HA-LAPID 3 ======================================== de "Sicários", (assim designados por um pequeno punhal que usavam êstes homens escondido nos seus vestidos) percorriam o pais; êstes Sicários tinham votado um ódio mortal aos romanos e aos seus partidários; mas esquecendo dentro em pouco que êles não se tinham armado senão pela causa da liberdade, êles emprestavam os seus braços a qualquer que os pagava e espalharam o terror na população passiva. Falsos profe- tas e falsos messias agitavam o povo e prometiam a libertação do jugo romano, enquanto que os "Zeladores" -partído dos patriotas-levaram à revolta e consti- tuíam guerrilhas, que trabalharam mais tarde com tôdas as suas fôrças para liber- tar a Judeia. 2-Senius Florus leva o povo ao desespêro.-O último procurador, Senius Florus (64 a 66 da e. v.) mostrou-se tão cúpido e tão sanguinário que os judeus tornaram-se dia para dia mais desejosos de quebrar o jugo de Roma. Florus. por seu lado, fêz tudo por levar o povo para a insurreição. Ganho à força de dinheiro, permitiu aos gregos de Cesareia de se lançar sobre os judeus desta cidade e de massacrar um grande número dêles (66 da e. v.). Não contente com esta acção de barbaridade, que emocionou tôda a popu- lação de Jerusalém, éle tentou ainda de pilhar o tesouro do Templo e provocou assim em Jerusalém um tumulto, no decor- rer do qual êle fêz massacrar mais de 3.000 pessoas. Mas no dia seguinte o povo tinha-se organizado, e uma imponente tropa se reuniu na cidade alta para proteger o santuário, prestes aos últimos sacrifícios. Vendo a atitude resoluta do povo. Florus perdeu a coragem e retirou as suas côrtes de Jerusalém. 3-Os partidos-Logo que Florus partiu, os judeus fizeram reüniões. A popu- lação dividiu-se em dois partidos, o partido da revolução e o da paz. O primeiro- os Zeladores-compunha-se sobretudo de jovens que queriam, com perigo de vida, acabar com a tirania romana e reconquistar a liberdade perdida, comprometeram-se por um juramento solene, antes morrerem do que renderem-se. O seu _chefe era Eléazar ben Hanania. Ao partido da paz pertenciam os Sábios, depois os notáveis com poderes de Roma e os ricos que recea- vam pelos seus bens. 4--Insurreição dos Zeladores.-O chefe dos Zeladores procurou provocar a rutura com Roma. Mandou cessar de fazer sacrifícios por o imperador, acto decisivo da ínsurreição. O partido moderado, que não se sentia com forças de sustentar luta contra Roma, tentou de conter a revolta. Os dois partidos lançaram-se em combate no recinto da cidade; os Zeladores triunfa- ram. Em todo o pais trava-se então uma luta sem piedade entre judeus e romanos, entre judeus e pagãos. Ela estendeu-se mesmo até Alexandria, onde, se diz que 50.000 judeus morreram num massacre.- Cestius Gallus, governador da Síria, recebeu ordem de marchar contra a Judeia e de esmagar os rebeldes. Ele avançou contra Jerusalém com 30.000 homens, mas os Zeladores atacaram o seu exército com uma tal impetuosidade que lhe ifiligiram perdas consideráveis. Certíus, obrigado a retirar-se, abandonou nas mãos dos Zela- dores as suas águías, o seu tesouro militar, armas e engenhos de cêrco. Os vencedores reentraram em Jerusalém cantando hinos de triunfo. A paz entre os judeus e os roma- nos tornava-se desde então impossivel. Os próprios moderados tiveram que se juntar aos patriotas e preparar-se para uma luta encarniçada, para salvar a pátria ou para achar combatendo, uma morte gloriosa. * A guerra com Roma (67 a 70 da e. v.) 1 - Preparativos dos judeus - Uma assembléia nacional, convocada no átrio do Templo, nomeou José Ben-Sorion, gover- nador de Jerusalem, com missão de dirigir os trabalhos de fortificação. O posto mais considerável, o de governador da Galileia, foi confiado a josé Ben-Matthia, (mais conhecido pelo seu nome romano de Fla- vius josephe.-A Galileia teve um outro defensor, joão de Siscala, homem inteli- gente e sincero, chefe dos patriotas ardentes, que depressa desmacarou a suplicidade de losephe. Aquele contrariava a actividade dos patriotas em vez de os encorajar; João o odiava e o denunciou ao Sanhédrin como
N.º 123, Ab-Elul 5704 (Jul-Ago 1944)
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