4 HA-LAPID ========================================= deseja sair da Alemanha e da Austria o mais breve possível. E' ésse o seu primeiro e mais ardente desejo, e embora êste rela- tório trate necessariamente de outras neces- sidades presentes da sua situação, muita desta gente chega a recear outras sugestões ou planos em seu beneficio, devido à possibilidade de assim se afastar a atenção do importantíssimo problema de evacuação da Alemanha. O seu desejo de abando- narem a Alemanha é urgente. A vida que têm levado nos últimos dez anos, vida de receios, vida errante e de tortura fisica têm-os tornados impacientes com éste atraso. Querem ser já evacuados para a Palestina assim como outros grupos nacionais estão a ser repatriados para os seus paises. Não olham com prazer a idéia de esta- rem à espera na ociosidade e desconforto num campo de concentração alemão, me- ses sem conta, até que se encontre com todo o vagar uma solução para o seu problema. Quanto aos possiveis locais da refixa- ção para os que não tenham nacionalidade ou que não queiram voltar à sua terra, a Palestina é definida e predominante a pri- meira escolha, muitos têm lá parentes, ao passo que outros experimentaram a intole- rância e a perseguição nas suas terras durante muitos anos e sentem assim que na Palestina serão bem acolhidos, acharão paz e sossêgo e terão a oportunidade de viver e trabalhar. No caso dos judeus polacos e bálticos, o desejo de vir para a Palestina, numa grande maioria de casos, no amor pelo país e dedicação pelo ideal sionísta. Também é certo que há muitos que desejam ir para a Palestina porque sabem que as suas possibilidades de serem admitidos nos E. U. ou noutros países do hemisfério ocidental são limitadas, senão nulas. Porém seja qual fôr o motivo que os leva a voltarem-se para a Palestina, é, indubitàvelmente, o facto que a grande maioria dos judeus actualmente na Alema- nha não desejam regressar aos países de onde vieram. A Palestina não só é declaradamente a escolha da maioria mas também o único local escolhido onde é possivel a emigração. Alguns, em pequeno número, desejam emi- grar para os E. U. onde têm parentes, outros para a inglaterra, dominios ingle- ses ou America-do-Sul. Conclusão e recomendações A questão da Palestina tem que ser encarada de frente. Agora que já não estão implicados tão grandes números e se há verdadeira comiseração pelo que êstes sobreviventes já sofreram, deve ser possivel fazer-se qualquer modificação ou excepção ao Livro Branco inglês de 1939, sem que isso tenha graves repercursões. Para alguns dos judeus europeus não há qualquer solução aceitável ou sequer decente relativamente ao seu futuro, senão a Pales- tina. Isto afirma-se por razões puramente humanitárias, sem qualquer referência a considerações politicas ou ideológicas, no que respeita a Palestina. Baseado em informações idênticas, su- ponho que os certificados da emigração para a Palestina ter-se-ão esgotado no fim do corrente mês (Agôsto de 1945). O que vai ser no futuro? Todo aquele que visi- tou os campos de concentração que falou com os desesperados sobreviventes consi- dera uma calamidade ao ver que as portas da Palestina em breve estarão fechadas. A Jewish Agency da Palestina submeteu ao governo inglês uma petição para que fôssem concedidos mais 100.000 certifica- dos de emigração. O Memorandum que acompanha a petição faz uma exposição persuasiva quanto à capacidade imediata de absorção da Palestina e a geral falta de homens aptos nesse pais. Ainda que haja motivos para diferenças de opinião quanto ao número preciso dêsses certificados, os quais possam ser considerados razoáveis nesses casos, não se pode fazer questão de que se éste pedido fosse satisfeito, contri- buiria muito para a completa solução do futuro dos judeus que ainda se encontram na Alemanha e na Austria, e mesmo de outros judeus deslocados que não desejam lá ficar, nem regressar aos seus países de origem. Não há, pois, assunto mais im- portante no que respeita aos judeus da Alemanha e da Austria e aos das outras terras que conheceram os horrores dos campos de concentração, como a solução do problema da Palestina. Diz-se que o Dr. Hugh Dalton, insigne membro do actual govêrno inglês, declarou na confe- rência do partido trabalhista, em Maio de 1916: "Êste partido já hoje expôs e repe- tiu na recente data de Abril passado e
N.º 128, Ab-Elul 5705 (Jul-Ago 1945)
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