4 HA-LAPID ========================================= suspeito. Mas a influência de Josephe era tal que, apesar das graves acusações que pesavam sôbre ele, deixaram-no nas suas funções), que, no seu foro intimo, simpati- zava com os romanos. O grande Sanhé- drín tinha então à sua frente um homem enérgico, Semeão Ben-Gamlíel, que, sem ser zelador fanático, favorecia com tôdas as suas forças os preparativos da guerra emi- nente.-Na capital reinou então uma febre patriótica. Por tóda a parte forjavam-se armas, fabricavam-se máquinas de guerra. As muralhas eram fortificadas e postas em estado de defesa: a juventude exercitava-se no manejo das armas. Em tôda a Judeia os patriotas preparavam-se para uma luta que devia ser formidável. 2-Conquista da Galileia pelos ro- manos-Mas os romanos não ficavam inactivos. O imperador Nero enviou à Judeia o melhor dos seus generais. Flávio Vespasiano, com um exército escolhido. composto de 60.000 homens, Vespasiano avançou primeiramente para as fortalezas do Norte da Galileia, especialmente para Jotapata. Êle fêz levantar em frente desta cidade sessenta máquinas de cêrco, que lançavam sem interrupção dardos, pedras e matérias inflamáveis. Os sitiados defende- ram-se com o mais profundo desprêso pela morte, repelindo vários assaltos, destruindo em muitas sortidas os trabalhos dos sitian- tes, fazendo sortidas hábeis e muitas vezes felizes. Após mais de quarenta dias cerco a cidade foi tomada em consequencia da traição dum desertor, que indicou aos inimigos um posto fracamente defendido Durante a noite os romanos penetraram na cidade, surpreenderam os guerreiros extenuados e os massacraram até ao último; 40.000 homens morreram. José se escondeu cobardemente numa cisterna; depois o pe- rigo passado, rendeu-se aos romanos. Ves- pasiano tratou-o com muita atenção e encheu-o de presentes; porque Jose na rea- lidade não tinha sido um inimigo dos romanos.-Durante o resto da guerra, ele seguiu o exército romano como espectador, notando todos os acontecimentos. Depois da guerra, viveu vinte-e-cinco anos em Roma; foi aí que escreveu em lingua grega a sua célebre "História da guerra dos ju- deus" assim como outras obras, que conti- nuam actualmente a ser as fontes históricas principais desta época. 3 -Submissão da Samaria e da Pereia -Depois duma luta encarniçada de três anos, a Samaria e a Pereia cairam também nas mãos do vencedor. Êstes paises não eram mais que um deserto. Vespasiano dirigia-se para Jerusalém, quando soube que Nero tinha sido assassinado e que o exército do Oriente o tinha proclamado imperador. Êle regressou então a Roma, deixando a seu filho Tito o cuidado de conquistar Jerusalém. --------------------------------------- Destruição do Templo de Jerusalém e da cidade santa 1-Situação da capital-Jerusalém tinha sido o ponto de reunião de todos os fugitivos da Galileia, João de Giscala, que tinha conseguido escapar-se, tinha levado consigo vários milhares de partidários. A cidade estava poderosamente fortificada. e os seus defensores, cujo número engros- sava dia a dia, consideravam-se invenciveis. Podia-se avaliar a população de Jerusalém nesse tempo em 600.000 almas, sem contar estes que tinham vindo de fora. A cidade, largamente aprovisionada, podia sustentar um cerco de vários anos; ela poderia obter dos romanos uma paz honrosa, se as lutas intestinas não tivessem quebrado a sua força de resistência. 2-A luta de partidos e suas conse- qüências - Os cercados estavam com efeito. divididos em dois campos opostos: o par- tido da paz, que, para salvar o Templo. estava disposto à submissão, e o partido da guerra, que exigia a luta, custasse o que custasse. Mas para cúmulo de desgraça, este partido guerreiro estava ele prório dividido em três partidos hóstis que trava- vam entre si lutas sangrentas. Foi somente quando Tito concentrou um exército de 80.000 homens â volta da cidade que êstes partidos chegaram a um certo acordo. Mas já o mal era irreparável; porque durante estas lutas fraticidas e vergonho- sas, os celeiros de trigo tinham-se incen-
N.º 123, Ab-Elul 5704 (Jul-Ago 1944)
> P04