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N.º 029, Nissan 5690 (Mar-Abr 1930)







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             HA-LAPID                 5
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- e tambem D, Manuel que seguiu esta
mesma politica-permitiu que uma obra que
tão facilmente poderia ser feita em portu-
guez, fosse impressa em espanhol. O que
aqui expomos n'uma simples hipotese, mas
parece-nos hipotese admissível.

Abraham Ben Samuel Zacuto nasceu em
Salamanca em 1450 approximadamente e
morreu na Turquia pelo ano de 1510 De
sua vida pouco conhecemos, sabemos no
entanto que ele era um astrónomo de vasta
reputação e um professor de grande nome
na universidade de sua terra natal, cleccio-
nando mais tarde em Saragoça. Depois da
expulsão dos judeus de Espanha, Zacuto
fixou-se em Lx. onde brevemente foi no-
meada astrônomo e historiador da côrte de
D. João II.

Um docomento hebreu, datado de 9 de
Junho de 1493, assinado "Abraham Zacuto,
matemático da côrte", é uma prova de que
Zacuto n'essa data fazia os seus estudos
sob a proteção do rei D. João II e assim
continuou, mesmo durante o reinado de D.
Manuel até á expulsão dos judeus, quando
se viu forçado a abandonar Portugal com
seu filho Samuel.

Após uma viagem cheia de perigos e
vicissitudes chegaram finalmente a Tunis,
onde Zacuto viveu até á invasão dos espa-
nhoes fugindo então para a Turquia onde
findou os seus dias.

Foi durante a sua estada em Tunis em
1504, que Zacuto escreveu uma historia
cronológica dos judeus, desde a Creação
até 1500, intitulando-a "Sefer ha-Juhasin" e
na qual fez realçar a literatura judaica.

Em 1473 ainda em Salamanca, Lacuto
escreveu o "B'ur Luhot" que publicado em
Leiria em 1496, n'uma tradução latina por
Joseph Vecinho, foi intitulado "Almanach
Perpelnum".

O velho historiador Gaspar Correa con-
ta-nos ingenualmente o seguinte nas suas
crónicas "Lendas da India".

"Antes de D. Manuel ordenar o desco-
brimento do caminho para a India, mandou
chamar de Beja um judeu conhecido como
grande astrólogo, chamado Zacuto, falou-lhe
secretamente e encumbiu de estudar pro-
fundamente e o aconselhar se se devia em-
preendeu o descobrimento da india e se
esse descobrimento poderia vir a ser uma
realidade, se fosse possivel encontrar o ca-
minho para a india, ele estaria disposto a


  
gastar tudo quanto fosse preciso, mas sem
o conselho de Zacuto nada resolveria, para
tal o tinha chamado... o judeu que traba-
lhasse, procurasse com cuidado, com todo
o seu grande conhecimento durante o tempo
que lhe fosse necessario e então achasse
uma resposta para esta questão. O judeu
tornou para Beja, estudou aplicadamente, e
chegando a conclusões m.t satisfatorias,
voltou ao Rei cheio de alegria e disse-lhe.
Majestade, estudei como maior cuidado e
aplicação, conforme V. A. me ordenára, e
encontrei que a província da India fica
muito longe d'estas paragens, separando-a
de nós grandes mares e terras, terras todas
elas habitadas por gente negra; n'essa pro-
víncia ha grandes riquezas e generos que
são transportados para muitas partes do
mundo, mas grandes perigos têm de ser
vencidos para que eles possam chegar á
nossa terra que tão longe fica; tudo isto eu
achei e com a ajuda de Deus, nosso Senhor
eu ri que V. A. ha-de descobrir o caminho
para essa terra e que dentro de pouco tempo
ha-de conquistar grande parte da India,
pois que, Majestade, o nosso planeta está
m.t abaixo da esplera que contem os ceus
e a terra que Deus ha-de entregar ao nosso
poder e V. A. ha-de realizar tudo. ...
..........................................
E encontrei que 2 irmãos, vossos subdi-
tos, descobrirão a India, mas não consegui
achar quem eles são. Mas desde que seja a
vontade de Deus, ele no-los mostrará Disse
portanto a S. A. toda a verdade pela qual
responderei com a minha cabeça, conforme
a vontade de Deus, o Poderoso"--O rei, ao
ouvir isto agradeceu ao judeu e recomen-
dou-lhe o maior segredo, pois que pelas
suas palavras a sua fortuna vivia a ser gran-
demente atingida".

A narração de Gaspar Correa é para
nós cheia de interese, principalmente quan-
do ele menciona as palavras quási proféti-
cas de Zacuto. O Rei Manuel, diz-nos
Correa "dedicava-se muito á astrologia e
muitas vezes trabalhava com o judeu Zaento".

Outra narração contemporania diz-nos:
"o vira muito dado a astrologia, tanto que
quando os navios saíam para a india ou
quando eram esperados de volta, ele costu-
mava mandar a Diogo Mendes Vizinho,
grande astrologo portuguez e judeu que vi-
via em Lisboa, que predissese os seus seus
destinos. Depois da morte de Diogo Mendes


 
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