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Ha-Lapid הלפיד


N.º 034, Heshvan 5691 (Oct-Nov 1930)







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 4              HA-LAPID
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vina e que ele não pregue uma nova doutrina que
derruba a que Deus deu e que por isso mesmo deve
ser eterna.

Não há nada mais fragil que o homem: ele dei-
xa-se facilmente reduzir por os discursos estudados,
por as provas exteriores duma devoção afectada. Para
prevenir os males que tais homens possam trazer á
sociedade civil, aquele, diz Deus pelo seu Profeta,
que fôr assaz hardil para juntar em meu nome o que
eu não lhe ordenei, será punido de morte, mesmo
quando tudo o que ele disser seja conforme com a
minha lei e meus estatutos. Porque tomar precauções
gue parecem tam pouco necessárias, pois que este
Profeta não prega senão a lei de Deus? porque cer-
tamente ele quer introduzir alguma nova doutrina
que astutamente envolve na verdade, e que espera,
se o esccutam, destruir a verdadeira lei para assim
fazer receber uma conforme as suas ideias e os seus
desígnios particulares.

Aconteceu muitas vezes que Deus para pôr á
prova a seu povo se serviu destes impostores que
nunca foram seguidos senão por creaturas duma vida
desregrada, e que acreditam evitar a punição dos
seus crimes abraçando novas opiniões. Os sinais que
devem ter os verdadeiros Profetas que são inspirados
por Deus são tam claramente anunciadas no texto sa-
grado, que é impossível um engano.

Maimonides (1) prova com tanta evidencia que
os milagres não são suficientes para fazer reconhecer
o Profecta, que eu julgo necessário citar palavra por
palavra uma prova tam incontestavel.

Israel, diz ele, nada crê nos milagres que os nos-
sos mestres tem feito.

Ele não liga fé ás provas que êles lhe tem dado,
porque acreditou sempre que havia algum sortilégio
ou qualquer aparencia enganosa cujo fim era de o
surpreender, ao passo que os milagres de Moisés são
feitas por oportunidade e por necessidade.

Eram somente para provar a verdade da Profecia:
como partia dum orgão divino, os israelitas conven-
ciam-se mas sôbre a margem do Mar Vermelho em
vista dum exército que reina lançar-se sôbre eles, era
preciso salva-los do terror que lhes causavam os ini-
migos formidaveis, e abriu-lhes uma passagem por
meio das águas que êle separou e que em seguida
pintou logo que os Egípcios entraram a fim de os
absorver todos. Quando os Israelitas se encontraram
atormentados pela série no deserto, o sábio conductor
foi obrigado a partir o rochedo para déle fazer sair
gua.

Todos estes milagres não fazem o Profecta, foi a
necessidade quo os produziu. O único milagre que
pode provar a Profecia, é aquele o Senhor fez sobre o
monte de Sinai, ele se manifestou aí ao seu povo, ele
ai se fez ouvir por os estrondos do torvão e por tudo
o que rova evidentemente a Divindade da Profecia.
Com efeito esperar de todos os milagres brilhantes
que Moisés fez no Egipto, pode-se ainda duvidar da
verdade que êle anunciou aos Israelitas e era preciso
ainda alguns milagres e algumas notas mais esclare-
cedores da sua missão para não lhe deixar o menor
escrupulo. Ora nada prova melhor a verdade dum
feito que o depoimento das testemunhas que declaram
todos duma mesma maneira e sem nenhuma áltera-
ção. ao que viram.

(1) Tratado da observação de Lei, cap. VIII.

Quando Deus declarou as suas vontades, quando
E'le pronunciou as suas santas leis sôbre o monta Si-
nai com os prodigios assombiosos, os israelitas foram
todos testemunhas a fim de que nenhum deles po-
desse duvidar do milagre. Qual foi o efeito deste pro-
digio? Eles receberam todos no mesmo instante esta
lei e éstes mandamentos que devem servir-lhes de re-
gra bem como á sua posterioridade, afim de merecer
uma distinção tam fulgurante e tam singular á exclu-
são de todas as outras nações.

Eis o que fez a verdade do milagre e o que faz
conhecer que o Profecta é inspirado de Deus.

Nós vemos no exodo que quando Moisés foi di-
zer a Pharao para deixar sair do seu reino os Israeli-
tas afim de que êles fossem gozar a herança de seus
pais, os milagres que ele fazia foram suficientes para
convencer o Principe que era enviado de Deus; mas
quando foi preciso separa-los das outras nações e
dar-lhes uma lei e os preceitos a que deviam ficar su-
jeitos para a perpetunipade, Deus veio Ele Proprio,
anunciar-lhes o que devia ser a repreda sua vida, pa-
ra lhes fazer conhecer e para melhor lhes provar no
seu coração que nem o número nem a grandesa dos
milagres os devem surpreender, e que se eles diferiam
na menor circunstancia daqueles que Ele tinha feito
dando-lhes a santa lei, a mais ligeira diferença os de-
via convencer que os milagres e o Profecta que os fa-
zia, não eram de missão devina.

Há uma coisa bem notavel no texto sagrado,
Deus fez valer ao seu povo escolhido muito tempo an-
tes de o fazer saír do Egipto que lhe queria dar uma
lei e os preceitos para os separar das outras nações.

O primeiro sinal desta reparação foi a ordem que
deu ao Patriarca Abraham de circuncidar seu filho
Isaac e depois dele todos os seus descendentes para a
perfetuidade. Não teria mantido senão José quando
ele governava despoticamente no Egipto de corar to-
dos os seus irmãos e toda a sua familia com tudo o
que havia de mais distinto nêste Reino: não havia ao
todo mais que setenta pessoas; ele nao sairia por
muito tempo des'a mistura para fazer esquecer aos fí-
lhos de Jacob o que Deus tinha ordenado a seus avós.
Estariam todo idolatras em menos de um século, tan-
to mais que a lei ainda não era dada: é pois evidente
que Deus tinha feito conhecer a Joseph e a seus ir-
mãos que eles deviam ser um dia separados das ou-
tras nações, o que devia convencer todo o mundo
qual os milagres não são a hora fundamental da nos-
sa lei.

               CAPITULO VII

"Deus conduziu os israelitas no seu captiveiro
com os mosmos sinais de que se serviu para os con-
duzir no deserto".

Os sinais que serviram de guia aos Israelitas para
os impedir de se enganar no deserto ficaram perma-
nentes se bem que não fossem mais vistos. Os tor-
mentos, os opróbrios, a perseguição e a miséria que
os Jndeus tem sofrido desde o primeiro captiveiro são
as instruções que lhes fazem evitar os perigos que
encontram a todo o momento para os desviar do cul-
to da sua religião.

No seu primoiro captiveiro os Babilónios trata-
ram-os com maior ferocidade do que os leões e as
panteras tratam os viandantes que caem desgraçada-
mente em seu poder.


 
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