HA-LAPID 3 ========================================= trumentos de guerra batendo contra as mu- ralhas. Os judeus furavam minas; minavam de- baixo dos montões de terra e os arietes iam- se abaixo. Quinze dias, durou o trabalho dos arietes, que os romanos levantavam de novo e, por fim, abriu-se a primeira brecha, na muralha exterior Nove dias mais, e caia a segunda muralha e, finalmente, os romanos apoderaram-se da parte baixa da cidade, mas os judeus não se rendiam. Amontoavam-se na parte alta da cidade, esfaimados e moribundos. Por um pedaço de carne ou de pão matavam-se. Os que, de noite, se aventuravam, para fóra dos muros da cidade, eram apanhados, pelos romanos, que os crucificavam. Num só dia foram cruciticados quinhentos e, quanto mais os judeus sentiam a opressão da guerra, tanto mais endureciam na teima da resis- tencia O cerco de Jerusalem, ficou famoso na Historia, pela ferocidade desenvolvida no ataque e na defesa. Se os arietes ruiam, caindo estrondosa- mente no chão, logo os sitiados faziam uma sortida e, como loucos temerarios, atiravam- se ao inimigo com loucura feroz. As grandes legiões cançavam-se e hesi- tavam e Tito recuou. Mas, para os sitiados maior foi a tormenta Tito construiu uma grande muralha de uns oito quilometros de extensão, em torno da cidade -sentou-se e esperou. O sofrimento dos judeus parecia ter ultra- passado todo o limite; o proprio Tito, afeito ás durezas da guerra, se compadecia de gente tão sofredora na dôr, e mandou pedir aos zeladores, que se rendessem. Isso nunca!... Passou-se mais um mês. mais dois e os romanos voltaram à carga. De novo caiu a muralha primeira mas os judeus, durante as tréguas, tinham construido uma segunda. Esta tambem caiu, e os herois continua- vam indomaveis e abrigavam-se, agora na fortaleza interior. As ruas estreitas banhavam- se de sangue; ao sol ardente, decompunham- se os cadaveres insepultos e continuavam as lutas na cidade, por uma migalha de pão, com que matar a fome. A mulher do Sumo Sacerdote, para quem se estendiam antes, os luxuosos tapetes, no seu caminho de casa ao Templo, para que não se manchasse a pureza das suas sandalias, vagueava, agora, esfomeada, pelas vielas. em busca de uma magra côdea. Não se faziam, jà, os sacrifícios nos altares, porque as rezes tinham desaparecido. A rendição continuava impossivel. Tito_ de novo, quiz propôr as condições dessa ren- dição mas os zeladores recusavam-se a par- lamentar. Bem sabiam eles que as condiçôes consistiam na entrega da cidade. E a cidade não era deles-era de Deus-como entregá-la pois?!... Alguns soldados romanos, em extase por tanta fe' religiosa, desertavam das legiões para se entregaram á sorte dos sitiados. Fez-se a escalada das muralhas e os zeladores fugiram, para os pátios do Templo. Ao fim de seis dias de violento trabalho dos arietes, deu-se o inevitavel. Tito deu ordem para que fôsse poupado o santuario, mas a soldadesca, desesperada e furiosa nada respeitou: pela janela de Ouro foi arremessado um facho ardente, e, imedia- tamente, as traves do pavimento e do této, se incendiaram e pelos pátios, onde alguns milhares de homens se haviam refugiado, essa mesma soldadesca irrompeu, esfaqueou e matou, na sua sêde de odio e vingança. Houve um momento de suspensão, mas, logo, os zeladores correram, para a cidade alta e, de novo, começou a louca resistencia. O terreno era cedido ás polegadas e ali, ainda durante mais um mês, desafiaram o inimigo, até que definitivamente, sossobraram. Os que tinham escapado á morte, rendiam-se pela fome e pela fadiga, mas os romanos não lhe deram tréguas, invadiram o recinto e de novo assassinaram, ate' que, tambem. a fadiga os impediu de matar mais. Por toda a parte-corredores, pátios, aposentos-tudo estava repleto de mortos e moribundos e o sangue corria a jorros. Depois lançou-se fogo, ao que ainda havia de pé- casas, edificios, muralhas e os conquistadores afastaram-se, para contemplar as chamas. E' esta a descrição de Josefus. E assim ruiu a velha Jerusalem. Diz-se, como já indicamos, que no cérco de Jerusalem, pereceram mais de um milhão de judeus e, tambem como jà dissemos, estes eram em grande parte peregrinos, que tinham vindo celebrar a pascoa, comemorativa do exodo do Egipto. Dos sobreviventes, noventa e sete mil foram feitos escravos dos quais,
N.º 032, Ab 5691 (Jul-Ago 1930)
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