HA-LAPID 5 ========================================== UMA BIOGRAFIA INTERESSANTE Na sede da Comunidade Israelita de Washington, capital dos Estados-Unidos da América-do-Norte, no dia 11 de Maio, o Sr. Salomão Levitan discursou sôbre o tema "O judeu na política americana". Na sua emocionante oração ele descreve a sua vida na América, onde chegou como um pobre rapaz emigrante e chegou a Presidente do Banco Nacional e Tesoureiro do Estado de Wisconsin. Nasceu em Taurrogen, próximo de Tilsit, na Prússia Oriental, em 1862. Quando com- letou 5 anos de idade, o seu pai deu-lhe um Taleth e mandou-o para uma escola parti- cular aprender o hebraico, a nossa língua sagrada. Nessa escola havia 15 alunos. Quando soube ler aprendeu as orações: Shaharith (oração matinal); Minhah (oração da Oferenda); Arbith (oração vespertina); orações do começar e findar as refeições, oração ao deitar e ao levantar. Aos 6 anos leu os cinco livros de Moisés e sete profetas. Aos 7 anos começou a escrever. Aos 8 tomou um professor que lhe ensi- nou aritmética, e a escrever o hebraico e o alemão. Aos 11 anos começou a aprender o Tal- mud. Sua mãe pensava fazer dele um Rabí. Aos 13 anos deu entrada numa Yeshibah (Seminário) em Kawno e Slabotka, na Li- tuânia. Os Talmidim dormiam na Yeshibah, que era anexa à Sinagoga. Os seus leitos eram bancos com palha a servir de colchão e tinham que se cobrir com os seus pró- prios sobretudos por falta de cobertores. A alimentação dos seminaristas era for- necidas por boa ente habilitada a tomar o encargo de dar e comer a um aluno por semana. Uma família dava de comer ao domingo outra à segunda-feira, outra à terça, etc. Acontecia alguma vez um ou outro aluno ter um dia apenas pão e água. Tinham que consertar o fato e algumas vezes que lavar a roupa. Café ou chá só quando alguém lhes dava de presente. Só tinham carne uma vez por semana ao sábado. As dimensões modestas do nosso jornal não nos permitem fazer mais longos extrac- tos desta comovente biografia onde a miséria e a esperança sadia perpassa até que, depois de muitas atribulações e acidentes, raiou para ele o sol do triunfo. E na vida fácil e con- fortável recorda com saüdade os tempos do seu tempo de privações e de fé. Belo exemplo para os nossos Talmidim. * AS INSCRIÇÕES NA SINAGOGA CATEDRAL DO PORTO É interessante registar as inscrições em belos caracteres hebraicos, que ornamentam e ensinam na nossa magnífica Sinagoga. No Ekhal (Arca Santa), além das duas tábuas de mármore com os dez mandamen- tos, na padieira superior le-se em hebreu: -"Eseuta Israel! Adonai, e' nosso Deus, Adonai é Uno" (Deut. VI, vers. 4). e no arco grande que remata a Arca: -Eu, Eu sou Adonai e fora de mim não há salvador (Isaías 43, vers. 11). No friso do balcão da Hazarah (Galeria das Damas), de modo a serem lidas pela Congregação: -Sereis para mim santos, porque Santo sou Eu, Adonai. (Levítico XX, vers. 26). - Santos sereis, porque Eu, Adonai, vosso Deus, sou Santo. (Levítico XIX, vers. 2). - Amarás Adonai, teu Deus, de todo o teu coração e de tâda a tua alma e de tôdas as tuas fôrças. (Deut. VI, vers. 6). -E vós sereis para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa. (Exodo XIX, vers. 6). -Adonai está com aqueles que o chamam e com os que o invocam com sinceridade. (Salmo 145, vers. 18). Na Hazarah (Galeria das Damas), nos frisos das paredes por cima dos azulejos luso-árabes: -Mulher forte quem a achará? O seu valor excede o das pérolas.
N.º 086, Tamuz-Ab 5698 (Jun-Jul 1938)
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