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N.º 128, Ab-Elul 5705 (Jul-Ago 1945)







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 2            HA-LAPID
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       UM DOCUMENTO HISTÓRICO

A carta do Presidente Truman ao General Eisenhower

A carta que se segue, datada de 31 de
Agosto, foi enviada pelo Presidente Truman
ao General Eisenhower, juntamente com
uma cópia do relatório de Harrison:

"Recebi e estudei o relatório do Sr. Earl
G. Harrison; nosso representante na Comis-
são Intergovernamental em prol dos refu-
giados, sôbre a sua missão de investigar
das condições e necessidades das pessoas
deslocadas da Alemanha, que não têm
nacionalidade ou não sejam repatriáveis,
muito particularmente dos judeus. Junto
vos remeto uma cópia dêsse relatório.
Além disso, tive também uma longa con-
ferência com êle sôbre o mesmo assunto.

Se bem que o Sr. Harrison dê o
devido desconto ao facto de, durante os
primeiros dias da libertação, a enorme
tarefa da repatriação em massa requerer
um excesso de atenção, relata condições
existentes actualmente que requerem reme-
dio pronto. Eu sei que estas condições
não estão em conformidade com as dis-
posições promolgadas pelo Quartel General
das Fõrças Expedicionárias Aliadas, actual-
mente o Executivo Combinado das Pessoas
Deslocadas. Mas são o que de facto existe.
Por outras palavras. essas disposições não
são cumpridas por alguns dos vossos ofi-
ciais subalternos.

Por exemplo, os oficiais do govêrno
militar foram autorizados e até receberam
ordens para exigirem facilidades de abole-
tamento à população alemã em beneficio
das pessoas deslocadas. Porém, de acordo
com o relatório, isto não se tem feito em
larga escala. Aparentemente, há a con-
vicção de que tôdas as pessoas deslocadas,
sem atender à perseguição de que foram
alvo devem permanecer nos campos, todos
eles repletos e fortemente guardados.

Alguns destes campos são precisa-
mente os mesmos em que essa gente foi
posta em monte, passou fome, foi tortu-
rada e forçada a presencear a morte dos
seus companheiros, amigos e parentes.



As medidas anunciadas eram para que se
desse preferência a essa gente sôbre a
população civil alemã, em matéria de
alojamento. Mas a prática parece ser uma
coisa inteiramente diferente.

Temos de intensificar os nossos esforços
para tirar essa gente dos campos e metê-los
em habitações decentes até poderem ser
repatriados e evacuados. Essas habita-
ções deveriam ser requisitadas à população
alemã. É esta uma das maneiras de cum-
prir as disposições de Potsdam, de que o
povo alemão "não pode escapar-se à
responsabilidade dos males que trouxe
sôbre si".

Cito éste parágrafo que se refere parti-
cularmente aos judeus entre as pessoas
deslocadas:

"Da maneira como as coisas estão
agora, parece que estamos a tratar os
judeus como os nazis os trataram, excep-
tuando o facto de não os exterminar-
mos. Encontram-se em grande número,
em campos de concentração, sob a nossa
guarda militar em vez de sob a guarda
das tropas SS. Somos levados a pre-
guntar se, ao ver isto o povo alemão não
suporá que seguimos ou pelo menos per-
doamos a conduta nazi."

No relatório encontrareis outros exem-
plos que quero dizer:

"Espero que adopteis a sugestão de que
seja instituído um plano mais vasto de
inspecção feita por grupos apropriados do
quartel general, para que não seja permi-
tida a infracção das medidas humanitárias
anunciadas. A maioria das más condições
actualmente existentes, nos campos de
pessoas deslocadas seriam rápidamente
remediadas se chegassem ao vosso conhe-
cimento ou ao conhecimento dos vossos
oficiais de fiscalização por meio de visitas
de inspecção.

Sei que estais de acôrdo comigo quando
digo que temos uma responsabilidade par-
ticular para com estas vitimas da perse-
guição e da tirania, que se encontram na


 
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