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Ha-Lapid הלפיד


N.º 086, Tamuz-Ab 5698 (Jun-Jul 1938)







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               HA-LAPID                 5
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            UMA BIOGRAFIA
            INTERESSANTE

Na sede da Comunidade Israelita de
Washington, capital dos Estados-Unidos da
América-do-Norte, no dia 11 de Maio, o
Sr. Salomão Levitan discursou sôbre o tema
"O judeu na política americana". Na sua
emocionante oração ele descreve a sua vida
na América, onde chegou como um pobre
rapaz emigrante e chegou a Presidente do
Banco Nacional e Tesoureiro do Estado de
Wisconsin.

Nasceu em Taurrogen, próximo de Tilsit,
na Prússia Oriental, em 1862. Quando com-
letou 5 anos de idade, o seu pai deu-lhe um
Taleth e mandou-o para uma escola parti-
cular aprender o hebraico, a nossa língua
sagrada. Nessa escola havia 15 alunos.
Quando soube ler aprendeu as orações:
Shaharith (oração matinal); Minhah (oração
da Oferenda); Arbith (oração vespertina);
orações do começar e findar as refeições,
oração ao deitar e ao levantar.

Aos 6 anos leu os cinco livros de Moisés
e sete profetas.

Aos 7 anos começou a escrever.

Aos 8 tomou um professor que lhe ensi-
nou aritmética, e a escrever o hebraico e o
alemão.

Aos 11 anos começou a aprender o Tal-
mud. Sua mãe pensava fazer dele um Rabí.

Aos 13 anos deu entrada numa Yeshibah
(Seminário) em Kawno e Slabotka, na Li-
tuânia. Os Talmidim dormiam na Yeshibah,
que era anexa à Sinagoga. Os seus leitos
eram bancos com palha a servir de colchão
e tinham que se cobrir com os seus pró-
prios sobretudos por falta de cobertores.

A alimentação dos seminaristas era for-
necidas por boa ente habilitada a tomar o
encargo de dar e comer a um aluno por
semana. Uma família dava de comer ao
domingo outra à segunda-feira, outra à
terça, etc.

Acontecia alguma vez um ou outro aluno
ter um dia apenas pão e água.

Tinham que consertar o fato e algumas
vezes que lavar a roupa.

Café ou chá só quando alguém lhes dava
de presente.

Só tinham carne uma vez por semana ao
sábado.

As dimensões modestas do nosso jornal



não nos permitem fazer mais longos extrac-
tos desta comovente biografia onde a miséria
e a esperança sadia perpassa até que, depois
de muitas atribulações e acidentes, raiou para
ele o sol do triunfo. E na vida fácil e con-
fortável recorda com saüdade os tempos do
seu tempo de privações e de fé.

Belo exemplo para os nossos Talmidim.

                *

AS INSCRIÇÕES NA SINAGOGA
CATEDRAL DO PORTO

É interessante registar as inscrições em
belos caracteres hebraicos, que ornamentam
e ensinam na nossa magnífica Sinagoga.

No Ekhal (Arca Santa), além das duas
tábuas de mármore com os dez mandamen-
tos, na padieira superior le-se em hebreu:

-"Eseuta Israel! Adonai, e' nosso
Deus, Adonai é Uno" (Deut. VI, vers. 4).

e no arco grande que remata a Arca:

-Eu, Eu sou Adonai e fora de mim
não há salvador (Isaías 43, vers. 11).

No friso do balcão da Hazarah (Galeria
das Damas), de modo a serem lidas pela
Congregação:

-Sereis para mim santos, porque
Santo sou Eu, Adonai. (Levítico XX,
vers. 26).

- Santos sereis, porque Eu, Adonai,
vosso Deus, sou Santo. (Levítico XIX,
vers. 2).

- Amarás Adonai, teu Deus, de todo
o teu coração e de tâda a tua alma e de
tôdas as tuas fôrças. (Deut. VI, vers. 6).

-E vós sereis para mim um reino
de sacerdotes e uma nação santa.
(Exodo XIX, vers. 6).

-Adonai está com aqueles que o
chamam e com os que o invocam com
sinceridade. (Salmo 145, vers. 18).

Na Hazarah (Galeria das Damas), nos

frisos das paredes por cima dos azulejos
luso-árabes:

-Mulher forte quem a achará?
O seu valor excede o das pérolas.


 
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