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N.º 123, Ab-Elul 5704 (Jul-Ago 1944)







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diado, Os romanos tiveram como grande
aliada a fome.

3.-A última luta- A luta suprema se
trava então. Os cercados fizeram sortidas
audaciosas para impedir os trabalhos de
uma e para destruir as máquinas de guerra
dirigidas contra a cidade. Eles lançaram
o terror e a desorganização entre as legiões
romanas. Não eram sómente os zeladores,
mas todos os que podiam pegar numa arma,
tomavam parte nos combates; as mulhe-
res mesmo demonstraram, tanto como os
homens, um espantoso desprêso pela morte:
elas lançavam sobre a cabeça dos assaltantes
azeite a ferver. Mas toda esta coragem
heróica foi em breve tornada inútil com a
aparição da fome. As provisões esgota-
ram-se e a miséria torna-se tão grande que se
disputavam à a alimentação mais repugnante.
Assim viu-se a rica Marta, viúva do grande
sacerdote Jesué ben-Gamala, que diz-se,
fazia outrora estender tapetes para ir da sua
morada ao Templo, apanhava nas ruas uma
ignóbil alimentação para satisfazer a sua
fome devoradora. Uma mãe, impelida por
a fome até à loucura, devorou o seu pró-
prio filho.-E além disso, os cadáveres
amontoados na cidade geraram a peste que
dizimou a população. Não foi preciso mais
para quebrar a fórça dêstes cercados o
heroísmo incomparável.

4- Tomada da cidade e do Templo -
No dia 7 de jyar do ano 70, os defensores
foram obrigados a abandonar os muros
exteriores. No dia 17 Tamuz, sob as
pancadas repetidas das erietes, os muros do
segundo recinto se derrocaram. Foi nesta
mesma data que o sacrifício cotidiano cessou,
por falta de vítimas. No comêço do mês
de Ab, os romanos afastaram-se da parte
baixa da cidade. Eles tentaram então atacar
a colina do Templo, poderosamente fortifi-
cada: mas todos os seus assaltos foram
repetidos. Nos dias 9 e 10 de Ab, os
sitiados fizeram sortidas desesperadas, mas
Eles foram repelidos e perseguidos até ao
local do Templo. Tito tinha, diz-se, dado
ordem de conservar o santuário. Mas du-
rante a perseguição, um soldado romano
Pegou num tição inflamado e atirou-o por
uma janela, para o interior do edifício.
A madeira das galerias incendiou-se; o
incêndio propagou-se rapidamente e pro-
jectou em pouco as suas chamas para o céu.
A vista disto, os resolutos recuaram, desen-

corajados. Tóda a resistência tinha cessado.
Tito acorreu e ordenou que apagassem o
fogo, mas a sua voz não foi ouvida. Os sol-
dados romanos precipitaram-se com fúria
para o interior do Templo, pilhando os
tesouros e massacrando os defensores.
Um grande número dêstes se precipitaram
nas chamas, não querendo sobreviver à
ruína do santuário. Vários milhares de
homens, de mulheres e de crianças que
tinham ficado debaixo dos pórticos do sul,
foram degolados. O Templo ardeu com-
pletamente; apenas alguns destroços do
muro ocidental subsistem ainda nos nossos
dias. Numerosos sacerdotes tinham sido
feitos prisioneiros; Tito os fêz cruelmente
massacrar, dizendo: "Os sacerdotes devem
perecer com o seu Templo". As legiões
vitoriosas ofereceram, sobre o próprio local
do santuário, sacrifícios às suas divindades,
e ali desfraldaram os seus estandartes.-
O segundo Templo foi assim destruído.
como o tinha sido o primeiro, no dia 9
de Ab.-Após o incêndio da Casa santa.
Tito mandou pegar o fogo a tôda a parte
da cidade que estava em seu poder. Depois
apoderou-se da cidade alta, onde se tinham
intrincheirado os últimos zeladores. Os ro-
manos massacraram todos êstes heróis.
excepto os seus chefes João de Giscala e
Simeão bar-Giora, que foram feitos pri-
sioneiros. A cidade alta, por sua vez, foi
incendiada; os muros foram arrazados, à
excepção de três muros, que Tito deixou de
pé como monumentos da sua memorável
vitória. O cêrco de Jerusalém tinha custado
a vida a mais dum milhão de vítimas
judaicas.

5-Sofrimentos dos cativos-O nú-
mero de prisioneiros feitos durante esta
guerra por os romanos ultrapassam 900.000.
Todos os que foram acusados de terem
tomado parte na insurreição foram crucifi-
cados. Entre os outros. Tito escolheu os
mais belos para figurarem no triunfo que o
esperava. O resto foi enviado para o Egipto,
para aí trabalhar nas minas de chumbo, ou
repartidos pelas províncias para os jogos do
circo, onde eram obrigados a lutar contra
animais ferozes, ou a lutar entre si, até à
morte. Foi assim que pareceram 2.500
jovens judeus na ocasião da festa do ani-
versário de Domiciano, irmão de Tito.
-Felizes, os que eram vendidos como
escravos; pelo menos lhes restava a espe-


 
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