4 HA-LAPÍD ============================================ historia dos globos de chamas; ora êle não diz uma palavra sobre isso. Fíquemo-uos pois com o juizo do grande critico Gibbon. Mas globos de chamas ou não, o interes- se que Juliano certamente levou â recons- trução do templo é uma das singularidades da questão religiosa do seculo IV e merece ao primeiro chefe que não o esqueçamos, aqui sobretudo, nesta cidade que Juliano ha- bitou antes de ser imperador e da qual fez um belo elogio. que é o mais antigo titulo de nobreza de Paris. Salomon Reinach. Trad. de "Univers Israelita". ---------------------------------------- Uma vitima da real ingratidão (Continuada do n.° 27) (Por D. Manuel II ex-rei de Portugal-trad. do American Hebrew de New-York-E.U.A.) Todas as obras das trez principais tipo- grafias hebraicas, em Faro, Lisboa e Leiria eram impressas em hebreu uma só excepção: o "Almanach Perpelnum". Dizemos uma só excepção, visto que a "Imitação de Christo", poz Thomas Hempis, impressa em portuguez na tipografia de Leiria é uma obra hipote- tica, pois que d'ela não existe uma unica copia. Curioso seria que um livro impresso em letras góticas sahisse d'um prelo hebreu. Nós admiramo-nos porque teria sido escolhido Abraham de Ortas para imprimir em Leiria o "Almanach Perpelnum", que datado de 1496 certamente já tinha sido principiado em 1495, durante a vida de D. joão II. Ora, se como supomos o "Almanach Perpelnum"--obra de tão grande valor para as sciencias nauticas-estava sendo impresso em 1495, só poderia ser na oficina de Abra- ham de Ortas, a unica tipograiria hebraica que nessa data trabalhava. Samuel Gacom publicou os seus livros em Faro de 1487- 1494 e Rabbi Eliezer trabalhou em Lisboa de 1489-1492. E' natural que Zacuto e José Vizinho, ambos judeus tivessem desejado ver o seu livro impresso n'uma tipografia judaica e que tivessem portanto escolhido a de Leiria. Para Zacuto que não sabia latim, que de portuguez tinha poucos conhecimentos e que escrevia em hebraico era muito vanta- joso ter Abraham de Ortas como impressor. Por outro lado, em 1495, os dois unicos "imprimidores" conhecidos em Portugal, alem do judeu Abraham de Ortas, eram Va- lentim Fernandes e Nicolau de Saxonia mas estes estavam ocupados com a impressão dos 4 volumes da monumental "Vila Chris- ti". Era portanto Abraham de Ortas, com a sua tipografia em Leiria o unico impressor capaz de empreender tão dificil tarefa, pu- blicar as 2 edições do "Almanach Perpel- num", traduzido por José Vizinho. Não sabemos porque razão foram publi- cadas 2 edições, uma em espanhol e a outra em latim, e só podemos sugerir uma ideia que nos parece aceitavel pelo seguinte ar- gumento! Zacuto escreveu o seu "Almanach Perpelnum" em hebreu durante os anos de 1473 a 78. A importancia scientifica d'esta obra foi certamente compreendida por D. João II depois das explicações de seus 2 conselheiros judeus Mestre Rodrigo e Mes- tre José Vizinho ambos medicos da côrte. Foi sem duvida alguma com a aprovação do Rei que a José Vizinho, discípulo de Zacuto e no qual o soberano depunha a maxima confiança, foi confiada a tradução do "Almanach Perpelnum e podemos contar como quais certo que todas as despezas de impressão foram feitas pelo Rei. Como acima dissemos, Zacuto não sabia latim e provavelmente muito pouco portu- guez mas devia ter sabido espanhol, pois que quando professor em Salamanca, era em espanhol que leccionava (fazia os seus cursos). julgamos portanto que a edição em espanhol deve ter sido feita para que Za- cuto pudesse ler a sua obra impressa e por ela poder leccionar--Não encontramos ex- plicação mais plausível e é certamente por esta mesma razão que o Principe Perfeito, um rei tão issencialmente portuguez e que manteve uma tao rigorosa politica de sigilo
N.º 029, Nissan 5690 (Mar-Abr 1930)
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