HA-LAPID 5 ========================================= desta vez, atendendo aos indizíveis horro- res perpetrados contra os judeus da Alema- nha e de outros países ocupados da Europa, é moralmente injusto e politicamente inde- fensável, impôr obstáculos à entrada agora na Palestina de todos os judeus que para lá desejem ir... Também declaramos que isto não deve ser olhado como um assunto de que só o govêrno inglês tome a respon- sabilidade porque, visto que êle entra, como muitos outros, num campo interna- cional, é indispensável que haja inteiro entendimento e cooperação entre os gover- nos inglês, americano e soviético, espe- cialmente se tencionarmos estabelecer uma colónia fixa na Palestina e nos países que a rodeiam. Se se pode~dizer que isto representa o ponto de vista do novo governo da Inglaterra não seria de-certo despropositado que o Ex.mo Govêrno dos Estados-Unidos exprimisse o seu interêsse e apoio por qualquer solução equitativa desta questão, que daria a possibilidade a um número razoável de judeus perseguidos da Europa e agora sem pátria de se fixarem na Palestina. Esse é o seu desejo, que está perfeitamente dentro da politica geral- mente aceite de permitir que grupos de família se unam e reúnam. Afim de terminar éste relatório ràpida- mente para que possivelmente se tomem medidas o mais cedo possível, não perdi tempo a analisar tôdas as notas tomadas no decurso das minhas visitas ou a fazer comentários sôbre a situação na França, Bélgica, Holanda ou Suíça, também visi- tadas. Por conseqüência, peço respeitosa- mente que éste relatório seja considerado de indole parcial. Os problemas actuais da Alemanha e da Austria são muito mais sérios e diffceis do que em qualquer dos outros países mencionados, e éste facto também me pareceu ser de pêso para a compleição de um relatório parcial imediatamente depois de terminada a minha missão. Em conclusão, desejo repetir que a grande solução, em muitos casos, a única verdadeira solução, do problema, é a rá- pida evacuação de todos os judeus não repatriáveis da Alemanha e da Austria que assim o desejem, para a Palestina. Para ser eficaz, éste plano não deve ser retardado por muito tempo. E' preciso que se reconheça a urgência da situação. E' desumano crer que alguém continui a viver por qualquer espaço de tempo, nas condições em que êles vivem. A evacuação dos judeus da Alemanha e da Austria para a Palestina solucionará o problema de cada uma das pessoas envol- vidas e também afastará das autoridades militares um problema que elas têm tido que enfrentar. A possibilidade que os exércitos têm de transportar milhões de pessoas com rapidez e eficiência, tem sido largamente demonstrada. A evacuação de um número relativamente pequeno de judeus, da Alemanha e da Austria, não apresentará grandes dificuldades para os militares. Terminada a guerra com o Japão, a situação dos transportes maríti- mos também deve ter melhorado bastante para tornar praticável uma tal deslocação. O mundo civilizado, tem, para com êste punhado de sobreviventes, o dever de lhes dar uma pátria onde possam de novo fixar-se e começar a viver como seres humanos. * Obra do Resgate No dia três de Setembro (25 de Elul de 5705) na Sinagoga Kadoorie Mekor H'aim, à Rua Guerra Junqueiro, foi recebido na Aliança de Abraham o descendente de judeus maranos, Eduardo José de Campos Pereira Manaças, de 26 anos, natural de Ponta Delgada (ilha de S. Miguel-Açores) com o curso de construções, obras públi- cas e minas. Recebeu como nome de congregação Moshe Ben-Menasseh. --------------------------- Comendador Pardo Roques Por uma informação vinda de Lon- dres soubemos que o nosso amigo da Obra do Resgate dos maranos portu- gueses, Comendador Giusepe Pardo Ro- ques, da Università Israelítica de Pisa fôra assassinado pelos nazis na cidade de Pisa (Itália). Este bom era de origem portu- guesa. Que a sua alma seja reünida ao feixe da vida eterna, e que o seu corpo repouse em paz e glória.
N.º 128, Ab-Elul 5705 (Jul-Ago 1945)
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