4 HA-LAPID =================================================== vina e que ele não pregue uma nova doutrina que derruba a que Deus deu e que por isso mesmo deve ser eterna. Não há nada mais fragil que o homem: ele dei- xa-se facilmente reduzir por os discursos estudados, por as provas exteriores duma devoção afectada. Para prevenir os males que tais homens possam trazer á sociedade civil, aquele, diz Deus pelo seu Profeta, que fôr assaz hardil para juntar em meu nome o que eu não lhe ordenei, será punido de morte, mesmo quando tudo o que ele disser seja conforme com a minha lei e meus estatutos. Porque tomar precauções gue parecem tam pouco necessárias, pois que este Profeta não prega senão a lei de Deus? porque cer- tamente ele quer introduzir alguma nova doutrina que astutamente envolve na verdade, e que espera, se o esccutam, destruir a verdadeira lei para assim fazer receber uma conforme as suas ideias e os seus desígnios particulares. Aconteceu muitas vezes que Deus para pôr á prova a seu povo se serviu destes impostores que nunca foram seguidos senão por creaturas duma vida desregrada, e que acreditam evitar a punição dos seus crimes abraçando novas opiniões. Os sinais que devem ter os verdadeiros Profetas que são inspirados por Deus são tam claramente anunciadas no texto sa- grado, que é impossível um engano. Maimonides (1) prova com tanta evidencia que os milagres não são suficientes para fazer reconhecer o Profecta, que eu julgo necessário citar palavra por palavra uma prova tam incontestavel. Israel, diz ele, nada crê nos milagres que os nos- sos mestres tem feito. Ele não liga fé ás provas que êles lhe tem dado, porque acreditou sempre que havia algum sortilégio ou qualquer aparencia enganosa cujo fim era de o surpreender, ao passo que os milagres de Moisés são feitas por oportunidade e por necessidade. Eram somente para provar a verdade da Profecia: como partia dum orgão divino, os israelitas conven- ciam-se mas sôbre a margem do Mar Vermelho em vista dum exército que reina lançar-se sôbre eles, era preciso salva-los do terror que lhes causavam os ini- migos formidaveis, e abriu-lhes uma passagem por meio das águas que êle separou e que em seguida pintou logo que os Egípcios entraram a fim de os absorver todos. Quando os Israelitas se encontraram atormentados pela série no deserto, o sábio conductor foi obrigado a partir o rochedo para déle fazer sair gua. Todos estes milagres não fazem o Profecta, foi a necessidade quo os produziu. O único milagre que pode provar a Profecia, é aquele o Senhor fez sobre o monte de Sinai, ele se manifestou aí ao seu povo, ele ai se fez ouvir por os estrondos do torvão e por tudo o que rova evidentemente a Divindade da Profecia. Com efeito esperar de todos os milagres brilhantes que Moisés fez no Egipto, pode-se ainda duvidar da verdade que êle anunciou aos Israelitas e era preciso ainda alguns milagres e algumas notas mais esclare- cedores da sua missão para não lhe deixar o menor escrupulo. Ora nada prova melhor a verdade dum feito que o depoimento das testemunhas que declaram todos duma mesma maneira e sem nenhuma áltera- ção. ao que viram. (1) Tratado da observação de Lei, cap. VIII. Quando Deus declarou as suas vontades, quando E'le pronunciou as suas santas leis sôbre o monta Si- nai com os prodigios assombiosos, os israelitas foram todos testemunhas a fim de que nenhum deles po- desse duvidar do milagre. Qual foi o efeito deste pro- digio? Eles receberam todos no mesmo instante esta lei e éstes mandamentos que devem servir-lhes de re- gra bem como á sua posterioridade, afim de merecer uma distinção tam fulgurante e tam singular á exclu- são de todas as outras nações. Eis o que fez a verdade do milagre e o que faz conhecer que o Profecta é inspirado de Deus. Nós vemos no exodo que quando Moisés foi di- zer a Pharao para deixar sair do seu reino os Israeli- tas afim de que êles fossem gozar a herança de seus pais, os milagres que ele fazia foram suficientes para convencer o Principe que era enviado de Deus; mas quando foi preciso separa-los das outras nações e dar-lhes uma lei e os preceitos a que deviam ficar su- jeitos para a perpetunipade, Deus veio Ele Proprio, anunciar-lhes o que devia ser a repreda sua vida, pa- ra lhes fazer conhecer e para melhor lhes provar no seu coração que nem o número nem a grandesa dos milagres os devem surpreender, e que se eles diferiam na menor circunstancia daqueles que Ele tinha feito dando-lhes a santa lei, a mais ligeira diferença os de- via convencer que os milagres e o Profecta que os fa- zia, não eram de missão devina. Há uma coisa bem notavel no texto sagrado, Deus fez valer ao seu povo escolhido muito tempo an- tes de o fazer saír do Egipto que lhe queria dar uma lei e os preceitos para os separar das outras nações. O primeiro sinal desta reparação foi a ordem que deu ao Patriarca Abraham de circuncidar seu filho Isaac e depois dele todos os seus descendentes para a perfetuidade. Não teria mantido senão José quando ele governava despoticamente no Egipto de corar to- dos os seus irmãos e toda a sua familia com tudo o que havia de mais distinto nêste Reino: não havia ao todo mais que setenta pessoas; ele nao sairia por muito tempo des'a mistura para fazer esquecer aos fí- lhos de Jacob o que Deus tinha ordenado a seus avós. Estariam todo idolatras em menos de um século, tan- to mais que a lei ainda não era dada: é pois evidente que Deus tinha feito conhecer a Joseph e a seus ir- mãos que eles deviam ser um dia separados das ou- tras nações, o que devia convencer todo o mundo qual os milagres não são a hora fundamental da nos- sa lei. CAPITULO VII "Deus conduziu os israelitas no seu captiveiro com os mosmos sinais de que se serviu para os con- duzir no deserto". Os sinais que serviram de guia aos Israelitas para os impedir de se enganar no deserto ficaram perma- nentes se bem que não fossem mais vistos. Os tor- mentos, os opróbrios, a perseguição e a miséria que os Jndeus tem sofrido desde o primeiro captiveiro são as instruções que lhes fazem evitar os perigos que encontram a todo o momento para os desviar do cul- to da sua religião. No seu primoiro captiveiro os Babilónios trata- ram-os com maior ferocidade do que os leões e as panteras tratam os viandantes que caem desgraçada- mente em seu poder.
N.º 034, Heshvan 5691 (Oct-Nov 1930)
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