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Ha-Lapid הלפיד


N.º 032, Ab 5691 (Jul-Ago 1930)







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                   HA-LAPID                       5
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não teve conselheiros; foi da sua divina vontade e da
sua infinita sabedoria que emanaram as suas ordens-
sagradas e irrevogaveis. Como nos poderiamos per-
suadir de que Ele tinha descido á terra? Como se
ousaria dizem blasfêmia que Deus morreu ou que en-
terrou seu filho com instruçoes sôbre o que devia fa-
zer para salvação dos homens, não sendo ésse filho
dependente dele, visto que ele é o mesmo Deus que
seu Pai e como tal não pode depender de ninguém?
Vé-se no entanto no Evangelho, nas Actas dos Após-
tolos e em S. Paulo que éste Deus mortal não faz o
que êle quer mas sim segue a vontade de seu Pai. Eu
faço, diz ele, o que meu Pai. que me enviou para
vós, me ordena; eu volto para aquele que me enviou
para vós.

Se Deus enviou ao mundo seu filho sob o aspec-
to de uma criatura mortal para operar a redempção
que os Profetas tinham prometido a Israel, não o
poderiamos aceitar senão como o Ser tal como o co-
nheciamos.

O seu poder era restrito assim como os seus dias
e ninguem pode crer sem impiedade que possa haver
limite na divindade, que ela não seja absolutamente
independente e que ela não seja por si mesma; é por
consequencia impossivel que os Israelitas possam
reconhecer em características tam opostas aquelas
que deve ter o seu Redemptor, aquele que os Cristãos
adoram, e que êles queriam fazer venerar ao povo
escolhido do Senhor.

                 CAPITULO II

"Onde se prova que Israel não deve acreditar na
encarnação."

Moisés, este servidor tão querido de Deus, pe-
diu-lhe para O ver face a face, e o Senhor respondeu-
lhe: "Nenhum mortal me pode ver e viver."

Estas divinas palavras bastam para convencer
os Cristãos da impossibilidade de reconhecer Deus na
pessoa de Jesus Cristo sob o seu aspecto humano,
nada o distinguiu dos outros homens, que ele esteve
sujeito como todos os mortais a todas as enfermidades
da natureza humana: ninguem o declarou Deus du-
rante a sua vida: as poucas pessoas que se tinham
ligado a ele, que passavam entre o povo por igno-
rantes e libertinos nunca lhe deram os atributos da
divindade. Como se podera acreditar que ele afirmou
que era Deus a pessoas que o negaram e que denun-
ciaram ao Senhedrim a impureza da sua vidae a fal-
sidade da sua doutrina.

Desde que se confessa que Deus disse de Moisés
que era um homem segundo a sua vontade que lhe
recusou a graça eminente de ver a sua divina gló-
não se poderia crer que Ele a tenha concedido a um
outro mortal; a não ser que se diga que Ele é irre-
gular e inconsequente nas suas acções. O Senhor,
segundo o confessam os Cristãos, não se quiz mos-
trar no maior dos Profetas, aquele que Ele escolheu
dara ser o director e conductor do seu povo e todos
os povos que viviam no século de Jesus Cristo o
viam familiarmente e lhe falavam sem mistério. Isso
é tão absurdo que os Cristãos que o acreditam não
podem prestar-lhe fé se quizerem ser sinceros con-
sigo mesmos e tudo o que avançam para responder
ás objecções que lhes fazem a este respeito nao tem
melhor fundamento que o seu erro. Mas não devem
dizer que Deus se mostrou aos homens sob o seu
aspecto divino, eles afirmam medrosamente que ele
tomou a forma humana para mostrar-se. Mas como

 

o puderam reconhecer? Não foi nem pelo seu mérito
nem pelas suas obras visto que aquelas que nos con-
tam os historiadores da sua vida são directamente
opostos á divindade.

Para nos convencermos mais dos erros do Cris-
tianismo basta ler o texto sagrado. Nunca nenhum
mortal me verá para que lhe não fique na memória a
minima impressõo que lhe permita fazer uma ima-
gem a merecida semelhança,

Estas palavras devem persuadir a todos que é
impossivel crer sem impiedade que Deus se tenha
mostrado a quem quer que seja. Elas são bastantes
para persuadir os mais obstinados Cristãos da falsi-
dade da sua doutrina e para tornar mais crentes os
Israelitas na verdade daquela que Deus lhes comuni-
cou pela boca do mais perfeito dos Profetas. O decá-
logo proibe em expressões tam claras a adoração de
imagens que os homens podessem fazer à semelhan-
ça de Deus, que é inutil citar outras passagens do
texto sagrado onde se repete esta proibição.

Os Israelitas não se deixarão tentar por nenhuma
razão que possa destruir este preceito. Muitos da-
queles que se afastaram dele confirmaram o seu cri-
me e a sua impiedade.

Com respeito aqueles que fizeram a apostasia da
fé dos seus antepassados e que persistiram na sua
perigosa opinião, mal deviam acreditar nisso e pre-
tendem por explicações mais subtis que sólidas jus-
tificar-se de uma idolatria manifesta posto que defen-
dida pelos mais sábios doutores do Cristianismo.

                CAPITULO III

"Em que se faz ver a Israel a idolatria do cris-
tianismo a fim de que não caia no mesmo erro".

O Senhor quiz instruir tambem o seu povo sobre
o que ele devia fazer para não se tornar culpavel na
idolatria que não só o advirtiu da que seguiam entao
os povos que viviam antes dos israelitas, mas também
da que devia introduzir mais tarde, Jesus Cristo. Pre-
vendo a divina sabedoria que se trataria de abolir o
verdadeiro culto para adorar Divindades inventadas
pelos homens e representadas sob vários aspectos,
a todas singularisa e detalha no Deuteronômio, a fim
de que os filhos que adoptar nunca pudessem vir a en-
ganar-se por ignorancia.

Os Cristãos querem que Jesus Cristo seja Deus
sob o aspecto humano, e dão a sua mãe atributos de
Divindade e a fazem Rainha dos céus. O espirito san-
to sob a forma duma pomba é também um Deus que
eles adora; e para que não haja nada de defeituoso no
texto sagrado, um cordeiro e uma serpente partici-
pam da natura divina.

A-fim-de que não vos façais imagens talhadas á
semelhança do homem e da mulher, nem de nenhum
animal de quatro patas que existem na terra nem a
nenhuma ave que voe no ar, nem a nenhum animal
que rasteja na terra, etc.

Eis aqui precisamente todas as imagens sob as
quais os Cristãos adoram a Divindade.
Deus homem, Deus espirito santo sob a forma duma
pomba, Deus reconhecido por S. João sob o aspecto
de um cordeiro pascal deve ter vindo para expiar as
faltas do género humano. Deus serpente é adorado é
adorado porque Moisés mandou fundir uma em metal
por ordem do Senhor. A mae de Jesus Cristo é reco-
nhecida como Rainha dos céus e os Cristãos rendem-
lhe um culto semelhante ao de seu filho. Ora não ha
idolatria mais ridicula e portanto mais facil de evitar.


 
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