4 HA-LAPID ========================================= Antíoco IV Epifânio (o brilhante) sucedeu a seu irmão Seleuco. Era um homem tirânico e cruel: assim nada de espantoso que os seus contemporâneos lhe chamas- sem Epimânia (raivoso). Jason foi pro- curá-lo e prometeu-lhe uma grande quantia se êle consentia nomeá-lo Grande Sacer- dote. Antíoco Epifânio acedeu ao seu desejo. O piedoso Onias foi exonerado das suas funções e o helenista Jason apo- derou-se do pontificado. Jason abusou do seu poder para favorecer o seu projecto favorito e introduziu em Jerusalém muitos usos pagãos. Em frente do Templo, edifi- cado em honra de Deus Unico, êle fêz construir um ginásio, onde a juventude judia se exercitava nos jogos olímpicos, segundo o uso grego. Ele exortava até os padres a praticarem aqueles exercicios, tão pouco compatíveis com a religião judia. A juventude não foi mais instruida na THORAH. mas na ciência dos gregos. 4-Jason é suplantado por Menelau, que chama em seu auxílio Antíoco Epi- fánio.-Mas Jason não gozou por muito tempo do seu poder. Êle foi suplantado por sua vez por Menelau, que tinha ainda menos escrúpulos do que êle. Menelau mandou vender um grande número de vasos de ouro do Templo e, com o dinheiro que dêles obteve, conseguiu fazer-se nomear Grande Sacerdote, êle nem mesmo era da familia de Arão. O virtuoso Onias censu- rou-lhe estes sacrilégios, e êle o mandou traiçoeiramente assassinar. Mas em Jeru- salém, não queriam nem Menelau como Grande Sacerdote, nem costumes pagãos introduzidos por Jason; e quando um dia se espalhou a falsa noticia que Antíoco protector de Menelau, morrera no Egipto, uma revolta rebentou na cidade e Menelau foi expulso. Êste chamou em seu auxílio o rei da Síria. 5-Antíoco Epifanio entra em Jeru- salém e decreta uma perseguição reli- giosa.-Antíoco querendo-se aproveitar das lutas intestinas da Judeia para submeter inteiramente o povo judeu e para lhe impôr a religíão pagã, vem à Judeia com um forte exército, queimou uma parte da ci- dade de Jerusalém e massacrou 40.000 habitantes; depois êle penetrou no Templo que saqueou, levando todos os utensílios sagrados, o candeeiro de ouro, a mesa dos pães da proposição e o altar dos perfumes. Êle ainda fêz mais: para destruir comple- tamente o culto, êle proibiu sob pena de morte aos judeus o exercício de tôda a prática religiosa. Os livros da Lei foram entregues às chamas. O Templo de Deus foi consagrado a Júpiter Olímpico, e um padre grego veio oferecer sôbre o altar dos holocaustos uma porca (17 de Tamuz, 167 antes da Era vulgar). Em todo o país os judeus foram obri- gados a assistir aos sacrifícios idólatras, comer carne de animais ímundos e tomar parte nas procissões pagãs. Todos os que recusavam participar nestas cerimónias eram punidos com a morte. Os mais fracos abandonaram Deus e tornaram-se pagãos. Outros fugiram para as montanhas e para o deserto, habitaram cavernas e alimenta- ram-se de raizes. Mas um grande número glorificaram o nome de Deus publicamente e sofreram o martírio antes que tornarem-se infieis à Thorah. * Os mártires 1 -Martirio do velho Eleazan-Uma das mais célebres vitimas de Antíoco foi Eleazar, velho de 90 anos, que recusou corajosamente de comer carne de porco. Os funcionários do rei, que tinham piedade dele, lhe suplicaram de deixar-lhe trazer secretamente carne permitida, e de deixar fazer acreditar que êle comia carne de porco, e de salvar a sua vida com éste fingimento. Mas o velho lhes respondeu: Um tal fingimento não convém à minha idade. A Deus não agrada que eu dê aos homens mais novos que eu um exemplo tão funesto! Por alguns dias, que me res- tam a viver, eu não cobrirei de vergonha: minha velhice e, para escapar ao suplício dos homens, eu não me exporei a cair sob a mão do Todo-poderosom." Levaram-no imediatamente ao suplício e êle morreu, cheio de coragem, mártir da sua fé.
N.º 120, Kislev-Tevet 5704 (Nov-Dez 1943)
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