HA-LAPÍD 5 ========================================= diado, Os romanos tiveram como grande aliada a fome. 3.-A última luta- A luta suprema se trava então. Os cercados fizeram sortidas audaciosas para impedir os trabalhos de uma e para destruir as máquinas de guerra dirigidas contra a cidade. Eles lançaram o terror e a desorganização entre as legiões romanas. Não eram sómente os zeladores, mas todos os que podiam pegar numa arma, tomavam parte nos combates; as mulhe- res mesmo demonstraram, tanto como os homens, um espantoso desprêso pela morte: elas lançavam sobre a cabeça dos assaltantes azeite a ferver. Mas toda esta coragem heróica foi em breve tornada inútil com a aparição da fome. As provisões esgota- ram-se e a miséria torna-se tão grande que se disputavam à a alimentação mais repugnante. Assim viu-se a rica Marta, viúva do grande sacerdote Jesué ben-Gamala, que diz-se, fazia outrora estender tapetes para ir da sua morada ao Templo, apanhava nas ruas uma ignóbil alimentação para satisfazer a sua fome devoradora. Uma mãe, impelida por a fome até à loucura, devorou o seu pró- prio filho.-E além disso, os cadáveres amontoados na cidade geraram a peste que dizimou a população. Não foi preciso mais para quebrar a fórça dêstes cercados o heroísmo incomparável. 4- Tomada da cidade e do Templo - No dia 7 de jyar do ano 70, os defensores foram obrigados a abandonar os muros exteriores. No dia 17 Tamuz, sob as pancadas repetidas das erietes, os muros do segundo recinto se derrocaram. Foi nesta mesma data que o sacrifício cotidiano cessou, por falta de vítimas. No comêço do mês de Ab, os romanos afastaram-se da parte baixa da cidade. Eles tentaram então atacar a colina do Templo, poderosamente fortifi- cada: mas todos os seus assaltos foram repetidos. Nos dias 9 e 10 de Ab, os sitiados fizeram sortidas desesperadas, mas Eles foram repelidos e perseguidos até ao local do Templo. Tito tinha, diz-se, dado ordem de conservar o santuário. Mas du- rante a perseguição, um soldado romano Pegou num tição inflamado e atirou-o por uma janela, para o interior do edifício. A madeira das galerias incendiou-se; o incêndio propagou-se rapidamente e pro- jectou em pouco as suas chamas para o céu. A vista disto, os resolutos recuaram, desen- corajados. Tóda a resistência tinha cessado. Tito acorreu e ordenou que apagassem o fogo, mas a sua voz não foi ouvida. Os sol- dados romanos precipitaram-se com fúria para o interior do Templo, pilhando os tesouros e massacrando os defensores. Um grande número dêstes se precipitaram nas chamas, não querendo sobreviver à ruína do santuário. Vários milhares de homens, de mulheres e de crianças que tinham ficado debaixo dos pórticos do sul, foram degolados. O Templo ardeu com- pletamente; apenas alguns destroços do muro ocidental subsistem ainda nos nossos dias. Numerosos sacerdotes tinham sido feitos prisioneiros; Tito os fêz cruelmente massacrar, dizendo: "Os sacerdotes devem perecer com o seu Templo". As legiões vitoriosas ofereceram, sobre o próprio local do santuário, sacrifícios às suas divindades, e ali desfraldaram os seus estandartes.- O segundo Templo foi assim destruído. como o tinha sido o primeiro, no dia 9 de Ab.-Após o incêndio da Casa santa. Tito mandou pegar o fogo a tôda a parte da cidade que estava em seu poder. Depois apoderou-se da cidade alta, onde se tinham intrincheirado os últimos zeladores. Os ro- manos massacraram todos êstes heróis. excepto os seus chefes João de Giscala e Simeão bar-Giora, que foram feitos pri- sioneiros. A cidade alta, por sua vez, foi incendiada; os muros foram arrazados, à excepção de três muros, que Tito deixou de pé como monumentos da sua memorável vitória. O cêrco de Jerusalém tinha custado a vida a mais dum milhão de vítimas judaicas. 5-Sofrimentos dos cativos-O nú- mero de prisioneiros feitos durante esta guerra por os romanos ultrapassam 900.000. Todos os que foram acusados de terem tomado parte na insurreição foram crucifi- cados. Entre os outros. Tito escolheu os mais belos para figurarem no triunfo que o esperava. O resto foi enviado para o Egipto, para aí trabalhar nas minas de chumbo, ou repartidos pelas províncias para os jogos do circo, onde eram obrigados a lutar contra animais ferozes, ou a lutar entre si, até à morte. Foi assim que pareceram 2.500 jovens judeus na ocasião da festa do ani- versário de Domiciano, irmão de Tito. -Felizes, os que eram vendidos como escravos; pelo menos lhes restava a espe-
N.º 123, Ab-Elul 5704 (Jul-Ago 1944)
> P05