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Ha-Lapid הלפיד


N.º 128, Ab-Elul 5705 (Jul-Ago 1945)







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 6           HA-LAPID
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       No Ghetto de Varsóvia...

         Morrer... mas devagar!...

No bairro mais miserável e insalubre
de Varsóvia, que tinha sido duramente cas-
tigado pelos bombardeamentos de Setembro
de 1939 (nos velhos tempos do grito de
"Sieg im Osten"), ergueram os invasores
da Polónia, um Ghetto, e ai cercados por
forte muralha, sem qualquer conforto e
absolutamente isolados do Mundo, 600 a
700 mil judeus de diversas nacionalidades,
vitimas da Kultur-ariana, esperavam que o
magarefe teutónico os viesse abater.

...Em meados de 1942 os "defensores
da Europa" ordenaram a "liquidação do
Ghetto e com aquêle método característico
começavam as deportacões e os massacres.
nos quais os melhores frutos da ciência e
indústria nazis foram postas em prática...
Cámaras de gases, fuzilamentos em massa
(talvez com tiros na nuca), enforcamentos
e... outras torturas que excedem de longe
aquelas do Santo Ofício, de triste me-
mória...

...Um ano após esta "liquidacão" hu-
manamente feita (sic) pelos "Herrenvolk"
restavam ainda 35 mil judeus trabalhando
como escravos e sempre com o "pesa-
delo" duma "liquidação final" diante dos
olhos...

E no dia 20 de Abril de 1943 quiseram
os nazis fazer essa "limpeza" mas... nem
sempre o povo de Israel há-de sera "ovelha
perseguida" das velhas lendas... e dispos-
tos a vender cara a vida, êstes sobreviven-
tes, mal alimentados, para não dizer famin-
tos, quási sem armas, acolheram a Ges-
tapo e as tropas nazis, com um nutrido
fogo, que molestou bastante os "visi-
tantes"...

Os vencedores de quási tóda a Europa,
os super-homens e defensores da Kultur
e... da fé (?!) foram forçados a empregar
canhões, tanques, lança chamas e aviões
para vencer êsses restos de homens livres
que quiseram defender a honra judaica.

Após seis dias de sangrenta e feroz



luta, depois do último cartucho ter sido
queimado, aqueles que tinham escapado às
balas, morriam no meio das chamas e das
ruínas do Ghetto...

Numa derradeira mensagem irradiada
por um posto emissor clandestino, êles
dirigindo-se aos seus irmãos da Palestina
disseram: "Lutamos para salvar a honra
de Israel e somos felizes por morrer de
armas na mão"...

Este massacre levantou em todo o
mundo livre, uma onda de simpatia e com-
paixão pelo martirizado mas invencível
povo judaico, diversas foram as entidades
aliadas e neutras que elevaram a voz num
último apêlo ao que ainda pudesse existir
de humano num coração nazi, afim de que
tal barbarismo acabasse.

Entre tantos nomes ilustres devo salien-
tar o Arcebispo de York que em palavras
de repassada comoção, evocou o longo
martírio do Povo da Lei e reafirmou a
imortalidade do mesmo.

Vítimas de uma nação que através dos
tempos tem semeado a morte, a fome e a
ruína, por onde a tem levado a monomania
de dominar o Mundo, nós os judeus prefe-
rimos tôdas as torturas, a renegar a nossa
velha Fé.

Recordemos o que nos diz o capitulo 20
do Deuteronômio e encontraremos nele a
fôrça que nos ampara e guia através de
todos os azares da vida terrena...

"Ouve, ó israel, vós estais hoje próxi-
mos da batalha; não se amoleça o vosso
coração: não temais, nem tremais, nem
tenhais mêdo, pois o Eterno vosso Deus é
aquele que vai convosco."

              Isaac Jacob Lopes Martins.

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Visado pela Comissão de Censura


 
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