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N.º 108, Kislev-Tevet 5702 (Nov-Dez 1941)







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   António José da Silva "O Judeu"

No dia 18 de Outubro, fêz precisamente
203 anos que foi queimado em vida o
ilustre comediógrafo António José da Silva.
Este homem foi desde muito novo per-
seguido pela Inquisição, bem como a sua
familia, por seguirem a Lei de Moisés.
Todos os homens que têm valor são perse-
guidos, porque a inveja humana é grande
e foi o que também aconteceu ao "Judeu"
parque as suas obras eram e continuam a
ser bastante notáveis.
Como António José da Silva era o
grande amigo do povo e o grande inimigo
da sociedade da época, apresentando nas
suas obras todos os "snobs" do seu tempo.
e esses, pessoas importantes, pertencendo
alguns ao Tribunal do Santo Oficio, resol-
veram prendê-lo e martirizá~lo com bene-
volência, não pela troça que lhes fazia, mas
sim pelo grande crime de ser judeu.
António José da Silva foi prêso pela
primeira vez no dia 8 de Agôsto de 1726 e
foi solto a 23 de Outubro do mesmo ano.
Onze anos depois volta a ser prêso,
bem como sua mãe e espôsa, acusados de
judaismo e a principal denunciante foi uma
escrava prêta de nome Leonor. Entraram
no cárcere em 5 de Outubro de 1737, onde,
novamente foram martirizados "piedosa-
mente" e foi conservado na prisão até ao
dia em que o "]udeu" deixou de pertencer ao



número dos vivos. Segundo uma teste-
munha que fazia parte do processo, declarou
que a ama de leite de António José, foi
quem induziu a escrava a levantar falsos tes-
temunhos ao Réu e a toda a gente da casa.
Como todos os que crêem em Deus,
quando se vêm aflitos contra a injustiça
humana, rezam e jejuam, porque o rezar é
o alivio da alma, e como António José
rezava e jejuava, os dignos senhores do
Tribunal do Santo Oficio resolveram dar
por companheiro ao desventurado "Judeu",
um seu familiar de nome António Gomes
Estêves, afim de ver e ouvir quais as práti-
cas religiosas que êle fazia.
No cárcere fêz êle cinco jejuns que
foram testemunhados pelos seus "compa-
nheiros", que lhe vieram sobrecarregar
mais a culpa, a grande culpa de crer na
Lei de Moisés.
Em 16 de Outubro, foi-lhe notificada a
sentença, "de mãos atadas" e no auto de
18 de Outubro de 1739 foi relaxado à
justiça secular.
No mesmo sairam sua mãi e espôsa,
dando-lhes assim ocasião de se despedirem.
E assim terminou um grande comedió-
grafo português que viveu e morreu pelo
Teatro Nacional e pelo grave crime de ser
judeu.
                 Nun Azancot Ben-Rosh.
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como no fim da Shemoné Esré: "Meu Deus,
preserva a minha lingua de todo o mal e os
meus lábios de toda a palavra maldizente".

           Décimo mandamento

Não cobiçarâs o bem do teu próximo.

P.- O que é a cobiça?

R.-A cobiça é o vicio que nos faz
desejar o bem de outrém. O inveioso afli-
ge-se do que possue o seu vizinho; entris-
tece-se da sua felicidade. Nunca satisfeito
com o que lhe pertence, não deseja senão
tirar ao próximo a sua felicidade.

P.-A que pode levar a cobiça?

R.-A cobiça leva a todos os crimes,
ao roubo, ao assassinio.



Foi por cobiça que o rei Achab fêz
matar Naboth para se apropriar da sua vinha.

P.-A cobiça é proibida pelas leis hu-
manas?

R.-Não, só a lei moral é que proibe a
cobiça. Esta lei figura com razão nos dez
mandamentos, porque a cobiça move a todos
os vícios e a todos os crimes.

Resumo dos cinco últimos mandamentos

P. -Resumi os mandamentos da segunda
tábua?

R.-Os mandamentos da segunda tábua
do Decálogo contêm os deveres do homem
para com o seu próximo ou os deveres de
justiça.


 
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