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Ha-Lapid הלפיד


N.º 032, Ab 5691 (Jul-Ago 1930)







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                HA-LAPID               3
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trumentos de guerra batendo contra as mu-
ralhas.

Os judeus furavam minas; minavam de-
baixo dos montões de terra e os arietes iam-
se abaixo.

Quinze dias, durou o trabalho dos arietes,
que os romanos levantavam de novo e, por
fim, abriu-se a primeira brecha, na muralha
exterior

Nove dias mais, e caia a segunda muralha
e, finalmente, os romanos apoderaram-se da
parte baixa da cidade, mas os judeus não se
rendiam.

Amontoavam-se na parte alta da cidade,
esfaimados e moribundos.

Por um pedaço de carne ou de pão
matavam-se.

Os que, de noite, se aventuravam, para
fóra dos muros da cidade, eram apanhados,
pelos romanos, que os crucificavam. Num só
dia foram cruciticados quinhentos e, quanto
mais os judeus sentiam a opressão da guerra,
tanto mais endureciam na teima da resis-
tencia

O cerco de Jerusalem, ficou famoso na
Historia, pela ferocidade desenvolvida no
ataque e na defesa.

Se os arietes ruiam, caindo estrondosa-
mente no chão, logo os sitiados faziam uma
sortida e, como loucos temerarios, atiravam-
se ao inimigo com loucura feroz.

As grandes legiões cançavam-se e hesi-
tavam e Tito recuou.

Mas, para os sitiados maior foi a tormenta
Tito construiu uma grande muralha de
uns oito quilometros de extensão, em torno
da cidade -sentou-se e esperou.

O sofrimento dos judeus parecia ter ultra-
passado todo o limite; o proprio Tito, afeito
ás durezas da guerra, se compadecia de gente
tão sofredora na dôr, e mandou pedir aos
zeladores, que se rendessem.

Isso nunca!... Passou-se mais um mês.
mais dois e os romanos voltaram à carga.

De novo caiu a muralha primeira mas os
judeus, durante as tréguas, tinham construido
uma segunda.

Esta tambem caiu, e os herois continua-
vam indomaveis e abrigavam-se, agora na
fortaleza interior. As ruas estreitas banhavam-
se de sangue; ao sol ardente, decompunham-
se os cadaveres insepultos e continuavam as
lutas na cidade, por uma migalha de pão,
com que matar a fome.

A mulher do Sumo Sacerdote, para quem

  

se estendiam antes, os luxuosos tapetes, no
seu caminho de casa ao Templo, para que
não se manchasse a pureza das suas sandalias,
vagueava, agora, esfomeada, pelas vielas. em
busca de uma magra côdea. Não se faziam,
jà, os sacrifícios nos altares, porque as rezes
tinham desaparecido.

A rendição continuava impossivel. Tito_
de novo, quiz propôr as condições dessa ren-
dição mas os zeladores recusavam-se a par-
lamentar. Bem sabiam eles que as condiçôes
consistiam na entrega da cidade. E a cidade
não era deles-era de Deus-como entregá-la
pois?!... Alguns soldados romanos, em extase
por tanta fe' religiosa, desertavam das legiões
para se entregaram á sorte dos sitiados.

Fez-se a escalada das muralhas e os
zeladores fugiram, para os pátios do Templo.

Ao fim de seis dias de violento trabalho
dos arietes, deu-se o inevitavel.

Tito deu ordem para que fôsse poupado o
santuario, mas a soldadesca, desesperada e
furiosa nada respeitou: pela janela de Ouro
foi arremessado um facho ardente, e, imedia-
tamente, as traves do pavimento e do této,
se incendiaram e pelos pátios, onde alguns
milhares de homens se haviam refugiado,
essa mesma soldadesca irrompeu, esfaqueou
e matou, na sua sêde de odio e vingança.

Houve um momento de suspensão, mas,
logo, os zeladores correram, para a cidade
alta e, de novo, começou a louca resistencia.
O terreno era cedido ás polegadas e ali, ainda
durante mais um mês, desafiaram o inimigo,
até que definitivamente, sossobraram. Os
que tinham escapado á morte, rendiam-se
pela fome e pela fadiga, mas os romanos não
lhe deram tréguas, invadiram o recinto e de
novo assassinaram, ate' que, tambem. a fadiga
os impediu de matar mais.

Por toda a parte-corredores, pátios,
aposentos-tudo estava repleto de mortos e
moribundos e o sangue corria a jorros. Depois
lançou-se fogo, ao que ainda havia de pé-
casas, edificios, muralhas e os conquistadores
afastaram-se, para contemplar as chamas. E'
esta a descrição de Josefus. E assim ruiu a
velha Jerusalem.

Diz-se, como já indicamos, que no cérco
de Jerusalem, pereceram mais de um milhão
de judeus e, tambem como jà dissemos, estes
eram em grande parte peregrinos, que tinham
vindo celebrar a pascoa, comemorativa do

exodo do Egipto. Dos sobreviventes, noventa
e sete mil foram feitos escravos dos quais,


 
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