HA-LAPID 5 ============================================ Quando os Gregos os Romanos os subjugaram, emitaram os seus primeiros perseguidores. Nós vemos reinar desde há muito tempo em Es- panha a mesma perseguição. Não é pois senão este divino jacho esta nuvem celeste que os guia que se deve atribuir a sua firmeza e a sua constância. Ilumi- nados por estas divinas luzes êles persistem na lei de Moises e esperam o termo das promessas que Deus lhes fez, e que foram confirmadas pelos Profetas. Eles estão certos de vêr o fim da sua dispersão e de verem um dia todos reunidos na herdade de seus pais; sabem que ai serão governados por um Rei cheio de sabedoria e de justiça, que lá viverão numa paz perfeita e que ai serão acumulados de tantos bens e gosarão duma felicidade tam tranquila que esque- cerão tudo o que tem sofrido; a esperança de vêr este tempo afortunado assim como a infalibilidade das promessas divinas os fortifica na sua religião apesar da sedução. Na verdade encontra-se quem não podendo re- sistir aos tormentos declaram, para salvarem a vida, que são cristãos, mas estes sentimentos não partem do coração e não fazem nele impressão. Apenas são postos em liberdade que eles saem dum estado onde devem necessáriamente ofender Deus e vão procurar um asilo no qual eles possam por um arrependimento sincero merecer a misericordia de Deus e observar as santas leis. Provas tao evidentes devem convencer os mais obstinados da verdade da Religião dos Judeus. Eis aqui uma que não é menos eficaz. Quando Fernando e Isabel, pelo funesto conselho do Cardial Ximenes, obrigaram os judeus a sairem do seu reino ou a batisarem, os que, por desgraça, to- maram sempre no seu coração a lei de seus pais, eles a ensinavam aos seus filhos e procuravam por estes actos exteriores fletir a cólera de Deus. As perseguições que se fizeram sempre desde a sua conduta, os obrigaram a ocultarem-se de seus fi- lhos os quais faziam educar na religião catolica até a idade de vinte anos, depois do que os pais levavam sem custo estes novos convertidos a fazerem-se cir- cuncidar e a abraçarem a lei de Moisés. Não se vê, nas outras religiões, revoluções tão prontas nos espí- ritos e nos corações. Servem-se de toda a especie de meios para obri- garam os Calvísustas e Luteranos a fazerem-se cato- licos, ainda que eles concordem entre si sobre o arti- go messias. Os mahometanos nunca poderam convencer nin- guem da ortodoxia dos seus dogmas senão fazendo- os optar entre a morte e o Alkoran. Donde vem esta diferença tão consideravel entre a Religião dos Judeus e a das outras, nações. E' que Deus é o autor da primeira e que as outras são inven- tadas pelos homens e feitas com tanta. confusão que elas produziram varias seitas diferentes que impedem os que as abraçaram de distinguir a que é a mais se- gura e a mais capaz de os condudíz no caminho da salvação. A libertinagem produziu outróra seitas en- tre os judeus. Os saduceus, os fariseus e os caraitas tinham opiniões diferentes sobre o cerimonial da lei e sobre a imortalidade da alma. Mas eles tinham todos a mesma fé sobre a unidade de Deus, eles observa- vam os seus comandantes duma mesma maneira. Ha muito tempo que todas estas seitas estão abolidas e nós vemos, ha vários seculos, os israelitas errantes e dispersos nos quatros cantos do mundo seguir esta le da mesma maneira. O seu culto não é diferente, eles fazem as mesmas orações. ninguem lhes pode disputar a vantagem que eles teem sobre as outras nações. Pelo que diz respeito aos seus sentimentos, todas as pessoas sensatas concordarão que eles só po- dem perseverar nisso constantemente, como fazem, por uma providencia muito particular de Deus, que quer convencer as outras nações qne apenas em tei- vor do seu pôvo escolhido ele fez um milagre tão bri- lhante. O sábio Grotins no seu tratado sobre a religião cristã não pôde negar esta verdade; e a perseverança, diz ele, com a qual os judeus estão dispersos pelos 4 cantos do mundo e observam a lei de Deus, que rece- beram de seus pais, remontando isso até Moisés que a recebeu do Senhor, apizar da todos os oprobios que sofreram e que ainda sofrem, devem convencer todas as nações da verdade desta lei. Desde que o po- der e a força faltaram às outras, todas elas foram destruidas. Ha muitas observações a fazer sobre estas pala- vras. A primeira que e só pela força que, se estabele- ram as outas religiões foram estabelecidas e que só o poder e a força as fazem subsistir. Sem falar do Pga- nismo, do Mahometismo e de outias religiões seme- lhantes, reparemos no Cristianismo. Vé-se todos os dias a metade dos cristãos armados para destruir a outra, a menos que ela não adopte os seus sentimen- tos. As perseguições, as violencias, as Dragonadas que nós vimos empregar em França para destruir o Cal- vinismo, não tendo produzido nenhum efeito as ra- zõesldos míssionarios, tornam esta verdade incontes- tavel. As vantagens que o imperador Constantino lhes concedeu sobre os pagãos, feriram os fundamentos da sua idolatria, e a força contribuiu mais para a sua conversão do que as razões que se lhes poderiam dar para os convencer dos seus erros. Mahomet estabele- ceu os seus dogmas extravagantes prlo ferro e pelo fogo. Um exercito bem aguerrido introduziu o Alkoran entre os barbaros, e este chefe de salteadores ainda se faz reverenciar como um dos maiores Profetas na maior parte do mundo; e como os cristãos se ufanam de exterminar esta seita abominavel, os mossulanos se ufanam da mesma forma em abolir o cristianismo e de obrigar os cristãos a seguir o seu culto. Estas re- ligiõcs são obra dos homens e por conseguinte expos- tas a seguirem a vontade do mais forte. Talvez algum conquistados, tera um dia vontade de as destruir ambas e de estabelecer uma da sua invenção. Eis a diferença da religião dos israelitas, Deus que é o autor dela e que a deu para perpetualidade, a sustenta apezar dos oprobios, os tormentos e as per- seguições continuas e gerais que afligem o seu povo. A força dos potentados, que reinam sobre a terra não poderia destrui-lo, e todas as razões de que se servem os cristãos mais sabios para fazerem mudar os Israeli- tas, não fazem a menor impressão sobre os seus espí. ritos: Estes divinos fachos os iluminam sempre e os impedem de se transviarem no seu caminho. A maior parte das mudanças que os cristãos fize- ram nos preceitos da lei antiga tiveram por objecto facilitar o ali havia de incomodo substituindo-lhe por meios que lisongeassem as paixões dos homens. O sacrifício da circumcisão oferece á nossa vista um es- pectaculo mortificante: quatro gotas de agua com que se orvalha a creança nada tem de doloroso, nem de desgostante, e é por uma politica tão artificiada que muitas pessoas esqueceram que Deus tinha contratado
N.º 034, Heshvan 5691 (Oct-Nov 1930)
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