N.º 032, Ab 5691 (Jul-Ago 1930) > P04
Primeira Página Página Anterior Diminuir imagem Imagem a 100% Aumentar imagem Próxima Página Última Página

Ha-Lapid הלפיד


N.º 032, Ab 5691 (Jul-Ago 1930)







fechar




 4              HA-LAPÍD
=============================================

uns foram deportados para as minas do Egipto
e os restantes foram entregues aos animais
ferozes, nas arenas romanas, segundo o
costume romano.

Tito assenhoreou-se da parte mais nobre
e distinta dos zeladores, para figurarem, no
seu regresso, na marcha triunfal, através das
largas ruas de Roma e, nesta cidade, foi
mandado levantar um arco triunfal, ainda
hoje conhecido pelo Arco de Tito, no Coliseu
Romano, muito visitado pelos visitantes da
Roma moderna, em que figuram, como es-
cravos, mancebos judeus, acarretando ás
costas utensílios do Templo.

O arco ainda existe, em parte arruinado;
um troço das velhas muralhas de Jerusalem,
outrora embebidas de sangue, tambem ainda
existe e ainda hoje, os descendentes dos
antigos judeus veem ali chorar a patria per-
dida e implorar, o Todo Poderoso, pela sua
restituição.

São os unicos testemunhos do antigo
heroísmo, que excedeu todos os heroismos,
que a Historia regista. A par dessas duas
ruínas do passado, levantam-se os judeus,
que, de romanos, egípcios, assirios, babilonios,
persas e gregos, são o unico povo, que sobre-
viveu. Parecia, contudo, que, no ano setenta,
destruída a patria, aniquilada a população,
arrazada a cidade, amesquinhados e escravi-
sados os sobreviventes, esse povo deveria
desaparecer...
                         Adolfo Benarus.

(Do livro "Os Judeus" (Historia estranha deste
povo até aos nossos dias).

             o o o

Dissertação sobre o Messias

      (Continuação do n. 31)

            CAPITULO I

«No qual se prova que Deus fez conhecer aos
Israelitas nos cinco livros da Lei tudo o que eles de-
viam fazer para não se deixarem reduzir pelas nações
e para não abandonaram a verdadeira religião seguin-
do a dos Cristãos".

Deus instruiu tão bem os israelitas sobre a Lei
que eles deviam seguir, que julgou inutil advirti-los
da que Jesus Cristo devia introduzir alguns séculos
depois de Moisés. Os pagãos entre os quais vivia esta
povo escolhido tinham criado religiões e adoravam

  

uma pluralidade de deuses incompativel com a unia
dade do verdadeiro Deus. Não se vê em parte algums
do texto sagrado que os israelitas fóssem advertidos
que se ergueriam falsas divindades próprias a reduzi
-los.

Toda a precaução que o senhor tomou para ga-
rantir o seu povo contra as falsas doutrinas consiste
na proibição que lhe fez de adorar Deuses que os seus
antepassados não conheceram e na ordem em que o
intima a punir como falsos Profetas todos os que
anunciassem que éie devia afastar-se das divinas leis
e dos preceitos que Ele lhe tinha ordenado de seguir
eternamente. Estas ordens sagradas devem bastar aos
Israelitas para condenar todos os dogmas que não são
inteiramente conformes aos decretos irrevogaveis da
Divindade.

A divina sabedoria prevendo que havia de nascer
um dia uma religião que estabeiecesse uma Trindade;
que uma doutrina contraditória das suas sagradas
ordens poderia esmagar a que Moisés tinha ensinado
aos filhos de israel para sér seguida eternamente, re-
comendou a Moisés de lhe assegurar que Ele era e
que seria sempre eternamente Só e independente de
tudo; e o seu Ser não podia sér separado nem dividido
qualquer que fosse a maneira por a qual se tentasse
explicar esta divisão. Por consequência esta doutrina
em virtude da qual três não são senão um é insus-
tentavel, porque se o filho é engendrado pelo pai, é
preciso absolutamente que dependa déle como o efeito
da causa, não há nada mais natural que a dependên-
cia dum filho em relaçao ao pai: O que pelas regras
da filosofia impede absolutamente a egualdade.

E' por consequencia impossivel que o filho seja
Deus, visto que ele não é aquele que existe por si
mesmo e que para existir ele depende dum outro ser.

Os israelitas que acreditarem na unidade de
Deus de acordo com as suas ordens irrevogaveis nunca
poderão supô-lo dependente. Eles nunca poderão ado-
rar um Deus criado e um outro produzido; êles estão
tão bem instruídos que sem ofender o verdadeiro
Deus nunca poderão aceitar uma doutrina tam intima
e que os torna indignos da gloriosa escolha que a di-
vina Magestade deles fez entre todas as nações. Eu sou
o Senhor teu Deus e não há nenhum antes de mim
(o que prova á evidencia que ele não foi criado por
nenhum outro) e não haverá nenhum depois de Mim.

Esta declaração formal deve bastar para conven-
cer os Cristãos da falsidade de uma opinião que eles
se esforçam para provar e por explicações mais dili-
ceis e por distinções mais embaraçsdoras que a pró-
pria doutrina estabeleceu. Os doutores que se servem
de todos os meios para a sustentar, estao obrigados a
dizer que estas três pessoas divinas que adoram nao
são senão um e mesmo Deus e que este Deus é triplo
sendo "uno".

E' por mercê da Providencia Divina que os Cris-
tão se obstinaram sempre a sustentar esta opinião
absurda; é uma barreira impenetravel que impede os
Judeus de admitir uma Lei contrária á que Moisés
lhe deu. Talvez eles se deixassem tentar se os Cristãos
tivessem querido desfazer-se dum principio que tanto
repugna ao bom remo, e aceitar a doutrina de Arius
que viu perfeitamente que a divindade de Jesus Cristo
fortificaria os israelitas na religiao de seus pais que os
impediria de aceitar e seguir Deuses que eles não ti-
vessem conhecido.

O texto sagrado ensina os israelitas que Deus
não depende de ninguém. O Senhor fez o que quiz e


 
Ha-Lapid_ano04-n032_04-Ab_5691_Jul-Ago_1930.png [177 KB]
Primeira Página Página Anterior Diminuir imagem Imagem a 100% Aumentar imagem Próxima Página Última Página