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N.º 128, Ab-Elul 5705 (Jul-Ago 1945)







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 4            HA-LAPID
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deseja sair da Alemanha e da Austria o
mais breve possível. E' ésse o seu primeiro
e mais ardente desejo, e embora êste rela-
tório trate necessariamente de outras neces-
sidades presentes da sua situação, muita
desta gente chega a recear outras sugestões
ou planos em seu beneficio, devido à
possibilidade de assim se afastar a atenção
do importantíssimo problema de evacuação
da Alemanha. O seu desejo de abando-
narem a Alemanha é urgente. A vida que
têm levado nos últimos dez anos, vida de
receios, vida errante e de tortura fisica
têm-os tornados impacientes com éste atraso.
Querem ser já evacuados para a Palestina
assim como outros grupos nacionais estão
a ser repatriados para os seus paises.

Não olham com prazer a idéia de esta-
rem à espera na ociosidade e desconforto
num campo de concentração alemão, me-
ses sem conta, até que se encontre com
todo o vagar uma solução para o seu
problema.

Quanto aos possiveis locais da refixa-
ção para os que não tenham nacionalidade
ou que não queiram voltar à sua terra, a
Palestina é definida e predominante a pri-
meira escolha, muitos têm lá parentes, ao
passo que outros experimentaram a intole-
rância e a perseguição nas suas terras
durante muitos anos e sentem assim que
na Palestina serão bem acolhidos, acharão
paz e sossêgo e terão a oportunidade de
viver e trabalhar. No caso dos judeus
polacos e bálticos, o desejo de vir para a
Palestina, numa grande maioria de casos,
no amor pelo país e dedicação pelo ideal
sionísta. Também é certo que há muitos
que desejam ir para a Palestina porque
sabem que as suas possibilidades de serem
admitidos nos E. U. ou noutros países do
hemisfério ocidental são limitadas, senão
nulas. Porém seja qual fôr o motivo que
os leva a voltarem-se para a Palestina, é,
indubitàvelmente, o facto que a grande
maioria dos judeus actualmente na Alema-
nha não desejam regressar aos países de
onde vieram.

A Palestina não só é declaradamente a
escolha da maioria mas também o único
local escolhido onde é possivel a emigração.
Alguns, em pequeno número, desejam emi-
grar para os E. U. onde têm parentes,
outros para a inglaterra, dominios ingle-
ses ou America-do-Sul.



     Conclusão e recomendações

A questão da Palestina tem que ser
encarada de frente. Agora que já não
estão implicados tão grandes números e
se há verdadeira comiseração pelo que
êstes sobreviventes já sofreram, deve ser
possivel fazer-se qualquer modificação ou
excepção ao Livro Branco inglês de 1939,
sem que isso tenha graves repercursões.
Para alguns dos judeus europeus não há
qualquer solução aceitável ou sequer decente
relativamente ao seu futuro, senão a Pales-
tina. Isto afirma-se por razões puramente
humanitárias, sem qualquer referência a
considerações politicas ou ideológicas, no
que respeita a Palestina.

Baseado em informações idênticas, su-
ponho que os certificados da emigração
para a Palestina ter-se-ão esgotado no fim
do corrente mês (Agôsto de 1945). O que
vai ser no futuro? Todo aquele que visi-
tou os campos de concentração que falou
com os desesperados sobreviventes consi-
dera uma calamidade ao ver que as portas
da Palestina em breve estarão fechadas.
A Jewish Agency da Palestina submeteu ao
governo inglês uma petição para que
fôssem concedidos mais 100.000 certifica-
dos de emigração. O Memorandum que
acompanha a petição faz uma exposição
persuasiva quanto à capacidade imediata
de absorção da Palestina e a geral falta de
homens aptos nesse pais. Ainda que haja
motivos para diferenças de opinião quanto
ao número preciso dêsses certificados, os
quais possam ser considerados razoáveis
nesses casos, não se pode fazer questão de
que se éste pedido fosse satisfeito, contri-
buiria muito para a completa solução do
futuro dos judeus que ainda se encontram
na Alemanha e na Austria, e mesmo de
outros judeus deslocados que não desejam
lá ficar, nem regressar aos seus países de
origem. Não há, pois, assunto mais im-
portante no que respeita aos judeus da
Alemanha e da Austria e aos das outras
terras que conheceram os horrores dos
campos de concentração, como a solução
do problema da Palestina. Diz-se que o
Dr. Hugh Dalton, insigne membro do
actual govêrno inglês, declarou na confe-
rência do partido trabalhista, em Maio de
1916: "Êste partido já hoje expôs e repe-
tiu na recente data de Abril passado e


 
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