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N.º 120, Kislev-Tevet 5704 (Nov-Dez 1943)







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 4            HA-LAPID
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Antíoco IV Epifânio (o brilhante) sucedeu
a seu irmão Seleuco. Era um homem
tirânico e cruel: assim nada de espantoso
que os seus contemporâneos lhe chamas-
sem Epimânia (raivoso). Jason foi pro-
curá-lo e prometeu-lhe uma grande quantia
se êle consentia nomeá-lo Grande Sacer-
dote. Antíoco Epifânio acedeu ao seu
desejo. O piedoso Onias foi exonerado
das suas funções e o helenista Jason apo-
derou-se do pontificado. Jason abusou do
seu poder para favorecer o seu projecto
favorito e introduziu em Jerusalém muitos
usos pagãos. Em frente do Templo, edifi-
cado em honra de Deus Unico, êle fêz
construir um ginásio, onde a juventude
judia se exercitava nos jogos olímpicos,
segundo o uso grego. Ele exortava até os
padres a praticarem aqueles exercicios, tão
pouco compatíveis com a religião judia.
A juventude não foi mais instruida na
THORAH. mas na ciência dos gregos.

4-Jason é suplantado por Menelau,
que chama em seu auxílio Antíoco Epi-
fánio.-Mas Jason não gozou por muito
tempo do seu poder. Êle foi suplantado
por sua vez por Menelau, que tinha ainda
menos escrúpulos do que êle. Menelau
mandou vender um grande número de
vasos de ouro do Templo e, com o dinheiro
que dêles obteve, conseguiu fazer-se nomear
Grande Sacerdote, êle nem mesmo era da
familia de Arão. O virtuoso Onias censu-
rou-lhe estes sacrilégios, e êle o mandou
traiçoeiramente assassinar. Mas em Jeru-
salém, não queriam nem Menelau como
Grande Sacerdote, nem costumes pagãos
introduzidos por Jason; e quando um dia
se espalhou a falsa noticia que Antíoco
protector de Menelau, morrera no Egipto,
uma revolta rebentou na cidade e Menelau
foi expulso. Êste chamou em seu auxílio
o rei da Síria.

5-Antíoco Epifanio entra em Jeru-
salém e decreta uma perseguição reli-
giosa.-Antíoco querendo-se aproveitar
das lutas intestinas da Judeia para submeter
inteiramente o povo judeu e para lhe impôr
a religíão pagã, vem à Judeia com um
forte exército, queimou uma parte da ci-
dade de Jerusalém e massacrou 40.000
habitantes; depois êle penetrou no Templo
que saqueou, levando todos os utensílios



sagrados, o candeeiro de ouro, a mesa dos
pães da proposição e o altar dos perfumes.
Êle ainda fêz mais: para destruir comple-
tamente o culto, êle proibiu sob pena de
morte aos judeus o exercício de tôda a
prática religiosa. Os livros da Lei foram
entregues às chamas. O Templo de Deus
foi consagrado a Júpiter Olímpico, e um
padre grego veio oferecer sôbre o altar
dos holocaustos uma porca (17 de Tamuz,
167 antes da Era vulgar).

Em todo o país os judeus foram obri-
gados a assistir aos sacrifícios idólatras, 
comer carne de animais ímundos e tomar
parte nas procissões pagãs. Todos os que
recusavam participar nestas cerimónias eram
punidos com a morte. Os mais fracos
abandonaram Deus e tornaram-se pagãos.
Outros fugiram para as montanhas e para
o deserto, habitaram cavernas e alimenta-
ram-se de raizes.

Mas um grande número glorificaram o
nome de Deus publicamente e sofreram 
o martírio antes que tornarem-se infieis
à Thorah.

                *

           Os mártires

1 -Martirio do velho Eleazan-Uma
das mais célebres vitimas de Antíoco foi
Eleazar, velho de 90 anos, que recusou
corajosamente de comer carne de porco.
Os funcionários do rei, que tinham piedade
dele, lhe suplicaram de deixar-lhe trazer
secretamente carne permitida, e de deixar
fazer acreditar que êle comia carne de
porco, e de salvar a sua vida com éste
fingimento. Mas o velho lhes respondeu:
Um tal fingimento não convém à minha
idade. A Deus não agrada que eu dê aos
homens mais novos que eu um exemplo
tão funesto! Por alguns dias, que me res-
tam a viver, eu não cobrirei de vergonha:
minha velhice e, para escapar ao suplício
dos homens, eu não me exporei a cair sob
a mão do Todo-poderosom."

Levaram-no imediatamente ao suplício
e êle morreu, cheio de coragem, mártir da
sua fé.


 
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