2 HA-LAPID ======================================== UM DOCUMENTO HISTÓRICO A carta do Presidente Truman ao General Eisenhower A carta que se segue, datada de 31 de Agosto, foi enviada pelo Presidente Truman ao General Eisenhower, juntamente com uma cópia do relatório de Harrison: "Recebi e estudei o relatório do Sr. Earl G. Harrison; nosso representante na Comis- são Intergovernamental em prol dos refu- giados, sôbre a sua missão de investigar das condições e necessidades das pessoas deslocadas da Alemanha, que não têm nacionalidade ou não sejam repatriáveis, muito particularmente dos judeus. Junto vos remeto uma cópia dêsse relatório. Além disso, tive também uma longa con- ferência com êle sôbre o mesmo assunto. Se bem que o Sr. Harrison dê o devido desconto ao facto de, durante os primeiros dias da libertação, a enorme tarefa da repatriação em massa requerer um excesso de atenção, relata condições existentes actualmente que requerem reme- dio pronto. Eu sei que estas condições não estão em conformidade com as dis- posições promolgadas pelo Quartel General das Fõrças Expedicionárias Aliadas, actual- mente o Executivo Combinado das Pessoas Deslocadas. Mas são o que de facto existe. Por outras palavras. essas disposições não são cumpridas por alguns dos vossos ofi- ciais subalternos. Por exemplo, os oficiais do govêrno militar foram autorizados e até receberam ordens para exigirem facilidades de abole- tamento à população alemã em beneficio das pessoas deslocadas. Porém, de acordo com o relatório, isto não se tem feito em larga escala. Aparentemente, há a con- vicção de que tôdas as pessoas deslocadas, sem atender à perseguição de que foram alvo devem permanecer nos campos, todos eles repletos e fortemente guardados. Alguns destes campos são precisa- mente os mesmos em que essa gente foi posta em monte, passou fome, foi tortu- rada e forçada a presencear a morte dos seus companheiros, amigos e parentes. As medidas anunciadas eram para que se desse preferência a essa gente sôbre a população civil alemã, em matéria de alojamento. Mas a prática parece ser uma coisa inteiramente diferente. Temos de intensificar os nossos esforços para tirar essa gente dos campos e metê-los em habitações decentes até poderem ser repatriados e evacuados. Essas habita- ções deveriam ser requisitadas à população alemã. É esta uma das maneiras de cum- prir as disposições de Potsdam, de que o povo alemão "não pode escapar-se à responsabilidade dos males que trouxe sôbre si". Cito éste parágrafo que se refere parti- cularmente aos judeus entre as pessoas deslocadas: "Da maneira como as coisas estão agora, parece que estamos a tratar os judeus como os nazis os trataram, excep- tuando o facto de não os exterminar- mos. Encontram-se em grande número, em campos de concentração, sob a nossa guarda militar em vez de sob a guarda das tropas SS. Somos levados a pre- guntar se, ao ver isto o povo alemão não suporá que seguimos ou pelo menos per- doamos a conduta nazi." No relatório encontrareis outros exem- plos que quero dizer: "Espero que adopteis a sugestão de que seja instituído um plano mais vasto de inspecção feita por grupos apropriados do quartel general, para que não seja permi- tida a infracção das medidas humanitárias anunciadas. A maioria das más condições actualmente existentes, nos campos de pessoas deslocadas seriam rápidamente remediadas se chegassem ao vosso conhe- cimento ou ao conhecimento dos vossos oficiais de fiscalização por meio de visitas de inspecção. Sei que estais de acôrdo comigo quando digo que temos uma responsabilidade par- ticular para com estas vitimas da perse- guição e da tirania, que se encontram na
N.º 128, Ab-Elul 5705 (Jul-Ago 1945)
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