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Ha-Lapid הלפיד


N.º 034, Heshvan 5691 (Oct-Nov 1930)







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               HA-LAPID                   5
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Quando os Gregos os Romanos os subjugaram,
emitaram os seus primeiros perseguidores.

Nós vemos reinar desde há muito tempo em Es-
panha a mesma perseguição. Não é pois senão este
divino jacho esta nuvem celeste que os guia que se
deve atribuir a sua firmeza e a sua constância. Ilumi-
nados por estas divinas luzes êles persistem na lei de
Moises e esperam o termo das promessas que Deus
lhes fez, e que foram confirmadas pelos Profetas.

Eles estão certos de vêr o fim da sua dispersão e
de verem um dia todos reunidos na herdade de seus
pais; sabem que ai serão governados por um Rei
cheio de sabedoria e de justiça, que lá viverão numa
paz perfeita e que ai serão acumulados de tantos bens
e gosarão duma felicidade tam tranquila que esque-
cerão tudo o que tem sofrido; a esperança de vêr este
tempo afortunado assim como a infalibilidade das
promessas divinas os fortifica na sua religião apesar
da sedução.

Na verdade encontra-se quem não podendo re-
sistir aos tormentos declaram, para salvarem a vida,
que são cristãos, mas estes sentimentos não partem
do coração e não fazem nele impressão. Apenas são
postos em liberdade que eles saem dum estado onde
devem necessáriamente ofender Deus e vão procurar
um asilo no qual eles possam por um arrependimento
sincero merecer a misericordia de Deus e observar as
santas leis.

Provas tao evidentes devem convencer os mais
obstinados da verdade da Religião dos Judeus. Eis
aqui uma que não é menos eficaz.

Quando Fernando e Isabel, pelo funesto conselho
do Cardial Ximenes, obrigaram os judeus a sairem do
seu reino ou a batisarem, os que, por desgraça, to-
maram sempre no seu coração a lei de seus pais,
eles a ensinavam aos seus filhos e procuravam por
estes actos exteriores fletir a cólera de Deus.

As perseguições que se fizeram sempre desde a
sua conduta, os obrigaram a ocultarem-se de seus fi-
lhos os quais faziam educar na religião catolica até a
idade de vinte anos, depois do que os pais levavam
sem custo estes novos convertidos a fazerem-se cir-
cuncidar e a abraçarem a lei de Moisés. Não se vê,
nas outras religiões, revoluções tão prontas nos espí-
ritos e nos corações.

Servem-se de toda a especie de meios para obri-
garam os Calvísustas e Luteranos a fazerem-se cato-
licos, ainda que eles concordem entre si sobre o arti-
go messias.

Os mahometanos nunca poderam convencer nin-
guem da ortodoxia dos seus dogmas senão fazendo-
os optar entre a morte e o Alkoran.

Donde vem esta diferença tão consideravel entre
a Religião dos Judeus e a das outras, nações. E' que
Deus é o autor da primeira e que as outras são inven-
tadas pelos homens e feitas com tanta. confusão que
elas produziram varias seitas diferentes que impedem
os que as abraçaram de distinguir a que é a mais se-
gura e a mais capaz de os condudíz no caminho da
salvação. A libertinagem produziu outróra seitas en-
tre os judeus. Os saduceus, os fariseus e os caraitas
tinham opiniões diferentes sobre o cerimonial da lei e
sobre a imortalidade da alma. Mas eles tinham todos
a mesma fé sobre a unidade de Deus, eles observa-
vam os seus comandantes duma mesma maneira. Ha
muito tempo que todas estas seitas estão abolidas e
nós vemos, ha vários seculos, os israelitas errantes e
dispersos nos quatros cantos do mundo seguir esta
le da mesma maneira. O seu culto não é diferente,

 

eles fazem as mesmas orações. ninguem lhes pode
disputar a vantagem que eles teem sobre as outras
nações. Pelo que diz respeito aos seus sentimentos,
todas as pessoas sensatas concordarão que eles só po-
dem perseverar nisso constantemente, como fazem,
por uma providencia muito particular de Deus, que
quer convencer as outras nações qne apenas em tei-
vor do seu pôvo escolhido ele fez um milagre tão bri-
lhante.

O sábio Grotins no seu tratado sobre a religião
cristã não pôde negar esta verdade; e a perseverança,
diz ele, com a qual os judeus estão dispersos pelos 4
cantos do mundo e observam a lei de Deus, que rece-
beram de seus pais, remontando isso até Moisés que
a recebeu do Senhor, apizar da todos os oprobios
que sofreram e que ainda sofrem, devem convencer
todas as nações da verdade desta lei. Desde que o po-
der e a força faltaram às outras, todas elas foram
destruidas.

Ha muitas observações a fazer sobre estas pala-
vras. A primeira que e só pela força que, se estabele-
ram as outas religiões foram estabelecidas e que só o
poder e a força as fazem subsistir. Sem falar do Pga-
nismo, do Mahometismo e de outias religiões seme-
lhantes, reparemos no Cristianismo. Vé-se todos os
dias a metade dos cristãos armados para destruir a
outra, a menos que ela não adopte os seus sentimen-
tos. As perseguições, as violencias, as Dragonadas que
nós vimos empregar em França para destruir o Cal-
vinismo, não tendo produzido nenhum efeito as ra-
zõesldos míssionarios, tornam esta verdade incontes-
tavel.

As vantagens que o imperador Constantino lhes
concedeu sobre os pagãos, feriram os fundamentos da
sua idolatria, e a força contribuiu mais para a sua
conversão do que as razões que se lhes poderiam dar
para os convencer dos seus erros. Mahomet estabele-
ceu os seus dogmas extravagantes prlo ferro e pelo
fogo. Um exercito bem aguerrido introduziu o Alkoran
entre os barbaros, e este chefe de salteadores ainda se
faz reverenciar como um dos maiores Profetas na
maior parte do mundo; e como os cristãos se ufanam
de exterminar esta seita abominavel, os mossulanos
se ufanam da mesma forma em abolir o cristianismo
e de obrigar os cristãos a seguir o seu culto. Estas re-
ligiõcs são obra dos homens e por conseguinte expos-
tas a seguirem a vontade do mais forte.

Talvez algum conquistados, tera um dia vontade
de as destruir ambas e de estabelecer uma da sua
invenção.

Eis a diferença da religião dos israelitas, Deus
que é o autor dela e que a deu para perpetualidade, a
sustenta apezar dos oprobios, os tormentos e as per-
seguições continuas e gerais que afligem o seu povo.
A força dos potentados, que reinam sobre a terra não
poderia destrui-lo, e todas as razões de que se servem
os cristãos mais sabios para fazerem mudar os Israeli-
tas, não fazem a menor impressão sobre os seus espí.
ritos: Estes divinos fachos os iluminam sempre e os
impedem de se transviarem no seu caminho.

A maior parte das mudanças que os cristãos fize-
ram nos preceitos da lei antiga tiveram por objecto
facilitar o ali havia de incomodo substituindo-lhe por
meios que lisongeassem as paixões dos homens. O
sacrifício da circumcisão oferece á nossa vista um es-
pectaculo mortificante: quatro gotas de agua com que
se orvalha a creança nada tem de doloroso, nem de
desgostante, e é por uma politica tão artificiada que
muitas pessoas esqueceram que Deus tinha contratado


 
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