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N.º 034, Heshvan 5691 (Oct-Nov 1930)







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 2         HA-LAPID
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A Revolução contra a Roma Imperial
nos anos 65 a 70 da Era vulgar

...Infelizmentm a unica fonte, onde é
possivel estudar a Revolução judaica dos
anos 65 a 70, e' a obra de Flavio Joseph,
que foi uma testemunha ocular destes acon-
tecimentos, mas era um emigrado, que de-
testava e desprezava todos os chefes do par-
tido adverso. Felizmente, Joseph, homem
fino e habil, não era um historiador no sen-
tido moderno da palavra, mas um cronista.
Não só se contradiz varias vezes, mas tam-
bem é incapaz de dissimular inteiramente os
manejos dos seus adversarios. E' o que per-
mite compreender os acontecimentos da Re-
volução judaica segundo os proprios escritos
de Joseph.

Sob a influencia dos ensinamentos dos
profetas e da literatura apocalitica, que ensi-
navam que Israel era o povo escolhido por
Deus e que todos os filhos de Israel eram
iguais perante o Senhor, uma agitação po-
pular nasceu na Judeia contra a dinastia de
Herodes. Ela visava a crear um Estado on-
de todos os filhos de Israel seriam iguais
perante Deus e onde reinaria entre os ho-
mens uma egualdade absoluta. Este movi-
mento conduziu á formação de duas seitas.
Elas tinham de comum o principio da egual-
dade economica e, porísso, a supressão do
dominio dum homem sobre outro. Elas só
diferiam nos meios de realisarem os seus
fins. Uma pode ser chamada apocalitíca e a
outra a quarta filosofía.

A primeira era religiosa na sua essencia,
opunhe-se a toda a violencia e pregava não
só a não resistencia, mas tambem o amor
do inimigo. "Se um homem procura fazer-te
mal, faz-lhe bem. vae-te e ora por ele" es-
creve Joseph no Testamento dos doze pa-
triarcas.

Mas avisavam-se os ricos de que era mais
facil a um camelo passar pelo fundo duma
agulha que um rico entre no reino dos ceus.

A segunda seita era revolucionaría e
sustentava que a força era necessaria para
estabelecer a egualdede entre os homens. Os
que se opuzessem a estas ideias eram ini-
migos e deviam ser compelidos pela violen-
cra. Ao terror era preciso opôr o terror e o

reinado da corrupção só podia ser suprimida
pela força ao serviço do direito,

Joseph culpa as duas seitas pela tomada
de Jerusalem e pela destruição do templo.
Chama ladrões e bandidos aos adeptos da
quarta filosofia, ao mesmo tempo que chama
doidos aos da Apocalipse.

Eis ss termos em que se exprime: "Ha-
via ainda um partido de scelerados, cujas
acções eram menos impuras, mas cujas in-
tenções eram peores, e, mais que estes as-
sassinos, conduziram a cidade da prosperi-
dade para a ruina.

Estes homans enganavam e abusavam do
povo cobrindo-se com a inspiração divina,
mas eram partidarios de inovações e de mu-
danças no governo. Eles persuadiam assim
a multidão para que agisse como doidos e
precederam-na no deserto pretendo que
Deus lhes mostrava lá o sinal da liberdade.
(Guerra dos Judeus, II, XIII, 4.)

Não creio que seja possivel aceitar o ve-
redictum de Joseph. Conhecemo-lo como
um aventureiro, que se tornou general do
exercito galíleu por motivos muito pessoais,
prompto a trair os judeus ao primeiro revê-
so; não podendo fazer confiança nele. Emi-
grada, ele detestava os seus inimigos e pin-
tava-os com as sombrias côres do odio. De
resto ele mesmo admite, numa outra passa-
gem, que os sicarios ou adeptos da quarta
filosofia tinham uma grande dedicação pela
liberdade e que, segundo eles, Deus devia
ser o unico chefe e o unico Senhor (Anti-
guidades Judaicas XVIII, 1,6).

De mesma forma, no discurso que põe
na boca de Eleazar, o ultimo chefe dos Si-
carios, antes da queda da fortaleza de Mas-
sadah, faz-lhe dizer:

-"Ha muito tempo que resolvemos não
ser mais escravos dos Romanos, nem de
quem quer que seja senão do proprio Deus,
que é o verdadeiro e justo senhor do gene-
ro humano; eis que chegou o tempo de pôr
em prática esta resolução... Nós fomos os
primeiros a revoltarmo-nos contra eles e so-
mos ainda os ultimos a combate-los. Não
posso deixar de acreditar que Deus nos con-


 
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