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N.º 128, Ab-Elul 5705 (Jul-Ago 1945)







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              HA-LAPID               3
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nossa zona. Temos de mostrar bem cla-
ramente ao povo alemão que nos repugnam
absolutamente as medidas nazis de fome e
perseguição.

Não teremos melhor oportunidade para
o demonstrar do que pela maneira como
tratarmos os sobreviventes que ainda res-
tam na Alemanha.

Espero que me comuniqueis o mais
breve possivel os passos que pudestes dar
afím de fazer desaparecer as condições
mencionadas no relatório.

Entro agora em comunicação directa
com o govêrno inglês, num esforço porque
se abram as portas da Palestina às pessoas
deslocadas que para lá desejem ir.

A seguir, algumas passagens extraídas
do relatório de Harrison (Harrison Report).

          Alemanha e Áutria

Duma maneira geral, três meses depois
do dia V e até muito mais tempo depois
da libertação de grupos individuais, muitos
judeus deslocados e outros possivelmente
não repatriáveis, vivem ainda guardados
e cercados de arame-farpado em campos
de tôda a espécie (construídos pelos ale-
mães para trabalhadores de escravos e
judeus), incluindo alguns dos mais céle-
bres campos de concentração repletos, e
em condições frequentemente anti-higiê-
nicas e geralmente deprimentes, em inteira
ociosidade, sem qualquer oportunidade de
comunicar com o mundo exterior a não
ser clandestinamente e sempre à espera da
esperança duma palavra de encorajamento
e acção em seu favor. A mortalidade tem
sido grande depois da libertação, como era
de esperar. Um capelão do exército, um
Rabbino, atendeu pessoalmente, depois da
libertação, a 23.000 entêrros (90 % de
judeus), só em Bergen-Belsen, um dos
maiores e mais perversos campos de con-
centração, onde, incidentalmente, apesar
dos persistentes comunicados em contrá-
rio, ainda vivem 14.000 pessoas deslocadas,
incluindo mais de 7.000 judeus.

A preocupação mais absorvente destas
vitimas dos nazis e da guerra e nada saber
dos seus parentes: Mulheres, maridos,
país e filhos. A maior parte dêles têm
estado separados há 3, 4 ou 5 anos e não
Podem compreender porque é que os liber-
tadores não fizeram imediatamente um



esfôrço organizado para reünir grupos de
familias. Quási tudo, do muito pouco que
se tem feito neste sentido, tem-se limitado
a uma acção informativa empreendida pelas
próprias pessoas deslocadas, auxiliadas por
dedicados capelães do exército, freqüente-
mente Rabbinos, e pelo Joint Distribution
Committee Americano.

       A nacionalidade dos Judeus

Embora seja impossivel determinar com
precisão o número de judeus que actual-
mente se encontram na parte da Alemanha
que não está ocupada pela Rússia, tudo
indica que o número é pequeno, atin-
gindo provavelmente o máximo de 100.000.
Algumas pessoas bem informadas afirmam
que o número é muitíssimo menor. Os
principais grupos nacionais são polacos,
húngaros, romenos, alemães e austríacos.
A primeira e mais evidente necessidade
desta gente é o reconhecimento do seu
actual estado legal, e, por isto, eu entendo
o seu estado de judeus. Quasi todos eles
passaram anos nos piores campos de cou-
centração.

Em muitos casos, embora isto ainda
não se saiba em tôda a sua extensão são
os únicos sobreviventes das suas familias.
e muitos sofreram agonia de presencear a
destruição dos seus entes queridos. Con-
seqüentemente, o seu actual estado físico e
moral é muito pior do que nos outros
grupos.

Sendo êles agora considerados apenas
como membros de grupos nacionais, o
resultado é que não se pode prestar aten-
ção especial às suas necessidades natural-
mente maiores, porque, segundo se declara,
isso implicaria a uma preferência que
levaria a complicações com a parte não
judaica de cada um dêsses grupos nacio-
nais. Assim tentar-se-ia uma falsa solução
do problema. Recusar reconhecer os ju-
deus como tais terá como resultado, neste
caso, fechar os olhos à sua perseguição
anterior que foi muito mais bárbara e que
já fêz dêles um grupo àparte com maiores
necessidades. A sua segunda grande ne-
cessídade só poderá ser apresentada dis-
cutindo o que eu acho ser o seu futuro
destino.

Por motivos bem claros que não é pre-
ciso mencionar, a maior parte dos judeus


 
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