4 HA-LAPID ========================================= Recordar é tornar a viver O judeu e o exército inglês Do jornal inglês The Graphic, de 6 de Março de 1915. traduzimos o artigo que abaixo publicamos. Costuma dizer-se das nações que elas têm os judeus que querem ter. Assim na inglaterra, onde qualquer distinção perante a lei, entre judeus e os demais cidadãos de outros credos religiosos desapareceu há muito; onde, devido à indole profunda- mente tolerante e amante da justiça dos seus naturais, o preconceito popular contra a nossa raça é quási nulo, o judeu inte- grou-se na vida nacional completamente. Prova-o bem o artigo do The Graphic que, a nosso ver, marca uma nova época na história de Israel. Pela primeira vez depois da perda da sua independência, como nação, israel dá o mais alto exemplo daquilo que é lícito esperar dele quando deixe de ser considerado como ser àparte dentro duma nação estranha. Eis o artigo: "Em geral. para o mundo. o judeu tem sido até hoje considerado quási como um mistério, julga-se que, apesar de viver dentro das nações, tomando parte em tôdas as manifestações da sua actividade, êle faz no entanto vida àparte, por assim dizer, dentro das quatro paredes da sua casa. Se essa maneira de encarar o israelita foi verdadeira enquanto o obrigavam a viver isolado nos guetos, sujeitos a leis de excepção, aqui na Grã-Bretanha não se pode pensar dessa forma nem por um momento. A crise actual da Europa. proporcionou ao judeu o ensejo brilhante de provar perante o mundo, que não é o ente miste- rioso que o julgavam, nem que tão pouco constítue um enigma dificil de esclarecer. A ilusão que a seu respeito se faziam amigos e inimigos, durante séculos, não pode subsis- tir de ora em diante nem mesmo nos espí- ritos mais conservadores. A atitude do judeu perante a guerra actual apagou com- pletamente quaisquer vestígios de separa- tismo que ainda lhe restassem dos seus antigos tempos do gueto. Êle é hoje apenas um homem pronto para a guerra ou não, consoante a sua idade e as condições de vida lhe o permitam. A glória das batalhas, o clangor da luta, o esforço heróico em que se joga a vida ou se afronta a morte e sobretudo a ideia nobre da emancipação do mundo, do jugo, do militarismo, apossaram-se da sua ardente imaginação e tiveram como resultado con- tribuir ele para a guerra em número mais avultado do que nunca se teria supôsto, Nenhum tipo especial de judeu, nem ne- nhuma das suas classes, se eximiu a esse santo dever. As oficinas de alfaiataria dos bairros orientais de Londres, Leeds ou Manchester; as marcenarias e carpintarias de Liverpool, Glasgow e ainda de White- chapel em Londres; os grandes ou pequenos negociantes das grandes ou pequenas cidades do Reino Unido; as escolas, colégios e uni- versidades; os laboratórios médicos e os tribunais; as grandes fábricas, as sinagogas, e até mesmo as jeshibás ou escolas Talmú- dicas-tôdas essas instituições contribuiram largamente com a sua parte de mancebos para o exército britânico. Esta circuns- tância explica-se não só pelo desejo ardente. que anima o judeu em servir a sua terra natal, mas também por outros factores que entram na sua maneira de ser actual. Há alguns anos a esta parte a mocidade israelita manifestou uma marcada tendência para sair das ocupações sedentárias seguidas por seus país. Aspiram a uma maior liber- dade fisica e mental. Para êsses novos, o grande ideal, é realizar um tipo de homem fisicamente mais perfeito que o da geração anterior. Os rapazes israelitas freqüentam classes de exercicio de recrutas, clubes de natação, de ginástica, de marcha; realizam excursões pelos campos e dormem ao ar livre; jogam o futebol e o box; fazem armas, remam, voam e sabem guiar auto- móveis. O resultado de todos ésses exerci- cios flsicos manifestou-se na presente geração A consciência da aptidão fisica representou um grande papel para estimular o judeu a responder ao chamamento às armas. A febre da guerra incendiou-se e lavra ainda
N.º 108, Kislev-Tevet 5702 (Nov-Dez 1941)
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