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N.º 123, Ab-Elul 5704 (Jul-Ago 1944)







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 2            HA-LAPID
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cercava com imprecações. Pilatos não se
atreveu a mandar marchar as suas legiões
contra o povo, mas enviou soldados disfar-
çados em judeus, que se misturaram na
multidão e mataram um grande número de
homens. Os judeus apresentaram final-
mente, queixas contra as crueldades de
Pilatos; e aquéle, obrigado a ir a Roma
para se justificar, foi revogado.
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         O reinado de Agripa

         (41 a 44 da e. v.)

1 -Agripa intercede junto de Calígula
-No reinado de Agripa, neto de Herodes
e da infeliz Mariana, a judeia gozou pela
última vez dum periodo de calma e de bon-
dade. Agripa devia o seu trono ao impe-
rador Calígula, do qual tinha sabido con-
quistar-lhe as graças. Como este tirano
tinha ordenado de colocar as suas estátuas
nas sinagogas e no santuário mesmo de
Jerusalém, com a ordem de adorar o impe-
rador como uma divindade. Agripa usou
da grande influência que tinha sobre êle
para mandar acabar éstes vexames. (Os
judeus de Alexandria tinham também enviado
a Roma uma deputação para pedir a Calígula
de por termo às perseguições. Esta depu-
tação tinha à sua frente o célebre filósofo
Philon. Calígula recebeu os embaixadores
com rudeza. "Sois, pois, vós êstes con-
templadores dos deuses, que não me que-
rem reconhecer como tal, preferindo divini-
zar um ser sem nome, enquanto que todos
me adoram". Êle acrescentou: "Esta gente
parece-me ainda mais tôla do que má, ne-
gando a minha divindade!"). Ainda não
tinha conseguido a resolução do assunto
quando Calígula foi assassinado. Os judeus,
que tinham escapado a um grande perigo,
instituíram, para comemorar a data da sua
morte, uma festa solene.

2-Agripa, rei piedoso e modesto-
Cláudio, sucessor de Calígula, anulou a
ordem do seu precursor e confirmou Agripa
como rei da Palestina. Contràriamente ao
seu avó Herodes. Agripa mostrou-se bon-
doso e modesto e observava as leis religio-
sas. Dizia-se que êle tinha tomado o

  

encargo de reparar as faltas do seu ante-
passado. Doou ao templo uma corrente de
ouro que Calígula lhe tinha oferecido em
sinal de amizade. Tornou a dar ao Sanhe-
drin os seus direitos e não confiou o Sacer-
dócio senão a homens piedosos. Na festa
das Primícias, êle misturava-se sem nenhuma
grandeza, na multidão que se dirigia para o
Templo, levando êle próprio, como um sim-
ples particular, a sua cesta de frutos ao
santuário.

-Se éle encontrava no seu caminho um
cortejo nupcial, êle encostava o seu carro
para o deixar passar livremente. Também
foi muito amado pelo seu povo. Um dia
que êle lia, numa assembléia pública, a pas-
sagem do Deuteronómio (XVI, 15), que diz:
"É do meio dos teus irmãos que tu deves
escolher um rei"; a idéia da sua origem
semi-idónea fêz-lhe derramar lágrimas.
Mas de todos os lados lhe gritaram: "Tu
és nosso irmão, tu es nosso irmão!"

3-Polítlca de Agripa. Sua morte-
Agripa, lisongeando Roma, sonhava, em
tornar a Judeia cada vez mais independente.
Foi para êsse fim que éle cercou o arra-
balde de Bézétha, ao norte da cidade, de
muralhas altas. Éle quis também levantar
fortificação à volta da cidade; mas os roma-
nos, tomando conhecimento dos seus desí-
gnios, proibiram-lhe estas construções.-
A tenacidade de Agripa teria sem dúvida
assegurado à Judeia a segurança para futuro,
se a morte não viesse surpreende-lo na
idade de 54 anos apenas.

                 *

       A revolta contra Roma

1-Período de anarquia-O reinado
de Agripa tinha sido como um radioso pôr
do Sol precedendo uma noite sombria.
Após a morte dêste rei, a Palestina foi de
novo governada por procuradores, dos quais
a maior parte, exercendo as suas funções
com crueldade e arbitrariedade, tinham
avidez de sangue e de ouro. A mais terri-
vel anarquia reinou então na Judeia. A vio-
lência e a imoralidade sobretudo nas classes
ricas, aumentava de dia a dia. As familias
pontificais eram corruptas. Os assassinatos
eram muito freqüentes. Bandos armados


 
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