dos Maranos o Capitão Artur
carlos de Barros Basto (Abraham Israel
Ben-Rosh), que é não só um valente militar,
que serviu com uma grande distinção no
front britânico das forças expedicionárias
portuguesas em França, mas também uma
figura heroica, recordando os românticos
sephardim da fé judaica cuja constancia e
dedicação brilharam atravez as trevas que
envolveram o povo judeu durante séculos,
após a grande expulsão de Espanha em 1492.
Nascido marano e admitido oficialmente no
judaismo em Dezembro de 1920, com uma
admirável dedicação, manteve firmemente
a causa judaica entre os seus irmãos mara-
nos atravez os bons e maus momentos. A
vida agitada da comunidade nascente do
Porto, a cidade natal d'Uríel da Costa, re-
corda os principios agitados das Comuni-
dades sepharditas da Diaspora.

O Capitão Barros Basto visita de tem-
pos a tempos os diversos estabelecimentos
maranos para proclamar a fé que nele exis-
e. Publica um periódico intitulado "Ha-
-Lapid" (O Facho) que forma um traço de
união entre os maranos portugueses e o
mundo judaico em geral.

Foi o Capitão Barros Basto que tomou
a iniciativa da edificação duma Sinagoga no
Porto, que, pela grandeza do seu estilo, se
devia tornar a catedral judia do norte de
Portugal. Os meios postos à sua disposicão
eram dos mais modestos e durante anos
tinha-se notado que o edifício começado a
1 de julho de 1929, se apresentaria como
uma ruina melancolica, testemunhando a
falta de interêsse manifestado por este
objectivo eminentemente judaico por aque-
les de que se esperava uma ajuda efectiva.
A pedido do Snr. Israel Levy, Rabbi mór
de França (um dos membros do Comité
dos maranos portugueses) o falecido Barão
Edmond de Rothchild dera 500 libras para
o fundo de construção, mas o seu exemplo
não foi seguido por ninguém.
  

Felizmente, o Comité pôde interessar
na obra a Familia Kadoorie de Shanghai.
Os snrs. Horace e Lawrence Kadoorie for-
neceram todos os fundos necessários para



o acabamento e arranjo interior do edifício,
em honra de seus pais Sir Elly Kadoorie e
da finada Laura Kadoorie.

A erecção desta importante Sinagoga,
simbolo do despertar judeu entre os mara-
nos portugueses e testemunho triunfante
da solidariedade de Israel, é, nestes dias
agitados, uma das realisações judaicas mais
encorajantes.

A consagração da Sinagoga Kadoorie
no Porto a 16 de Janeiro de 1938 constitue
um acto histórico. Ele abrirá, é precioso
espera-lo, uma nova e feliz época nos trá-
gicos anais do judaismo português. Este
dia coincidiu com o hamishah assar bish-
vat (o ano novo das árvores). E' de bom
augurio para o futuro dos maranos portu-
gueses. Possa êle engrandecer e florescer
para a gloria de Adonai.

O grande Deus de israel!

Bessiman Tob.
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               O. R. T.

De vez em quando em noticias sobre
organisações judaicas aparecem estas letras
indicando uma prestante colectividade.

Foi fundada por um grupo de israelitas,
que, seguindo o exemplo tradicional de
celebres Rabbis e do notavel filosofo Ba-
rukh Espinosa, compreenderam que as apti-
dões manuais não são incompatíveis com
as intelectuais.

Os seus fins são:

1.°-Ensinar aos jovens e aos adultos
Judeus profissões industriais e agrícolas.

2.°-Propagar os metodos modernos e
desenvolver a eficacia do trabalho entre os
artifices judeus edosos.

3.°-Fundar e auxiliar cooperativas in-
dustriais e agrícolas entre as massas judai-
cas.

Em resumo: contribuir para a recons-
trução da economia judaica orientando o
supranumerário de intelectuais, de peque-
nos negociantes e vendilhões empobreci-
dos para a industria e a agricultura e, du-
ma maneira geral, crear uma nova geração
de trabalhadores judeus especialisados.


 
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