HA-LAPID 3 ======================================== António José da Silva "O Judeu" No dia 18 de Outubro, fêz precisamente 203 anos que foi queimado em vida o ilustre comediógrafo António José da Silva. Este homem foi desde muito novo per- seguido pela Inquisição, bem como a sua familia, por seguirem a Lei de Moisés. Todos os homens que têm valor são perse- guidos, porque a inveja humana é grande e foi o que também aconteceu ao "Judeu" parque as suas obras eram e continuam a ser bastante notáveis. Como António José da Silva era o grande amigo do povo e o grande inimigo da sociedade da época, apresentando nas suas obras todos os "snobs" do seu tempo. e esses, pessoas importantes, pertencendo alguns ao Tribunal do Santo Oficio, resol- veram prendê-lo e martirizá~lo com bene- volência, não pela troça que lhes fazia, mas sim pelo grande crime de ser judeu. António José da Silva foi prêso pela primeira vez no dia 8 de Agôsto de 1726 e foi solto a 23 de Outubro do mesmo ano. Onze anos depois volta a ser prêso, bem como sua mãe e espôsa, acusados de judaismo e a principal denunciante foi uma escrava prêta de nome Leonor. Entraram no cárcere em 5 de Outubro de 1737, onde, novamente foram martirizados "piedosa- mente" e foi conservado na prisão até ao dia em que o "]udeu" deixou de pertencer ao número dos vivos. Segundo uma teste- munha que fazia parte do processo, declarou que a ama de leite de António José, foi quem induziu a escrava a levantar falsos tes- temunhos ao Réu e a toda a gente da casa. Como todos os que crêem em Deus, quando se vêm aflitos contra a injustiça humana, rezam e jejuam, porque o rezar é o alivio da alma, e como António José rezava e jejuava, os dignos senhores do Tribunal do Santo Oficio resolveram dar por companheiro ao desventurado "Judeu", um seu familiar de nome António Gomes Estêves, afim de ver e ouvir quais as práti- cas religiosas que êle fazia. No cárcere fêz êle cinco jejuns que foram testemunhados pelos seus "compa- nheiros", que lhe vieram sobrecarregar mais a culpa, a grande culpa de crer na Lei de Moisés. Em 16 de Outubro, foi-lhe notificada a sentença, "de mãos atadas" e no auto de 18 de Outubro de 1739 foi relaxado à justiça secular. No mesmo sairam sua mãi e espôsa, dando-lhes assim ocasião de se despedirem. E assim terminou um grande comedió- grafo português que viveu e morreu pelo Teatro Nacional e pelo grave crime de ser judeu. Nun Azancot Ben-Rosh. ----------------------------------------- como no fim da Shemoné Esré: "Meu Deus, preserva a minha lingua de todo o mal e os meus lábios de toda a palavra maldizente". Décimo mandamento Não cobiçarâs o bem do teu próximo. P.- O que é a cobiça? R.-A cobiça é o vicio que nos faz desejar o bem de outrém. O inveioso afli- ge-se do que possue o seu vizinho; entris- tece-se da sua felicidade. Nunca satisfeito com o que lhe pertence, não deseja senão tirar ao próximo a sua felicidade. P.-A que pode levar a cobiça? R.-A cobiça leva a todos os crimes, ao roubo, ao assassinio. Foi por cobiça que o rei Achab fêz matar Naboth para se apropriar da sua vinha. P.-A cobiça é proibida pelas leis hu- manas? R.-Não, só a lei moral é que proibe a cobiça. Esta lei figura com razão nos dez mandamentos, porque a cobiça move a todos os vícios e a todos os crimes. Resumo dos cinco últimos mandamentos P. -Resumi os mandamentos da segunda tábua? R.-Os mandamentos da segunda tábua do Decálogo contêm os deveres do homem para com o seu próximo ou os deveres de justiça.
N.º 108, Kislev-Tevet 5702 (Nov-Dez 1941)
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