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N.º 108, Kislev-Tevet 5702 (Nov-Dez 1941)







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      Recordar é tornar a viver

    O judeu e o exército inglês

Do jornal inglês The Graphic, de 6 de
Março de 1915. traduzimos o artigo que
abaixo publicamos.

Costuma dizer-se das nações que elas
têm os judeus que querem ter. Assim na
inglaterra, onde qualquer distinção perante
a lei, entre judeus e os demais cidadãos de
outros credos religiosos desapareceu há
muito; onde, devido à indole profunda-
mente tolerante e amante da justiça dos
seus naturais, o preconceito popular contra
a nossa raça é quási nulo, o judeu inte-
grou-se na vida nacional completamente.
Prova-o bem o artigo do The Graphic que,
a nosso ver, marca uma nova época na
história de Israel. Pela primeira vez depois
da perda da sua independência, como nação,
israel dá o mais alto exemplo daquilo que
é lícito esperar dele quando deixe de ser
considerado como ser àparte dentro duma
nação estranha.

Eis o artigo: "Em geral. para o mundo.
o judeu tem sido até hoje considerado
quási como um mistério, julga-se que,
apesar de viver dentro das nações, tomando
parte em tôdas as manifestações da sua
actividade, êle faz no entanto vida àparte,
por assim dizer, dentro das quatro paredes
da sua casa.
Se essa maneira de encarar o israelita
foi verdadeira enquanto o obrigavam a
viver isolado nos guetos, sujeitos a leis de
excepção, aqui na Grã-Bretanha não se pode
pensar dessa forma nem por um momento.
A crise actual da Europa. proporcionou
ao judeu o ensejo brilhante de provar
perante o mundo, que não é o ente miste-
rioso que o julgavam, nem que tão pouco
constítue um enigma dificil de esclarecer.
A ilusão que a seu respeito se faziam amigos
e inimigos, durante séculos, não pode subsis-
tir de ora em diante nem mesmo nos espí-
ritos mais conservadores. A atitude do
judeu perante a guerra actual apagou com-
pletamente quaisquer vestígios de separa-
tismo que ainda lhe restassem dos seus
antigos tempos do gueto. Êle é hoje apenas
um homem pronto para a guerra ou não,



consoante a sua idade e as condições de
vida lhe o permitam.
A glória das batalhas, o clangor da luta,
o esforço heróico em que se joga a vida
ou se afronta a morte e sobretudo a ideia
nobre da emancipação do mundo, do jugo,
do militarismo, apossaram-se da sua ardente
imaginação e tiveram como resultado con-
tribuir ele para a guerra em número mais
avultado do que nunca se teria supôsto,
Nenhum tipo especial de judeu, nem ne-
nhuma das suas classes, se eximiu a esse
santo dever. As oficinas de alfaiataria dos
bairros orientais de Londres, Leeds ou
Manchester; as marcenarias e carpintarias
de Liverpool, Glasgow e ainda de White-
chapel em Londres; os grandes ou pequenos
negociantes das grandes ou pequenas cidades
do Reino Unido; as escolas, colégios e uni-
versidades; os laboratórios médicos e os
tribunais; as grandes fábricas, as sinagogas,
e até mesmo as jeshibás ou escolas Talmú-
dicas-tôdas essas instituições contribuiram
largamente com a sua parte de mancebos
para o exército britânico. Esta circuns-
tância explica-se não só pelo desejo ardente.
que anima o judeu em servir a sua terra
natal, mas também por outros factores que
entram na sua maneira de ser actual.
Há alguns anos a esta parte a mocidade
israelita manifestou uma marcada tendência
para sair das ocupações sedentárias seguidas
por seus país. Aspiram a uma maior liber-
dade fisica e mental. Para êsses novos, o
grande ideal, é realizar um tipo de homem
fisicamente mais perfeito que o da geração
anterior. Os rapazes israelitas freqüentam
classes de exercicio de recrutas, clubes de
natação, de ginástica, de marcha; realizam
excursões pelos campos e dormem ao ar
livre; jogam o futebol e o box; fazem
armas, remam, voam e sabem guiar auto-
móveis. O resultado de todos ésses exerci-
cios flsicos manifestou-se na presente geração
A consciência da aptidão fisica representou
um grande papel para estimular o judeu a
responder ao chamamento às armas. A
febre da guerra incendiou-se e lavra ainda


 
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