2 HA-LAPÍD =========================================== A Inglaterra e o Lar Nacional judaico Ha 13 anos o Governo brítaníco pro- meteu aos nacionalistas judeus (Sionistas) favorecer o estabelecimento na Palestina do Lar Nacional Judaico. Desde 1915 que os chefes sionistas, Weizmaun e Sokolov tinham conferencias com os governos aliados. O Governo fran- cês mostrou-se favoravel mas não quiz to- mar compromisso algum. Quando o Go- verno inglês, depois do cheque sofrido em Galipoli, preparou a campanha da Pa- lestina para melhorar as condições do Ca- nal de Suez, compreendeu o valor que o Sionismo possuia. Então foi publicada a celebre Declara- ção Balfour, depois de estudada pela In- glaterra e Estados Unidos. Muitos judeus trabalharam activamente pela causa dos aliados. Depois da guerra, em 1920. quando os diplomatas aliados se reuniram em San Remo para regular a sorte do Imperio Turco, a Declaração Balfour foi retomada e aceite ao mesmo tempo que o mandato sobre a Palestina era entregue á Grà Bre- tanha. Ela foi tambem incorporada na Carta do mandato palestiniano, aprovada pelo Conselho da Sociedade das Nações. Ela constitue hoje um acto de direito in- ternacional. No dia 20 de Outubro o Governo tra- balhista britanico publicou um Livro Branco onde definisse a sua maneira de encarar o problema palestiniano sofis- mando os termos da Declaração Balfourr em prejuizo dos judeus. A publicação deste Livro Branco, a que os judeus chamam Livro Negro, cau- sou enorme emoção. Os sionistas protes- taram, e os judeus não-sionistas protesta- ram tambem. Os proprios inglêses, que teem em boa conta a honra britanica, quer liberais, quer conservadores, se le- vantaram vigorosamente contra tal políti- ca do Governo trabalhista. Em Cambridge, no dia 24 de Outubro passado o ex-chefe de Govêrno inglês Lloyd George, fez as seguintes declara- ções: -Desejo aproveitar esta primeira oca- sião que se me apresenta para me asso- ciar inteiramente ao protesto firmado por Baldwin, Chamberlain e Amery contra a declaração da politica sobre a Palestina publicada pelo Colonial Ofice. Em certo momento da guerra estava- mos anciosos por assegurar a simpatia da comunidade hebraica nos varios paises do mundo pela causa dos aliados. A Declara- ção Balfour foi um gesto feito não so- mente em nosso nome, mas em nome dos aliados com o fim de procurar um forte apoio. A declaração foi preparada com muita consideração, não só da sua poli- tica, mas tambem das palavras que devia conter pelos representantes de todos os paises aliados e associados, incluindo a America e os nossos Dominios. Ora, sem consultar os Estados Unidos, a França, a Belgica e os nossos Dominios o Governo inglês publicou esta declaração que 6 na sua substancia uma revogação duma boa parte de um compromisso so- lene tomado num momento muito solene. Não reconciliaremos os arabes e afas- taremos de nós uma raça ainda mais po- derosa e o que ainda é peor a honra bri- tanica será atingida. Seremos considerados atravez o mundo como perfida Albíon. Posso compreender que se queira renun- ciar á Palestina e que se sustente tal po- litica, mas a maioria dos cidadãos deste país não são renunciatarios nem na In- dia, nem na Palestina e querem fazer frente ás responsabilidades e compromis- sos do Imperio em ambos os paises Es- pero vivamente que o Governo reconsi- derará. Dificilmente posso pensar que o Governo tivesse considerado todos os as- pectos do Problema. Sou completamente favoravel a tratar as duas raças numa base de egualdade mas na politica adotada pelos aliados não está compreendida nenhuma injustiça para com os arabes. Não se trata de expropriar os arabes, nenhum arabe foi ainda expropriado, mas sem duvida, os judeus não podem ser ex- cluidos de colonisação da terra dos seus avós. Não devemos esquecer que a gloria da Palestina é hebraica e que porisso esta raça tem um especial interesse em desen-
N.º 035, Kieslev 5691 (Nov-Dez 1930)
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